Covid: Bolsonaro ignora Anvisa e rejeita fechar aeroportos por nova variante sul-africana

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Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/Arquivo
Brazil's President Jair Bolsonaro takes off his mask during a mass at the Basilica of Our Lady of Aparecida, to pay homage to Brazil's patron saint, in the city of Aparecida, Sao Paulo state, Brazil, October 12, 2021. REUTERS/Carla Carniel
Presidente Jair Bolsonaro admite possibilidade de nova onda de covid-19, mas não vê possibilidade de fechar aeroportos (Foto: REUTERS/Carla Carniel)
  • Presidente Jair Bolsonaro rejeitou a ideia de fechar aeroportos brasileiros
  • Ao mesmo tempo, presidente admite que Brasil deve enfrentar uma nova onda de covid-19
  • Anvisa recomendou restrição da entrada de voos da África do Sul e outros países

Apesar do alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rejeita a ideia de fechar aeroportos brasileiros. A Anvisa mostrou preocupação com novas variantes, como a notificada na África do Sul, e também com a alta de casos na Europa, no entanto, para Bolsonaro, a medida não é válida.

O presidente admitiu que o país deve enfrentar uma nova onda de covid, mas, ao ser questionado por apoiadores, considerou uma “loucura” fechar aeroportos.

“Tem que aprender a conviver com o vírus”, declarou Bolsonaro. “Não vai vedar [a entrada de estrangeiros], rapaz. Que loucura é essa? Fechou o aeroporto o vírus não entra? Já está aqui dentro.” Quando o apoiador falou sobre a nova onda de covid-19 na Europa, Bolsonaro criticou o homem por estar “vendo muita Globo”.

 

Apesar de ter falado em “conviver com o vírus” e rejeitar a ideia de fechar aeroportos, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou de forma contrária à realização do carnaval em 2022.

Alerta da Anvisa

A Anvisa emitiu uma Nota Técnica que orienta o governo brasileiro a restringir a entrada de viajantes e voos procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, em decorrência a nova variante do SARS-CoV-2 identificada como B.1.1.529.

A efetivação das medidas restritivas ainda depende de uma eventual portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Nesta sexta-feira (26), autoridades de diferentes países também optaram por restringir suas fronteiras de forma a impedir a entrada da variante da África do Sul. União Europeia, Reino Unido e Índia estão entre os que anunciam controles de fronteira mais rigorosos enquanto cientistas tentam determinar se a mutação é resistente a vacinas.

O Reino Unido proibiu voos da África do Sul e de países vizinhos e pediu que os viajantes britânicos voltando destes locais entrem em quarentena. A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE também pretende deter o tráfego aéreo daquela região.

Mais restrições no mundo

Autoridades globais reagiram com alarme nesta sexta-feira a uma nova variante do coronavírus detectada na África do Sul, e União Europeia, Reino Unido e Índia estão entre os que anunciam controles de fronteira mais rigorosos enquanto cientistas tentam determinar se a mutação é resistente a vacinas.

O Reino Unido proibiu voos da África do Sul e de países vizinhos e pediu que os viajantes britânicos voltando destes locais entrem em quarentena. A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE também pretende deter o tráfego aéreo daquela região.

Cientistas ainda estão estudando a variante identificada nesta semana, mas a notícia derrubou os mercados de ações e o petróleo em meio aos temores do que proibições de viagens fariam às economias já abaladas do sul africano.

O que se sabe sobre a nova variante sul-africana

Há a expectativa de que, na sexta-feira (26/11), a Organização Mundial da Saúde (OMS) batize com um codinome grego uma nova variante do coronavírus que foi registrada pela primeira vez na África do Sul e já é considerada aquela com o maior número de mutações.

Ainda é cedo para dizer o quão transmissível ou perigosa é a variante B.1.1.529. Isto porque ela ainda está restrita a uma Província sul-africana.

Entretanto, um pesquisador já a classificou como “horrível”, enquanto outro disse à reportagem que ela é a pior já vista.

Em uma entrevista coletiva, o professor Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação, na África do Sul, disse que foram localizadas 50 mutações no total, e mais de 30 na proteína spike — “chave” que o vírus usa para entrar nas células e alvo da maioria das vacinas contra a covid-19.

Oliveira, que é brasileiro, disse que a variante carrega uma “constelação incomum de mutações” e é “muito diferente” de outros tipos que já circularam.

“Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução [e traz] muitas mais mutações do que esperávamos”, disse ele.

Até agora, foram confirmados 77 casos na Província de Gauteng, na África do Sul; quatro casos em Botswana; e um em Hong Kong, diretamente relacionado a uma viagem à África do Sul.

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