CRÔNICA DE FIM DE SEMANA: OS CONFLITOS E A DOR DOS AFLITOS

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Por Arimar Sá (*)

Na Caixa Econômica Federal, muitos sem máscaras, mendigando esperanças por um prato de comida…

Os dias que correm têm sido penosos. Dor, medo, ansiedade e mortes. Em meio aos aflitos, no front de batalha uma enxurrada de conflitos de interesses políticos, sociais, econômicos, de seguros protocolos de saúde e de egos inflados.

Parece até que a Nação virou mesmo de pernas para o ar, e Deus, cansado de tantos deboches dos que enriqueceram mercadejando a fé em seu nome, ou iludindo a população com a hipocrisia das falsas promessas de bem estar social, tirou férias e estamos abandonados.

Como se não bastasse o sofrido enfrentamento da maior peste ocorrida à humanidade nesta era moderna, os agentes políticos brasileiros encontram-se às turras, metralhando-se mutuamente, mostrando suas vísceras e resíduos dos intestinos do poder, tudo na espessura que a perversa mídia deseja.

No conflito, quase que num átimo, deflagraram-se bandeiras tantas, empertigando os valores democráticos. Assim, enquanto os extremos políticos se digladiam, as mortes crescem pela pandemia e os sinais de desobediência civil pululam. Ora, da desunião é que nascem as guerras e, a continuar assim, não há nação que aguente esse verdadeiro show de horrores!

O certo é que a Covid-19 e seus efeitos desidrataram o País, que virou uma carcaça e, em meio às ofensas, diluiu-se o foco da liturgia maior que é o combate à peste chinesa, que já dizimou mais de 20.000 brasileiros.

Na verdade, o que se vê é o triunfo do desentendimento e um distanciamento entre os ditames da ciência, de alguma forma divergentes até para os médicos que atuam na linha de frente no combate à doença, e o que entende o Presidente da República.

A ciência, acossada, indica o caminho para a administração da pandemia. O Presidente não acredita e, na aflição de minimizar os efeitos deletérios da doença, se expõe e coloca em evidência que o colapso econômico decorrente dela, produzirá também efeitos ainda mais destruidores, na medida em que se registrarem os desabastecimentos diversos e o inevitável minguar dos empregos.

O que o presidente precisa, de plano, é de um porta voz experiente e militante da área de Comunicação, para que ele se exponha menos, na “biqueira” do Palácio do Planalto, e evite desgastar ainda mais a sua imagem.

Colocar o guizo no pescoço do gato, significa frear sua língua, porque neste imbróglio de desinteligência em desalinho, o capitão angaria inimigos, a doença cresce, os bolsões de miséria se explicitam e aumentam na mesma proporção, mostrando a crua realidade de 60 milhões de brasileiros a mendigar uma ajuda financeira de R$ 600,00.

No sereno ou no sol, hordas se amontoam nas filas da Caixa Econômica Federal, muitos sem máscaras e aglomeradas, expostas ao contágio da peste, mendigando esperanças por um prato de comida.

É claro que estas nuvens, carregadas de desesperanças, deixam o magistrado maior na aflição dos acertos e desacertos de um País, que durante mais de 30 anos submeteu-se à vergasta de uma esquerda corrompida, que deixou como herança o crescimento exponencial dos bolsões de miséria e roubalheiras tais que dariam um filme.

E isso, pariu pobres brasileiros que hoje se apresentam como ratos nas favelas, em guetos, nas palafitas e mangues, a mendigarem o “Bolsa Família”, na mundividência dos aflitos, perdidos em meio aos conflitos dos poderosos.

Creio, e tenho certeza, que essa leitura da miséria nacional deixa a aflição tomar conta de qualquer governante que deseje um Brasil melhor e, honestamente, vejo essa intenção no Presidente, que almeja o fim das peias no distanciamento social que existe entre e ricos e pobres, mas precisa se reeorganizar, falando o necessário e sem grosserias, tendo comportamento de estadista.

Em vez desses trilhos de confrontos, melhor seria o apaziguamento dos ânimos e um reflexo mais inteligente dos três poderes que não se respeitam.

Essa de perseguição às loucuras do princípe, expondo-lhe suas reuniões com palavrões inspirados na atriz Dercy Gonçalves, não chega a lugar algum. Roupa suja se lava em casa, não precisa ninguém saber. Afinal, que atire a primeira pedra quem nunca xingou um desafeto na segurança de seu ambiente?

Ora, os mandatos terminam, os cães sempre ladram e as caravanas sempre passam. O momento não é de confronto, é de portar e importar sabedorias colhidas na história dos povos e, com um “pulverizador de almas”, banhar as entranhas da nação de entendimentos muitos, ao invés de tantas divergências que nada constróem.

Entre os quesitos mais sérios a serem enfrentados pelo Príncipe, está a união nacional, antes, é claro, que os estampidos do Estado, diante de ataques diários da mídia aos desacertos e destempeiros verbais, se transformem em colunas fortes de discordâncias que possam trincar o sentimento de Nação, traduzidos mais tarde em uma possível desobediência civil.
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Por fim, dar um tratamento higiênico à todas essas questões, começaria pela mídia, em respeito à dor que país vive, interpretar a doença e as divergências com honestidade e ética.

Aos poderosos, é imperativo deixar para medir forças depois que a pandemia passar, o que sinalizaria um avanço civilizatório inestimável e motivo de alegria aos que ainda estão vivos e desejam um país melhor, uma nação sadia e abençoada.

Que se restaure então o entendimento, porque OS CONFLITOS só têm massacrado OS AFLITOS, enferrujando-lhes a alma e colapsando suas esperanças…

AMÉM!

(*) O autor é jornalista e advogado – email: [email protected]