Eleitores dão aval para Bolsonaro destruir a Amazônia

0
1285
Marcos Rocha e Expedito Júnior no debate do segundo turno de 2018

PORTO VELHO- O Norte do Brasil concedeu ao presidente eleito, Jair Messias Bolsonaro (PSL), 51,9%, contra 48,1% para Fernando Haddad (PT). Rondônia contribuiu com 72% dos votos  e o Acre de Chico Mendes a maior votação a favor de Bolsonaro, com 77%. O presidente eleito nunca escondeu que deseja explorar as riquezas minerais da Amazônia, tendo inclusive declarado que vai rever as demarcações indígenas, além de revogar áreas de preservação ambientais. Em uma entrevista inclusive, declarou que, se eleito, índio não teria um centímetro de área demarcada. A recente decisão de agrupar os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente deixa claro que o futuro presidente do Brasil pretende destruir a Amazônia.

A notícia da fusão desagradou ao atual ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, e aos parlamentares que integram a Frente Ambientalista, na Câmara e no Senado. Nesta quarta-feira (31), tanto o ministro, quanto a bancada ambientalista, divulgaram notas nas quais apontam perigos de retaliação aos produtos brasileiros no exterior, além da falta de “visão estratégia” do governo eleito na área ambiental. De acordo com Edson Duarte, “o novo ministério que surgiria teria dificuldades operacionais que poderiam resultar em danos para as duas agendas. A economia nacional sofreria, especialmente o agronegócio, diante de uma possível retaliação comercial por parte dos países importadores”.

Marina Silva, ex-candidata à presidência pela Rede e ex-ministra do Meio Ambiente, de 2003 a 2008, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, definiu, em sua página no Facebook, como “um triplo desastre” a resolução de Bolsonaro de unificar o Ministério do Meio Ambiente ao da Agricultura.

Ela postou a seguinte mensagem: “A decisão de fundir o Ministério do Meio Ambiente ao da Agricultura será um triplo desastre:

1) trará prejuízo à governança ambiental e à proteção do meio ambiente;
2) passará aos consumidores no exterior a ideia de que todo o agronegócio brasileiro, em que pese ter aumentado sua produção por ganho de produtividade, sobrevive graças à destruição das florestas, sobretudo na Amazônia, atraindo a sanha das barreiras não tarifárias em prejuízo de todos;
3) empurrará o movimento ambientalista, a ter que voltar aos velhos tempos da pressão de fora para dentro, algo que há décadas vinha sendo superado, graças aos sucessivos avanços que se foram galgando em diferentes governos, uns mais outros menos.

Dois dias antes das eleições do segundo turno, o ex-candidato Fernando Haddad (PT) alertou pelas redes sociais: “Queria fazer um alerta ao agronegócio: a proposta do meu adversário de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente pode falir agronegócio brasileiro. Se o Brasil não estiver nos acordos sobre o meio ambiente, os outros países não vão comprar do agronegócio brasileiro”.

Nenhum governador da Amazônia se posicionou sobre o assunto. O ex-candidato ao governo de Rondônia, Expedito Júnior (PSDB) tinha no programa de governo dele propostas para preservar o meio ambiente como recuperar as áreas degradadas. “É possível desenvolver a agricultura sem desmatar”, disse Expedito durante a campanha. Já o adversário dele, que venceu as eleições e será o próximo governador, Marcos Rocha, do partido de Bolsonaro, disse durante a campanha que Rondônia tem reservas ambientais demais. Recentemente o então governador de Rondônia, Confúcio Moura (MDB) havia criado 11 novas reservas ambientais, que foram revogadas pelo presidente da Assembleia Legislativa, Maurão de Carvalho (MDB) que é do agronegócio.

Internautas se manifestam contra a fusão

O futuro de Rondônia e da Amazônia está ameaçado pelos novos governos que inciam em janeiro de 2019. A exploração das riquezas minerais em Rondônia, como ouro e diamantes deverá estar na ordem do dia do futuro governador Marcos Rocha, que terá apoio, claro, do futuro presidente da República, Jair Bolsonaro. Além do meio ambiente, a maior ameaça será contra a população indígena que vive em áreas de proteção ricas em diamantes, ouro e terras férteis.