Gleisi: Lava Jato tem passado dos limites, ‘Estão impondo políticos a crimes que não cometeram’

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maxrA senadora Gleisi Hoffmann cobrou, em Guarapuava, medidas do Senado Federal para o arquivamento do processo de impeachment que envolve a presidente afastada Dilma Roussef.

Em entrevista concedida à RedeSul de Notícias, durante café da manhã neste sábado (16), a senadora fez referência ao pedido feito pelo Ministério Público Federal para que a investigação contra Dilma nas chamadas “pedaladas fiscais” seja arquivada. “Essa decisão confirmou o que vínhamos dizendo que o Governo atrasou o repasse aos bancos, não se tratando de uma operação de crédito. Nunca houve ilegalidade”.
Em despacho enviado à Justiça, o procurador da República Ivan Cláudio Marx disse ter analisado atrasos da União no repasse de verbas em seis casos e a conclusão é de não ter havido operações de crédito sem autorização legislativa.

Anteriormente, o Tribunal de Contas da União (TCU) havia apontado essa infração criminal, mas, para o procurador do MPF, não houve crime.
Gleisi disse que nas próximas semanas o grupo de defesa da ex-presidente no Senado encaminhará três requerimentos pedindo a retirada do processo e o consequente arquivamento. “O Senado não deve dar sequência e o TCU [Tribunal de Contas da União], que reprovou as contas da Dilma com base nas pedaladas fiscais, deve uma explicação para a sociedade. O Supremo [Tribunal Federal] tem que se manifestar, pois temos uma situação gravíssima de conteúdo”.

De acordo com a senadora, o país vive uma situação de golpe parlamentar contra uma presidente eleita pelo povo. “Por que a grande mídia calou-se quando a comunidade internacional, a imprensa internacional deixam muito claro que vivemos uma situação de golpe”?

“SURREAL”
A senadora Gleisi Hoffmann disse que a prisão preventiva do seu esposo, o ex-ministro Paulo Bernardo, suspeito de envolvimento na Operação Custo Brasil, um desdobramento da Operação Lava Jato, foi uma situação “surreal, inimaginável”.

Segundo Gleisi, o processo tinha sido aberto há mais de um ano e Paulo Bernardo tinha pedido três vezes para prestar depoimento no inquérito. “Pedir a prisão preventiva de alguém num processo que dura mais de um ano é sem cabimento. O Paulo Bernardo está aposentado, em casa, me ajudando a cuidar da família”– o casal tem dois filhos. Segundo a senadora, o ex-ministro nunca tentou obstruir as investigações, não tentou intimidar testemunhas e nem praticou qualquer outro ato que justificasse a prisão preventiva. “Foi uma prisão ilegal, uma violência à nossa família, pois chegaram armados, com helicóptero, reviraram, queriam dinheiro. Tudo isso na frente dos nossos filhos”.

Gleisi disse que os bens que construíram ao longo da vida são declarados no Imposto de Renda e são compatíveis com seus rendimentos.
Para a senadora a investigação da Lava Jato tem passado dos limites. “Estão impondo a determinadas pessoas e políticos crimes que não se configuram como é o caso da doação de campanha”.

MEA CULPA
A senadora disse que errou ao pedir doações financeiras para a sua campanha. “Procurei empreiteiras, bancos e se cometi algum erro, foi esse. Fui atrás, me relacionei com essas pessoas, mas nunca pedi dinheiro em benefício próprio”.

Gleisi disse que o “erro” serviu como ensinamento para mudar essa prática. “Já estamos mudando. Nossas campanhas serão em cima do debate político”.

A “mea culpa” estende-se também à presidente afastada Dilma Roussef. “A presidente errou na economia, na condição política e precisa fazer essa auto avaliação”, sugere.
(Guarapuavanonoticias)