Fiocruz prevê entrega de 210 milhões de vacinas, mas adverte: ‘Vai faltar’

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A expectativa é que apenas em 2022 o Brasil tenha doses suficientes para cumprir o calendário de imunização contra a covid-19 Imagem: Marcelo Justo/UOL

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pretende entregar ao governo brasileiro 210,4 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford, contra a covid-19, em 2021, mas o montante, somado a outras vacinas disponíveis no país, ainda não deve ser suficiente para imunizar toda a população brasileira ainda este ano.

“Não tem vacina no mundo para todo mundo, vai faltar vacina”, diz Maurício Zuma, diretor de Bio-Manguinhos, que é a unidade técnico-científica da Fiocruz.

Ele acredita que a vacinação contra a covid-19 só vai se encerrar em 2022, apesar de todos os esforços do instituto para disponibilizar o imunizante o quanto antes.

Um total de 210,4 milhões de doses da vacina contra a covid-19 serão entregues pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em 2021, mas o número de imunizantes, somado a de outras disponíveis no país, não será suficiente para proteger toda a população ainda neste ano. A avaliação foi feita por Maurício Zuma, diretor da Bio-Manguinhos, unidade técnico-científica da Fiocruz.

“Não tem vacina no mundo para todo mundo, vai faltar vacina”, declarou Zuma em entrevista ao Valor Econômico. Para ele, apenas em 2022 que o Brasil vai conseguir encerrar a imunização contra o coronavírus, mesmo com todos os esforços que o instituto tem realizado para fabricar e disponibilizar a vacina.

Mais de 100 milhões de doses produzidas a partir do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) importado da China serão entregues ainda neste ano, segundo a previsão da Fiocruz. A segunda parcela das doses, que soma 110 milhões, virá de insumos produzidos no país a partir do acordo feito com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca.

Reunião com a Anvisa e pedido de registro definitivo da vacina

Técnicos da Bio-Manguinhos se reunirão com a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) para tratar sobre a entrega de um lote final de documentos. A previsão é que na próxima semana os papéis sejam enviados, junto com o pedido para o registro definitivo da vacina da Fiocruz.

O uso emergencial da vacina da AstraZeneca/Oxford, produzida pela Serum Institute of India, e a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, foram aprovadas no último domingo (17).

Das doses produzidas pela AstraZeneca/Oxford, 2 milhões seriam importados da índia, mas a negativa do governo indiano para liberação do material atrasou o envio.

Já a CoronaVac, produzida em solo nacional, já foi distribuída para os estados e até a manhã de hoje, imunizou mais de 29 mil pessoas apenas em São Paulo, segundo informações do “vacinômetro”, disponíveis no site do governo estadual.

Incêndio atinge o Instituto Serum

Na manhã de hoje, um incêndio atingiu o Instituto Serum, responsável pela produção da vacina contra a covid-19 em parceria com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford. As vacinas não foram atingidas.

Cinco pessoas que trabalhavam no local morreram e as causas do incêndio ainda não foram apuradas, mas o prefeito de Adar Poonawalla, Murlidhar Mohol, onde fica a base do Instituto, alegou que pode ser relacionado à soldagem da área em construção da nova fábrica.

Fonte: UOL