ELEIÇÕES 1990- O CASO OLAVO PIRES…

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Por Roberto Kuppê (*)
Naquele ano não se conhecia o termo fake news, mas a campanha de 1990 foi marcada por denúncias e notícias falsas atacando o então candidato ao governo de Rondônia, Olavo Pires (PTB). Diziam que OP era traficante de drogas! Bom, mais uma vez eu vos digo: OP não era traficante. EU ESTAVA lá também. Sim, estou em todas mesmo (risos). Sim, eu estava na campanha dele, na parte de comunicação. Acompanhava sempre a equipe de filmagens.
Nosso primeiro vídeo foi numa fazenda de porcos. Filmamos os porcos e apresentamos no primeiro dia da propaganda na TV, fazendo uma ligação com o governador Jerônimo Santana (MDB), inimigo pessoal e político de OP. 15 anos depois, em 2005 eu estive com Jerônimo em Brasília, que me disse porque eles brigaram.
O candidato de Jerônimo em 90 era o Orestes Muniz (MDB). Naquela eleição disputaram também Raupp e Piana. Durante a campanha os adversários não deram trégua para OP. O então deputado Amizael Silva assinou uns outdoors que dizia “DIGA NÃO AO TRAFICANTE”, o que, logicamente, dizia respeito à OP. Aquilo pegou de um jeito, igual a fake news da mamadeira de piroca pegou na campanha do Haddad.
Olavo foi duramente atacado e recebeu muitas ameaças de morte. Ele estava com medo e expressava isso. Um dia ele quase não consegue gravar: chorou muito. Ele sabia que os recados vinham de gente ligada ao então governador. Com tudo isso ele era favorito e foi para o segundo turno juntamente com Valdir Raupp (PRN).
A morte
No dia 16 de outubro de 1990, uma terça-feira, ele esteve à tarde na Assembleia Legislativa com o deputado estadual Osvaldo Piana que tinha perdido as eleições para o governo ficando em terceiro lugar. No começo da noite Olavo esteve na sede de O Estadão do Norte, com Mário Calixto com quem tinha uma grande amizade. Às 20h30 ele seria assassinado na porta da Vepesa, em cuja sede ele tinha uma casa anexo e ali residia com a família.
Convocado, o terceiro colocado Osvaldo Piana (PDS) ocupou o lugar de OP. Osvaldo Piana venceu. Passou os 4 anos sem apresentar os assassinos e mandantes.
Veio a CPI da Pistolagem que inocentou Olavo de tráfico de drogas: não encontraram nada que o ligasse ao crime organizado. O crime foi político e bem arquitetado. Hoje, quase 30 anos depois, os mandantes ainda são desconhecidos. O crime está prescrito. O crime compensou desta vez….
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político