Com gritos de “Queremos professor e não televisor”, o Grito da Terra, movimento dos agricultores e agricultoras familiares, de todo Estado de Rondônia, estão protestando em frente do Palácio Rio Madeira contra a “mediação tecnológica”, que é o ensino à distância nas escolas rurais, através de um televisor.
O que é a mediação tecnológica
Mediação tecnológica são aulas ao vivo e com participação direta de alunos para o ensino a distância (EaD), de acordo com a Seduc.
“O início do funcionamento do Ensino Médio com mediação tecnológica é um sonho, mas nada seria possível sem a determinação e a prioridade dada pelo governador Confúcio Moura à educação”, comentou Fátima Gavioli, secretária de Educação.
A tela exibe os itens das primeiras lições, entre os quais, classes de palavras, linguagem verbal e não verbal, variação, acentuação gráfica e aspectos fonográficos. Em linguagem simples, Pura e Luciana começam a explicar os temas por unidades. A quinta unidade aborda a sintaxe [parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si].
INVESTIMENTOS
Segundo a secretária Gavioli, o investimento soma R$ 17,5 milhões divididos em três fases. Em 2016 serão aplicados R$ 3 milhões; em 2017, R$ 5,6 milhões; e em 2018, na conclusão do projeto, R$ 8,8 milhões.
O custo do projeto do Ensino Médio com Mediação Tecnológica em Rondônia baixou para a metade do previsto em 2013, informou em setembro do ano passado o diretor-executivo da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Flávio Cioffi. A aquisição de kits computadores, nobreaks, impressoras, telefone IP totalizaria R$ 30 milhões e baixou praticamente à metade.
Aulas a distância são ministradas por professores selecionados em comum acordo entre gestores e coordenadores regionais de educação.
Da população de 1,76 milhão de habitantes distribuídos por 237,5 mil quilômetros quadrados, 9,2% ainda são analfabetos.
A Seduc enviou técnicos em educação a Manaus, para conhecerem a Central de Mídias da Educação na secretaria de educação amazonense. Na Amazônia Ocidental
PROFESSOR ASSISTENTE É O FILTRO
O diretor-geral substituto do Ifro, Gilberto Laske, a secretária executiva Adriana Pacheco e o professor Adriano Dantas apresentaram os estúdios, cujas operações são de responsabilidade da funcionária Ariádne Joseane Felix Quintela e da equipe da empresa HR Digital, que se reveza diariamente, das 8h30 às 23h, supervisionada por Silvano Marques.
No estúdio switcher, onde se faz o corte mestre, a edição ao vivo permite anotações das dúvidas dos alunos. A chefe do Departamento de Produção de Educação a Distância, Ariadne Joseane Félix Quintela, lembra que, dos oito campus do Ifro, o da zona norte é o único voltado para o EaD.
A boa notícia é que o professor não será substituído pelo computador. O professor consegue acompanhar melhor o desempenho dos alunos, envolvendo-se com atividades próprias dos cursos, fóruns de discussão, testes online e atividades extras.
“Tudo isso é maior que nos cursos presenciais”, lembra o diretor Gilberto Laske. “Trabalhando em áreas isoladas, o professor assistente repassa e esclarece o conteúdo. Ele é o filtro que permite ao aluno receber a resposta na mesma hora”, explica.
Para o professor de novas tecnologias do curso de televisão da Universidade de São Paulo (USP), José Manuel Moran, no EAD esse professor pode passar informações complementares para determinados alunos, adaptando a sua aula para o ritmo de cada um. Ao mesmo tempo, pode procurar ajuda em outros colegas, a cada problema surgido. “O processo de ensino-aprendizagem ganha dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados”, assinala.
800 HORAS/AULA POR ANO
O desânimo até então manifestado por associações de moradores em reservas extrativistas, organizações não governamentais com atuação em áreas indígenas, quilombolas, assentamentos rurais e margens de rios será substituído pela carga horária de 800 horas/aula por ano, com permanente interação entre professores e alunos.
Alunos de áreas isoladas que não têm condições de prosseguir os estudos se beneficiarão do projeto. Quase a totalidade dessa clientela teria que viajar de canoa, barco ou avião, se quisesse estudar nas cidades.
Receptor de satélite, roteador, webcam [câmara para videoconferência] com microfone embutido, antena, TV, estabilizador e impressora compõem o rol de equipamentos das salas de aula.
A Seduc espera reduzir a evasão escolar no estado, a exemplo do que ocorre no Amazonas. A evasão imediata em Rondônia cresce e preocupa desde 2012.
Saiba mais:
Professores são treinados para mediação tecnológica
Com informações do Portal do Governo de Rondônia
Fotos: Secom e Itamar Ferreira CUT