Hoje tem debate sobre conflito agrário na Faculdade Católica: saiba quem é Pimenta de Rondônia

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PORTO VELHO- Hoje, segunda-feira, às 19h ocorre debate eleitoral na Faculdade Católica, organizado pela Comissão de Justiça e Paz, que tem na questão agrária e das migrações seu principal foco. Será transmitido pelas Rádio Caiari e pela Rádio FM 95,1. Muita gente não sabe, mas Pimenta de Rondônia que vai ao debate, tem estreita ligação com as questões agrárias. Remonta mais de uma década de lutas em favor do povo pobre e sem terra.

“Se não fosse ele, hoje nós não tava aqui não”, disse dona Maria. O ano era 2003, 72 famílias em União Bandeirantes, entre a polícia e pistoleiros, lembraram de um homem e sua esposa que haviam atolado o carro quando ali tinham passado. “Ele disse que se a gente precisasse de algo, era para entrar em contato”.

Rondônia é um estado peculiar, o eldorado brasileiro, famílias vieram para cá a partir dos anos 1970 em busca de terras férteis, de melhores condições de vida para seus filhos. E hoje não é diferente. As pessoas querem melhores condições, saneamento básico, água de qualidade, esgoto tratado, saúde e educação. Questões de responsabilidade do poder público.

Pimenta de Rondônia esteve em União Bandeirantes nesse domingo, 23, caminhando e conversando com as pessoas. O desencantamento com a política e os políticos é evidente. Das famílias que correram risco de morte e 64 foram assentadas por sua ação, algumas permanecem na região. Uma delas é a de dona Maria e de seu José.
“Fomos despejados daqui, Porcão (uma das lideranças) foi atrás do Pimenta. Pimenta chegou junto ao pessoal já dizendo que era o responsável por eles. O que o Pimenta fez por nós não há dinheiro que pague. Ele acompanhou a gente em tudo”. Maria Batista Correa tem hoje 61 anos, três filhos e oito netos. E sabe que foi pela ação de Pimenta de Rondônia que teve condições de dar qualidade de vida à sua família.

Pimenta chegou ao acampamento e começou a estruturar maneiras das famílias serem assistidas pelo poder público, e protegidas dos pistoleiros que queriam expulsá-las. O conflito agrário em Rondônia 15 anos depois continua causando mortes, em 2017 foram 17, no ano anterior 20 pessoas assassinadas. Além da fome, ali poderia haver sido uma tragédia. “Quando chegou, logo formou a associação de moradores”, diz José Batista Correa.

“Rapaz, para mim aqui foi um começo de vida. A gente tava em busca de uma terra para trabalhar, chegamos aqui e gostamos muito. E foi o mais dolorido. Lutamos por este local, foi muito difícil. Graças a Deus estamos aqui”, diz seu José. Seu filho o interrompe: “Graças ao Pimenta”. Jocélio Batista Correa tinha 23 anos quando finalmente seus pais foram assentados: “Ele foi quem praticamente conseguiu as coisas para nós. Se não fosse Pimenta, nós não tava aqui não”, repete as palavras de sua mãe.
Foram longos anos de luta, com a ajuda de sua esposa, a advogada e então vereadora Ruth Morimoto, de ae advogados e ativistas sociais, Pimenta de Rondônia conseguiu efetivar o assentamento das famílias, que por terem terra para produzir, dispensaram o recebimento da cesta básica que seria dada pelo INCRA.

Ao encontrar Turbinado, hoje um senhor de 78 anos, outro dos assentados, Pimenta explica o porquê de se candidatar a governador: “Me candidatei nas eleições passadas, em quatro anos nada mudou para melhor neste estado, então, estou me colocando à disposição das pessoas para atuar pelo bem social”. Seu amigo lhe responde: “Você quando quer, vai lá e faz. Mais do que você fez por nós aqui? Você é um cara que quando quer fazer, faz. Boca mais difícil que você enfrentou aqui, não há. Então, estamos aí por você”. E continua: “Cada vez que olho esses ônibus puxando crianças para a escola, me lembro de ti. Hoje tem uma frota puxando as crianças. Quem trouxe isso foi você”, completa Jeová de Melo Filho.

Pimenta de Rondônia é apresentado aos rondonienses como um homem de temperamento exaltado e forte, muitas vezes de forma folclórica. O que a mídia e os rondonienses parecem não ter clareza é que este temperamento vem de sua preocupação com o social, em não aceitar injustiças e a desigualdade social. Pimenta de Rondônia é um homem de luta, de confronto ao que não está correto, à falta de qualidade de vida para os filhos e filhas de uma terra sentida como esperança por tantos migrantes. A indignação de Pimenta é a sua, a minha, a de todos que não concordam com corrupção, com sonegação, com ricos cada vez mais ricos, pobres cada vez mais pobres, com falta de oportunidades e com indiferença social.