Conheça a história do Cemitério dos Inocentes em Porto Velho

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O Cemitério dos Inocentes é um dos mais antigos da cidade. Construído em 24 de janeiro de 1915, o local foi inaugurado três meses após a criação oficial do município, no dia 2 de outubro do ano anterior, pelo então superintendente municipal Fernando Guapindaia de Souza Brejense, cargo equivalente ao de prefeito.

Na época, Major Guapindaia, militar reformado do Exército Brasileiro, teria prometido que o nome da primeira pessoa a ser sepultada ali, também seria o nome do local. Como os primeiros corpos enterrados naquele espaço teriam sido de duas crianças gêmeas, o local ganhou o nome de Cemitério dos Inocentes.

Atualmente, estão sepultadas cerca de 35 mil pessoas, a maioria em jazigos e gavetas. Segundo relatos dos servidores que trabalham no local, o Cemitério dos Inocentes foi criado para resolver um impasse. É que a direção do histórico Cemitério da Candelária, construído no início de 1900, só permitia o sepultamento de trabalhadores da lendária Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Por conta disso, a população sepultava seus familiares em uma área localizada nas imediações da atual Vila da Eletronorte, na zona Sul, onde funcionava como cemitério clandestino.

COMO FUNCIONA

Administrador do local, Gilbson Morais conta que o Cemitério dos Inocentes é tombado pelo patrimônio histórico de Rondônia. Por não haver mais espaços para a construção de novos túmulos, são sepultados no local apenas os familiares daqueles que possuem gavetas e jazigos.

“A família vem até aqui, faz o agendamento, identifica a gaveta e faz o sepultamento, isso após os procedimentos da Central de Óbitos”, explica.

Outra curiosidade é que o cemitério não possui numeração de quadras ou de sepulturas. Os túmulos e jazigos são identificados com placas indicando o nome da família a qual pertence. Porém, muitos estão abandonados e sem identificação.

Atualmente, o cemitério recebe cerca de 3 a 5 mil pessoas que fazem visita ao local por ocasião do Dia de Finados, em 2 de novembro. Além do administrador Gilbson Morais, que também é o responsável pelo Cemitério Santo Antônio, o maior do município, quatro agentes de limpeza cuidam da manutenção no Cemitério dos Inocentes, mantendo-o limpo e bem cuidado.

“Vamos precisar somente de reforço na pintura para receber os visitantes no Dia de Finados, trabalho que será realizado por uma equipe da Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb), que é a responsável por todos os cemitérios públicos de Porto Velho”, afirmou o administrador.

PERSONAGENS

Dentre os personagens sepultados no local, estão políticos, religiosos, comerciantes, médicos, intelectuais, pessoas comuns e o carnavalesco Manoel Mendonça, fundador da Banda do Vai Quem Quer. Já entre os nomes mais conhecidos, estão o do Dr. Ary Pinheiro, formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará e homenageado com o nome do Hospital de Base, o maior de Rondônia.

Ali, por exemplo, se encontra o túmulo de Emanuel Silvestre Amarante, mais conhecido como Major Amarante. Militar do Exército Brasileiro, engenheiro, geógrafo, cartógrafo, explorador e sertanista, ele seria genro do patrono de Rondônia, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Major Amarante também contribuiu para a instalação de linhas telegráficas junto com Rondon e teria morrido em 1929, aos 49 anos de idade.

Intelectual e muito famoso na época, inclusive sendo homenageado com nome de rua, outro personagem que está sepultado no Cemitério dos Inocentes é o poeta maranhense Joaquim Vespasiano Ramos. O poeta morreu em 1920, após ter passado por seringais na região de Ariquemes, onde contraiu malária, mas a causa da morte teria sido tuberculose.

Natural da Síria, Miguel Chakian, importante comerciante, outro homenageado com nome de rua na cidade, também se encontra sepultado ali e tem um dos jazigos mais suntuosos. Conforme registrado na história, o sírio chegou a Porto Velho no ano de 1917. Um dos filhos dele, chamado Thomaz Miguel Chakian, foi prefeito de Porto Velho e suplente de deputado federal por Rondônia.

Gilbson ainda cita o nome do também comerciante George João Resky, que fundou o antigo Cine Teatro Resky, instalado próximo a Praça Marechal Rondon, no Centro Histórico de Porto Velho. Reske Faleceu em 13 de março de 1963, com 83 anos de idade.

No caso do sepultamento do empresário e carnavalesco Manoel Mendonça, o Manelão, fundador da Banda do Vai Quem Quer, o administrador conta que ocorreu um fato completamente atípico no cemitério. No momento do enterro, Manelão foi homenageado pelos amigos com muita música, as famosas marchinhas que marcaram época nos desfiles da banda.

Manelão morreu no dia 28 de fevereiro de 2011, aos 62 anos de idade. O túmulo dele está localizado próximo à entrada do cemitério, do lado esquerdo. “O momento era de tristeza, mas as homenagens transformaram o sepultamento dele num momento festivo”, afirma o administrador do cemitério.

Próximo à sepultura de Manelão, está o túmulo de Raimundo Alves Monteiro, mais conhecido pelo apelido de Beleza. Homem simples, mas muito conhecido pelo público católico, ele trabalhava como zelador na Catedral do Sagrado Coração de Jesus e, por muitos anos, foi o responsável por tocar o sino e chamar a população a assistir à missa.

O Cemitério dos Inocentes fica localizado na rua Almirante Barroso, bairro Mocambo, na região central de Porto Velho.

Superintendência Municipal de Comunicação (SMC)