Começa colheita de café conilon em RO com expectativa de produção de mais de 2 milhões de sacas

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A colheita de café conilon (robusta) já começou em algumas regiões produtoras de Rondônia, segundo maior estado produtor da variedade, e a expectativa de produção é de mais de 2 milhões de sacas de 60 kg, com um avanço mais de 18% em relação ao ano passado, segundo dados da Emater-RO (Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia). Esse resultado deve ajudar a aumentar a oferta da variedade no mercado diante de problemas climáticos que afetaram a cafeicultura capixaba e baiana nos últimos anos.

A tecnificação dos produtores rondonienses nos últimos anos contribuiu para o avanço da produção, mesmo com menor área, com variedades clonais chegando a produtividade de até 150 sacas por hectare. “Os cafeicultores estão apostando cada vez mais na tecnologia. Em 2014, tínhamos no estado 85 mil hectares plantados de café e produção de 1,40 milhão de sacas. Atualmente, temos 84 mil hectares, alcançando novas fronteiras no estado, e com produção de 2,12 milhões de sacas e produtividade média de 24,3 sacas por hectare”, afirma Rafael Cidade, responsável técnico estadual da área vegetal da Emater-RO. A colheita da safra 2017 iniciou na Zona da Mata e Centro do estado.

De acordo com dados reportados pela Embrapa Rondônia, em 2012, a produção de café no estado foi de 1,37 milhões de sacas numa área de 125,67 mil hectares e produtividade média de 11 sacas por hectare.

O  estado deve continuar se destacando nos próximos anos, com iniciativas do governo, e os produtores apostando cada vez mais na tecnologia para melhorar suas lavouras. “A expectativa é de que daqui três anos possamos dobrar essa produção de 2 milhões de sacas”, diz Cidade. A Embrapa aponta que as condições para a safra de 2018 são favoráveis ao desenvolvimento de frutos e ramos.

O governo de Rondônia tem incentivado a cafeicultura. Nos próximos meses devem ser distribuídas mais de 3 mil mudas de café clonal gratuitamente.

A produção de café conilon no estado sobe neste ano de 2017, enquanto que em outras origens produtoras cai por conta das intempéries climáticas nos últimos anos. No Espírito Santo, por exemplo, maior estado produtor da variedade no Brasil, a colheita deve ficar entre 4,60 milhões a 5,29 milhões de sacas. “A produção de 9,95 milhões de sacas obtida em 2014, caiu para 5,04 milhões em 2016”, disse em sua primeira estimativa da safra 2017 a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O estado enfrenta consecutivos anos de seca. Nos últimos meses, o clima melhorou nas principais áreas produtoras.

Importação de café robusta

Diante da escassez de café conilon, a produção mais alta neste ano em Rondônia pode contribuir para equilibrar o mercado. “Sabemos que o futuro da cafeicultura é promissor, mas temos a preocupação de que isso não seja algo atemporal. Rondônia tem um relevo mais plano e um inverno muito estabelecido. Não temos problema com água”, explica Cidade em referência aos aspectos positivos para a produção no estado.

Os problemas climáticos. tanto no Espírito Santo quanto no Sul da Bahia, fizeram com que a produção de café conilon recuasse no Brasil. Com isso, a indústria de café do país solicitou ao governo federal a autorização para a importação da variedade do Vietnã, medida que, se autorizada, seria inédita já que o Brasil é o maior produtor de café do mundo. Houve várias discussões e tentativas do governo em atender as demandas do setor produtivo e das indústrias, mas nenhuma teve resultado. As reuniões seguem em Brasília (DF) sobre o assunto.

Com a colheita do café começando e a produção mais alta em Rondônia, cerca de 2 milhões de sacas, mais a colheita do Espírito Santo – até 5,29 milhões de sacas – e Bahia – até 1,81 milhão de sacas –, o mercado brasileiro terá mais de 9 milhões de sacas disponíveis do grão, fora o montante das outras origens, menos representativas.

Levando em conta o pedido do setor produtivo e a demanda da indústria, a proposta do Ministério da Agricultura era de liberar a importação de um milhão de sacas, com distribuição mensal de 250 mil sacas de fevereiro a maio. Para isso, o café seria incluído na lista de exceção da TEC (Tarifa Externa Comum), até o limite de um milhão de sacas, com alíquota de 2%. Acima desse limite, a alíquota de exportação, que hoje é de 10%, sobe para 35%.

Busca por maior qualidade

A Embrapa Rondônia tem atuado no desenvolvimento de pesquisas voltadas para a produção de café com qualidade e agregação de valor, no âmbito do Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa Café. São realizadas seleção de materiais genéticos de qualidade, com maturação homogênea que produzem grãos de maior peneira e bebida de melhor qualidade. Além disso, os processos de colheita mecanizada e semimecanizada reduzem substancialmente o tempo e o custo da colheita, favorecendo a qualidade. Novos sistemas e tecnologias de processamento e secagem natural do café também estão sendo testados, como a Barcaça Seca Café – terreiro secador de cobertura móvel –, e a secagem em campo.

Em complemento, Enrique Alves, pesquisador da Embrapa Rondônia, elenca e reforça que as boas práticas de colheita e pós-colheita para os cafeicultores do estado, e de outras regiões, devem ser adotas por aqueles que pretendem produzir café de melhor qualidade. São indicadas as seguintes:

– Fazer o planejamento da colheita verificando instalações, equipamentos, materiais e pessoal necessário;

– Manter as plantas daninhas controladas sob as copas dos cafeeiros, facilitando a colocação dos panos de colheita;

– Programar o início da colheita dos talhões com maturação dos frutos mais precoces, depois colher os médios e tardios;

– Realizar a colheita com pelo menos 80% dos frutos cereja, evitando colher frutos verdes, que produzem defeitos e pesam menos;

– Vistoriar a colheita com vistas a reduzir o arranquio de folhas, quebra de ramos e permanência de frutos na planta;

– Evitar amontoar ou deixar o café secar na lavoura;

– O processo de secagem deve ser iniciado até 24h após a colheita;

– Se o método de secagem for solar, o café deve ser movimentado periodicamente para evitar a fermentação e secar de forma homogênea;

– Observar o uso de temperatura adequada ao utilizar secadores mecânicos, pois a temperatura da massa dos grãos não deve ultrapassar 55°C;

– O processo de secagem deve ser finalizado ao se atingir 12% de umidade dos grãos.

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas