Governador do CE diz que vai se empenhar para que assassinos da travesti Dandara não fiquem impunes

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Por Neto Lucon

O governador do Ceará, Camilo Santana emitiu uma nota por meio do seu Facebook falando sobre o caso da travesti Dandara dos Santos, 42 anos, que foi assassinada com chutes, pauladas e socos no dia 15 de fevereiro no fim da linha do Bom Jardim, em Fortaleza, Ceará.

O caso veio à tona porque um vídeo das agressões vazou na internet nesta sexta-feira (3). No texto, ele escreveu: “Todo e qualquer ato que atente contra a vida tem o meu mais profundo repúdio”, salientando que tem tentado combater a violência no Ceará. “Nossa meta é reduzir, cada vez mais, os crimes contra a vida”.

Sobre o caso, o qual ele chama de “repugnante e inaceitável” contra Dandara, ele afirma que determinou ao Secretário de Segurança total empenho no sentido de identificar e punir cada um dos criminosos. “Tenham certeza de que eles não ficarão impunes. Não iremos tolerar esse tipo de violência”.

Camilo também disse que agendou uma reunião na terça-feira entre a SSPDS e a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para LGBT do Estado do Ceará. “Para que se faça um plano de proteção para as minorias, assim como tem sido desenvolvido em relação às mulheres. No ensejo, presto minha solidariedade à família e amigos de Dandara”.

A nota foi emita após várias militantes travestis e transexuais e aliados enviarem mensagens de repúdio ao crime na página do governador, como a cearense Bruna Benevides. “Foi uma iniciativa minha ao post, que fiz chamando e mobilizando as pessoas enquanto secretaria de articulação política da ANTRA, que fez as outras pessoas se movimentarem e irem lá”. E também Alicia Pietá, Aleikasandria BarrosGermanno Santos, Thina RodriguesSilvero Pereira, dentre outros.

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ SE MANIFESTA

A Defensoria Pública do Estado do Ceará também emitiu uma nota repudiando as ações de “transfobia que ocorreram em Fortaleza, incluindo a divulgação das imagens destes crimes pelas redes sociais”.

Por meio do seu Núcleo de Direitos Humanos, ela vai realizar uma audiência pública sobre a questão para propor ações preventiva e apuração rigorosa de qualquer atitude discriminatória e criminosa.

“A Defensoria informa ainda que qualquer pessoa que se sinta discriminada ou lesada de alguma forma pode buscar assistência do órgão, por meio do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas. O atendimento é realizado diariamente, de maneira sigilosa, por um defensor público, que fará orientação jurídica, indicando todas as possibilidades e encaminhamentos pertinentes ao caso”.

TRANSFOBIA MATA

Dandara foi brutalmente assassinada no dia 15 de fevereiro. No vídeo, um filma enquanto os outros agridem com pedaços de pau, chutes, chinelo e socos e pedem para ela subir em uma carriola.

Ela é chamada de “viado sem peito”, “imundiça” de calcinha e tudo” e é constantemente agredida.

Ao ser colocada em cima da carriola, elas continuam com a violência. Dandara apresentava sinais de agressão na cabeça e por todo o corpo. A pessoa que filma diz em tom de deboche: “Eles vão matar o viado”.

Trechos do vídeo da agressão

MÍDIA

No dia do assassinato, a mídia local noticiou o crime de maneira transfóbica, chegando a chamá-la de traveco. Na internet, 18 dias depois, não havia nenhuma informação, apenas uma postagem de uma amiga de Dandara, registrada pela Rede Trans.

Na sexta-feira (3), após a divulgação do vídeo do crime, integrantes travestis e transexuais da comunidade Mundo T-Girl pediram para que o NLUCONapurasse. E em conversa com o NLUCON, o inspetor Damasceno do 32º DP, afirmou que os seis acusados já foram identificados.

+ Após vídeo vazar, polícia identifica acusados de matar travesti Dandara dos Santos em Fortaleza

“Esse vídeo também está circulando entre os policiais. São dois maiores de idade e quatro menores. Fomos no dia seguinte na casa deles, mas eles fugiram. O inquérito já está sendo bem apurado e estamos indo atrás”, declarou ele. Foi a primeira nota a ser publicada na internet e de maneira respeitosa.

Notícia de Dandara 18 dias após seu assassinato

Neste sábado (4) o caso ganhou grande repercussão, sendo capa do jornal O Povo e autoridades se manifestaram contra a transfobia sofrida pela travesti. Mas até o momento nenhum dos envolvidos foram presos. Esperamos que a justiça seja feita.