Fapero e instituição federal concluem pesquisa sobre criação de peixes em tanques-rede no Lago do Cujubim Grande

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O Governo de Rondônia, por meio da Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas (Fapero), em parceria com a Universidade Federal de Rondônia (Unir) concluiu a pesquisa de viabilidade de produção de peixe em tanque-rede no Lago Cujubim Grande em Porto Velho.

O projeto custou R$ 100 mil ao Estado, foi financiado com recursos da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), teve a duração de dois anos e traz esse modo de produção como alternativa para o melhoramento da piscicultura na região.

O resultado final da pesquisa realizada, por intermédio da chamada pública do Programa de Apoio à Pesquisa Tecnológica em Piscicultura (PAP-INTEC/PISCICULTURA) coordenado pela Fapero, com recursos da Seagri e executada pelo professor doutor em Engenharia de Pesca da Unir, Raniere Garcez Costa Sousa, foi entregue ao presidente da Fapero, Leandro Soares Moreira Dill. “Essa pesquisa traz muitas respostas e demonstra um grande avanço ao setor de piscicultura ao identificar a viabilidade desse tipo de produção e tirar uma grande dúvida que os produtores tinham sobre esse assunto, ou seja, saber se a produção de pescado era viável no Lago Cujubim Grande, tendo em vista que esse tipo de produção não acontece em lagos, somente em rios do Estado”, ressalta o presidente.

“A criação de peixes em cativeiro é uma prática muito rentável, além disso é uma ótima alternativa para a manutenção e preservação dos estoques de peixes de ambientes naturais, onde a pressão da pesca é diminuída. Nesse sentido e visando estudar a viabilidade do uso de áreas naturais para a criação de peixes nativos em tanques-rede, o projeto de pesquisa, que teve a duração de 24 meses, realizou um reconhecimento de campo ao longo do Lago do Cujubim Grande, entre os anos de 2019 e 2020″, explicou o coordenador da pesquisa, Raniere Garcez.

METODOLOGIA

Para chegar ao resultado final foram realizadas 12 excursões experimentais, registradas, por meio de vídeos e fotografias, com uma equipe composta por 25 pessoas, entre professores e alunos de graduação e mestrado da Unir, dos campi de Porto Velho e Presidente Médici. Durante as viagens foram realizadas coletas de peixes, fitoplânctons e amostras de água, considerando os períodos de seca e cheia no período de pesquisa. Ao mesmo tempo foi realizada a batimetria do fundo do lago, seguido da avaliação dos parâmetros físico-químico do ambiente.

RESULTADO 

No final das atividades de campo, foram contabilizados 2.508 peixes pertencentes a 92 espécies, distribuídas em cinco ordens, sendo elas Characiformes, Clupeiformes, Siluriformes, Perciformes e Pleuronectiformes. A batimetria revelou que o lago Cujubim tem fundo sedimentar com formato côncavo e profundidade média de 3,7 metros na época da cheia e 2,69 metros na seca, possui uma área de 522 hectares e volume médio total de 16.677.900 m³(metros cúbicos). A velocidade da água média do lago foi de 0,3 m/s-1 (metros por segundo) em toda a sua extensão e volume.

Os parâmetros limnológicos apresentaram valores aceitáveis para a criação de espécies nativas de ambientes tropicais. Com base nos resultados apresentados foi possível estimar uma produção anual de até 468,3 toneladas de peixes, não excedendo o limite de fósforo que é de 30 mg.m3- (miligramas por metro cúbico). As espécies mais indicadas para a reprodução no Lago Cujubim Grande são Pirarucu, Tambaqui, Matrinchã e Pintado, sendo que essas três últimas ainda precisam de estudos mais aprofundados em relação ao fenômeno da friagem, característico da Amazônia e que ocorre em algumas regiões, causando a mortandade de peixes em projetos implantados anteriormente na região.

O pesquisador reforça que “com a implantação de projetos de criação em tanque-rede no Lago Cujubim Grande é possível obter uma produção anual de 468 toneladas de pescado. No caso do pirarucu, vendendo a R$ 10 o quilo, pode-se ter um rendimento de R$ 4,7 milhões (quatro milhões e setecentos mil reais) ao ano.

PUBLICAÇÕES

Todo o material coletado já rendeu oito publicações científicas sobre o tema, sendo que três já foram apresentadas durante o Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca em Manaus no ano passado. “Um dos artigos, de minha autoria em parceria com Severino Adriano de Oliveira Lima, teve reconhecimento internacional ao ser publicado no Journal Applied Ichthyology, uma das mais importantes revistas da área, levando o nome do Estado de Rondônia para o mundo. Isso demonstra um avanço na área de pesquisa no Estado. O investimento da Seagri e da Fapero é uma forma de reconhecer o trabalho dos pesquisadores”, destacou Raniere.

Os resultados positivos não param por ai. Tem mais cinco publicações em andamento a partir dessa mesma pesquisa. “Com esses trabalhos a Fapero consolida o empenho feito pelo Governo de Rondônia, seguindo a determinação do governador, coronel Marcos Rocha, para que o Estado dê suporte a essas pesquisas tão importantes, que podem trazer resultados econômicos para Rondônia, com investimentos para a formação de um Parque Aquícola incentivando esse tipo de sistema intensivo de produção de peixes nativos da Amazônia, ” ressaltou o presidente da Fapero, Leandro Dill.

CARTILHA

Além de servir como referência para outras pesquisas sobre piscicultura o resultado desse projeto precisa chegar ao produtor de peixe para que ele conheça essas informações levantadas. “O responsável pela pesquisa está trabalhando numa cartilha com informações técnicas sobre o lago e a dinâmica ideal para a produção desse pescado na região do Lago do Cujubim Grande”, enfatizou Leandro.

A cartilha, que deve ficar pronta no mês de abril, será repassada a Seagri, a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater) e a Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril (Idaron) para ser trabalhada junto aos produtores de peixe do Lago do Cujubim Grande.

 

Fonte: Secom – Governo de Rondônia