Famílias com doentes em casa madrugam em fila para tentar comprar oxigênio

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Fila para comprar oxigênio em Manaus. — Foto: Rede Amazônica

Desde a tarde desta sexta (15) até a manhã deste sábado (16), diversos familiares permaneceram em uma fila, em frente a uma empresa privada fornecedora de oxigênio, para tentar comprar o produto. Porém, eles são informadas que a empresa aguarda reposição.

Manaus enfrenta colapso no sistema de saúde por conta da falta de oxigênio nos hospitais, que estão lotados devido a um novo surto da Covid-19. Mais de 20 pacientes já foram transferidos a outros estados, mas a previsão do governo é enviar mais de 200.

O autônomo Osmir Magalhães está com o pai sendo tratado em casa. Ele conta que chegou na fornecedora às 13h desta sexta, e até a manhã deste sábado não conseguiu reabastecer os cilindros.

“Não dormi, não fui em casa, só me alimentei porque o pessoal da igreja tá vindo aqui, trazendo alimentos, água, sopa. Mas não ‘arredei’ o pé daqui. Quando chegam, dizem que não tem, nunca tem, mas chega carros privados e saem com cilindros”, disse.

O gerente administrativo Richard Rodrigues trabalha em uma empresa médica que presta atendimento a domicílio. Ele esteve no local para comprar oxigênio, mas também não conseguiu.

“Já estamos na fila há mais de 24h. Nossa empresa tem mais de 23 pacientes internados em casa, home care, com Covid. Eles estão falando que não tem gás de oxigênio, mas tem sim. De hora em hora você vê carro entrando, mas a população toda tá desorientada sem saber o que fazer”, relatou.

O empresário Eraldo Júnior foi comprar oxigênio para doar a unidades de saúde de Manaus. Ele diz que uma enfermeira, e a diretora de uma unidade, pediu o apoio dele para recarregar cilindros de oxigênio que tinham acabado no local.

“Eu to doando, minha empresa tá doando. Quero ajudar, a gente tem o cilindro, tem a parte financeira, mas o mais importante a gente não tem, que é o oxigênio”, declarou.

Um senhor que se identificou apenas como Eliomar disse, revoltado, que a mãe dele, de 80 anos, está do lado de fora do Hospital Platão Araújo, recebendo oxigênio de uma ambulância, por falta do gás na unidade.

“Ontem eu passei a tarde todinha aqui. O procurador deixou bem claro que a preferência era para os hospitais. E a minha mãe tá lá tomando oxigênio dentro da ambulância. Oxigênio não tem no pronto-socorro, então cadê e porque eles não liberam isso aqui?”, questionou.

A Rede Amazônica buscou um posicionamento da empresa fornecedora sobre as reclamações, mas ainda não obteve resposta.

Fonte: G1