Estudante de 22 anos sem comorbidade morre de covid após 15 dias na UTI

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Matheus, de 22 anos, não tinha comorbidades e defendia importância do isolamento social — Foto: Arquivo pessoal

O estudante Matheus Lopes de Carvalho, de 22 anos, morreu por causa de complicações da Covid-19 em Santos, no litoral de São Paulo.

Segundo a professora Katherine Lopes De Oliveira, de 42 anos, mãe dele, o jovem defendia o isolamento social.

“Ele se cuidava muito e sempre fazia postagens conscientizando sobre a importância da vacinação e dos cuidados contra a doença”, disse em entrevista ao G1 nesta segunda-feira (7).

O jovem morreu no último domingo (6), dias após ser internado com a doença. A mãe conta que o filho só saía de casa quando precisava de serviços essenciais, como ir ao mercado, farmácia, médico e, que, recentemente, precisou ir a uma ótica para fazer o óculos novo.

“Ele foi o maior defensor do isolamento, não saiu por um ano e meio de casa. Eu sou asmática e tenho pressão alta. Minha mãe tem 77 anos, então como ele ajudava a cuidar dela, sempre tomou muito cuidado com medo de nos infectar. Ele só saía mesmo para coisas estritamente necessárias”, relata a professora.

 

A mãe de Matheus afirma que o sonho do filho era ser médico e trabalhar no Médicos sem Fronteiras.

“Ele trancou o cursinho para o vestibular no começo da pandemia, com medo de sair, e passou a estudar em casa. Antes de ser contaminado, só saiu mesmo para ir na ótica, porque estava com a receita e precisava fazer a troca dos óculos com urgência. Ele não frequentava praia, balada, nem nada”, afirma a mãe.

A professora relata que o jovem passou a sentir os sintomas da doença no dia 12 de maio, quando acordou com dor de cabeça e febre. Na data, o jovem foi ao hospital e tomou medicação. Já com receio de estar com Covid-19, a mãe afirma que ele ficou em isolamento, no quarto.

“No dia seguinte, ele acordou com febre novamente e o levei para fazer exame, mas demorava alguns dias para sair o resultado. Como no dia após a realização deste exame ele estava ainda pior, fomos ao pronto-socorro e lá foi feito mais um teste, que apontou resultado positivo para a doença”.

Segundo a mãe, após ser confirmada a doença, o filho já ficou muito preocupado, e o médico receitou uma medicação para tratamento em casa. “Ele ficou desesperado, chorou muito, estava com medo de contaminar eu e a avó. Mas, uma semana após o tratamento em casa, ele precisou ser internado na Casa de Saúde de Santos”, explica.

A professora relata que, durante a internação, o filho precisou colocar um equipamento chamado CPAP, uma bomba que mantém constante o fluxo de ar para dentro dos pulmões.

“Mas o pescoço dele começou a ficar inchado, assim como o peito. Acionei os médicos, que pediram uma tomografia. O médico então explicou que o exame mostrou que deu uma fístula na traqueia e que o oxigênio começou a vazar pela garganta e peito. Em seguida, ele foi direto para UTI e já foi intubado. Foi feita cirurgia com dreno para tirar o oxigênio do peito, o que teve bom resultado, só que ao longo da semana o quadro do meu filho evoluiu”, diz a mãe.

Apesar dos procedimentos médicos, Matheus teve piora devido ao novo coronavírus e não resistiu, morrendo na madrugada deste domingo. O velório ocorreu no mesmo dia, e o jovem foi sepultado em seguida, no Cemitério da Filosofia.

“Ele lia notícias todos os dias para acompanhar e entender a doença. Eu sei que meu filho queria informação e que é importante eu também informar sobre a seriedade da doença para alertar outros jovens do quão esse vírus é grave. Eu vejo tantos jovens nas praias, em barzinhos, e lembro que meu filho não tinha nenhuma comorbidade e, mesmo assim, morreu. Por isso achei muito importante falar o quanto a Covid-19 pode ser letal até em pessoas mais novas, saudáveis. Para que outros jovens se conscientizem e se cuidem, evitem aglomeração, e não percam suas vidas”, finaliza.

Fonte: G1