Coluna do RK- Bastidores da Política Nacional e Regional

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Por Roberto Kuppê (*)

Raoni

FOTO THOMAS SAMSON-AFP

Foi necessário um brasileiro nato ir até à Europa para pedir socorro contra as atrocidades praticadas pelo presidente Jair Bolsonaro. O líder kayapó Raoni Metuktire buscou e conseguiu apoio para proteger terras indígenas de madeireiros e do agronegócio. O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu Raoni na quinta-feira (16/05) no Palácio do Eliseu, a quem prometeu apoio da França em sua batalha contra a exploração de terras indígenas por madeireiros e pelo agronegócio. Veja matéria completa AQUI.

           Frente para lamentar 

Se depender das autoridades brasileiras, pode ficar pior para os indígenas da Amazônia. O Instituto Rondon, criado para defender o meio-ambiente e as populações indígenas, vê com preocupação a criação da Frente Parlamentar da Amazônia, liderada por pelo deputado federal Delegado Pablo Oliva (PSL-AM). A preocupação reside no perfil do presidente da frente, ligado ao presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) explicitamente favorável ao fim das demarcações de reservas indígenas e da exploração da Amazônia.

                    Familícia

A coluna fuçou os diários oficiais da União ao longo dos 13 anos do governo petista e não encontrou a nomeação de nenhum parente de Lula e Dilma. Nem de primos, amigos ou vizinhos. Já na familícia de Bolsonaro, investigações da Polícia Federal identificaram 100 parentes diretos e indiretos do presidente sugando o erário ao longo de 30 anos de carreira política. Tudo com provas cabais, robustas e irrefutáveis.

                   Familícia 2

Leonardo Rodrigues de Jesus, mais conhecido como Léo Índio, primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro , está entre os ex-funcionários do gabinete do atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que tiveram quebra de sigilo bancário autorizada pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). Léo Índio foi assessor de Flávio, entre novembro de 2006 e janeiro de 2012, quando o parlamentar era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), e hoje é assessor no gabinete do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), com salário bruto de R$ 14.802,41.  O inquérito do MP apura a suspeita da chamada “rachadinha” no gabinete de Flávio, durante o seu mandato na Alerj — prática de servidores devolverem parte dos salários aos parlamentares.  Léo Índio tem uma história bem conhecida de proximidade com Carlos (Carluxo) Bolsonaro, com vídeos e fotos dos dois bem íntimos.

              Esse pessoalzinho

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar os protestos realizados em todo o país na última quarta-feira 15, afirmando que se trataram de “movimento do pessoalzinho que eu cortei a verba”. Falando na frente do Palácio da Alvorada, o presidente afirmou novamente que os estudantes que participaram dos atos são “idiotas úteis”. Porém, esse “pessoalzinho” foi reconhecido no principal campeonato mundial de robótica, em abril deste ano, em Houston, Texas, nos Estados Unidos. O Brasil ficou em primeiro lugar nas categorias de design mecânico de robô e em segundo lugar em estratégia e inovação. Das dez equipes brasileiras que viajaram a Houston, cinco foram premiadas. Com cortes de verbas para pesquisas, esta pode ter sido a última participação do Brasil em eventos no exterior.

          Esse pessoalzinho 2

Após cortar verbas para a educação desse pessoalzinho, o presidente Jair Bolsonarosancionou nesta sexta-feira, 17, o projeto de lei que anistia multas aplicadas a partidos políticos. Esta é a primeira vez desde 1995 que um presidente autoriza o cancelamento deste tipo de punição às siglas. A lei 13.831 será publicada no Diário Oficial da União na próxima segunda-feira, 20. O prazo para a sanção terminava nesta sexta. A estimativa é de que essa anistia possa chegar a R$ 70 milhões, valor dos débitos dos diretórios municipais de quase todas as legendas com o Fisco.                                   

                 ANDIFES

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) apresentou um Painel de Cortes, com dados sobre o bloqueio de verbas a universidades. De acordo com os dados, o contingenciamento atinge até 53,96% dos recursos discricionários, ou seja, recursos não obrigatórios. Se consideradas as 70 instituições de ensino superior, os números revelam que, em média, 29,74% do orçamento discricionário está contingenciado.

                   Tiro pela culatra?

Eu vejo o futuro repetindo o passado. Bolsonaro convocou o povo para manifestar apoio a ele no próximo dia 26 de maio. “Isto faz lembrar do Collor”, postou o advogado de Rondônia, Ernandes Segismundo. Em 1992, já em clima de impeachmentCollor convocou o povo para manifestar seu apoio a ele, com as cores da bandeira. No dia marcado milhares e milhares saíram às ruas de preto e colocaram algum tecido preto nas casas e fachadas de apartamentos. Conclusão: o tiro saiu pela culatra e a tal manifestação impulsionou categoricamente o impeachment.  Bolsonaro e Collor provocaram a reação. Collor convocou o povo para provar que era uma minoria que protestava contra ele, exatamente como Bolsonaro fez com as multidões que foram às ruas lutar contra os cortes na educação. Como dizia Marx, a história se repete, como tragédia ou como farsa.

                  Mega manifestação

Em sentido contrário, dia 30 de maio acontece manifestações contra Bolsonaro convocado pelo povo.  As manifestações contra os cortes orçamentários na educação continuarão. O anúncio foi feito por estudantes que participaram do ato na quarta-feira 15 e confirmado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) em suas redes sociais. O movimento vai desembocar em uma greve geral no dia 14 de junho, convocada pela CUT e demais sindicais brasileiras, que também pautam uma agenda contra a reforma da Previdência. No primeiro dia da paralisação, todos os Estados e o Distrito Federal registraram manifestações. Mais de 170 cidades também aderiram ao Dia Nacional de Defesa da Educação. Um balanço parcial das entidades organizadoras aponta que a greve nacional mobilizou até agora mais de 1 milhão de pessoas em todo o País.

               Nova aérea nos ares

Está chegando para operar no Brasil a AirEuropa, do Grupo Globalia. É a primeira empresa a operar no mercado brasileiro após a edição da MP [863/18] que permite 100% de capital estrangeiro em empresas nacionais. A Air Europa vai contratar pilotos e tripulação brasileiros. Com a Avianca em recuperação judicial, a entrada de novas empresas tem sido defendida pelo governo como fundamental para o reequilíbrio de oferta de voos e para reduzir o preço das passagens.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político