Com o rio Madeira chegando a 1,80 metros, atingidos pela seca em Porto Velho reivindicam ajuda da Prefeitura

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  1. O rio Madeira chegou a 1,80 metro, o menor nível em mais de meio século, e previsões do Censipam apontam que em alguns pontos o rio pode chegar a menos de 1 metro. Essa pode ser uma das piores secas prolongadas da Amazônia.

Pode ser uma imagem de textoNa Amazônia 135 municípios utilizam a captação superficial dos rios para abastecimento e nesse período de seca corre o risco de diversas cidades ficarem sem abastecimento de água, incluindo Porto Velho, que depende do Rio Madeira para distribuição de água.

A ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) estima que 6,17 milhões de pessoas, nessas cidades dependam desse tipo de captação e podem sofrer assim como o Acre e Rondônia agora uma situação de risco hídrico.

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Falta d`água, o ar poluído e apagões na rede elétrica são a realidade da Amazônia, que se repete a cada ano.

No início deste mês, mais de 150 moradores de comunidades atingidas pela seca em Porto Velho (RO), se reuniram em frente à prefeitura municipal para pedir ajuda ao prefeito Hildon Chaves (PSDB), para amenizar os impactos da crise hídrica na região. As comunidades de São Carlos, Cuniã, Cavalcante, Brasileira, Nova Aliança, Bom Será, São Sebastião, Terra Firme, Maravilha, Betel e Santa Rita caminharam até o prédio da prefeitura em busca de soluções e para denunciar a situação de emergência que estão enfrentando.

Durante o ato, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) protocolou uma solicitação de reunião com o prefeito Hildon Chaves para os próximos dias, além de garantir a participação de representantes das comunidades no Comitê de Crise Hídrica do município. As demandas apresentadas pelos manifestantes incluem um plano de emergência para o enfrentamento da seca, atendimento emergencial com água para as comunidades, auxílio financeiro para pescadores e trabalhadores rurais, e acesso às comunidades isoladas devido à seca do rio Madeira.

PAUTAS EMERGENCIAIS GERAIS PARA OS ATINGIDO SE ATINGIDAS
1) Acesso à Água:
● Necessidade:A construção de poços artesianos e sistema de distribuição de água
nas regiões para garantir o acesso à água potável para o consumo doméstico e
para a agricultura familiar é fundamental. A medida deve ser implementada
seguindo a Política Estadual de Recursos Hídricos, conforme o Decreto n.
10.1114/2002;
● Situação atual: Mesmo nas comunidades que já possuem poços, a demanda por
água supera a capacidade de captação e grande parte da água disponível está
contaminada, tornando urgente a implementação de novas soluções, seja na
ampliação da rede de distribuição e armazenamento, recuperação e
descontaminação, e na perfuração de novos poços;
● Os poços do Lago do Cuniã são padronizados com32metros,esefaznecessária
uma análise referente a essa profundidade, analisando a localidade e a
especificidade de cada local de construção do poço;
● No distrito de São Carlos, o poço atual disponibiliza água para 239 famílias,
sendo que atualmente São Carlos conta com 427 famílias. É necessário e urgente
que sejam feitas melhorias no sistema de abastecimento de água de São Carlos
através da construção de novos poços: na região de Tapirema, bairro da CERON
até Araújo; solicitação de reservatório de água na Comunidade de São Carlos
(cisternas, tratamento de água etc.); sistema de tratamento em Boca do Jamari
(devido aos poços de lá estar com ferrugem e, assim, a comunidade tem sofrido
comproblemas desaúde);
● Isenção de taxa de água durante todo o período de seca/estiagem;
● Água do poço contaminada em São Sebastião, onde a comunidade está tratando
a água dos poços com água sanitária devido ao desleixo dos órgãos de saúde e a
forte contaminação de ferrugem;
● Revitalização do Igarapé São Sebastião, que foi prejudicado após a enchente de
2014, se encontra atualmente aterrado pós enchente, cheio de sedimentos (200
metros de sedimento) e mata (necessário uma limpeza por parte da prefeitura ou
UHESantoAntônio); e,
● Em SãoSebastião, há a necessidade de melhorias no sistema de distribuição de
água da comunidade, a caixa atual da comunidade comporta 30 mil litros de água
e a bomba não tem força para distribuir a água para as casas mais distantes.

Com cartazes e palavras de ordem, os manifestantes expressaram sua indignação com a falta de água nas comunidades e em toda a cidade, a precariedade do abastecimento e a ausência de um plano emergencial para enfrentar a situação. Rosimara Almeida, representante da comunidade de Aliança, destacou que a falta de água tem se agravado a cada dia: “Moro na Comunidade de Aliança há 20 anos, e nunca vi uma seca tão grande. Lá só temos um poço e somos muitas famílias”, destacou.

 

O rio Madeira enfrentou uma grande estiagem em outubro de 2023, quando o nível do rio chegou a 1,10 metros na região da capital Porto Velho (RO), o menor já registrado. Em 2024, porém, a situação se mostra ainda mais preocupante: em julho, a cota do rio vem cada vez mais em queda. No dia 23 de agosto, o rio estava com 1,81 metros, já deixando diversas comunidades em risco de desabastecimento e isolamento. Os especialistas alertam, ainda, para a possibilidade de uma seca severa histórica, prejudicando principalmente as famílias do Baixo Madeira. Nessa região, em particular, vivem cerca de 5.000 famílias em diversas comunidades e 4 distritos ribeirinhos que sofrem os efeitos da estiagem prolongada.

“O Movimento dos Atingidos por Barragens vem se reunindo com as lideranças das comunidades Aliança (300 famílias); Vila do Jacu (20 famílias); Bom Será (100 famílias);  Brasileira (100 famílias); Ramal do Jacu (30 famílias); Ramal da Castanheira (5 famílias); Vila do Itacuã (20 famílias); São Carlos (427 famílias); Cavalcante (135 famílias); Cuniã (90 famílias); São Sebastião (75 famílias); Teotônio (40 famílias); Betel (30 famílias), Linha 25 (20 famílias) e no agrupamento de Ressaca, Ilha Nova, Ilha de Assunção, Firmeza, Gleba Rio Preto e Terra Firme 1 e 2 (mais de 300 famílias). No último mês, realizamos reuniões com essas comunidades atingidas, para levantarmos quais demandas são necessárias como medida de mitigação para os enfrentamentos da seca extrema. Apresentamos essas demandas à Prefeitura de Porto Velho com o objetivo de articular ações rápidas de atendimento a essas comunidades junto ao poder público”, explica Océlio Muniz, integrante da coordenação do MAB.

Resposta

O prefeito de Porto Velho (RO), Hildon Chaves informou que já adquiriu água mineral para ser entregue às comunidades. Segundo a assessoria dele, nesta tarde de sabado, 24, muitas destas demandas estão sendo levantads e executadas. Na semana que vem a prefeitura deve faer um levantamento das ações efetivadas com todas as secretarias envolvidas.

A mobilização em Porto Velho faz parte da Jornada de Lutas da Amazônia, que terá continuidade com novas ações previstas para o dia 5 de setembro, no Dia da Amazônia. A comunidade local se mantém unida na busca por soluções e na garantia de seus direitos, diante da grave crise hídrica que assola a região.