Por Roberto Kuppê (*)
FELIZ PÁSCOA!!! FELIZ BRASÍLIA!!! FELIZ TIRADENTES
Hoje é domingo de Páscoa, um dia especial também para Brasília, capital federal que faz 59 anos. Mas, é Dia de Tiradentes também. Que este domingo seja de paz e alegria para todos.
Brasília
Hoje é o aniversário de Brasília, mas nem tudo são flores. A capital do Brasil se tornou uma típica metrópole brasileira. De acordo com o Mapa da Violência 2018, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa que soma homicídios e mortes violentas com causa indeterminada é de 26,5 casos a cada 100 mil habitantes – acima de São Paulo (14,9 casos), Florianópolis (18) e Vitória (23,1).
Brasília 2
Apesar de Brasília ter a renda per capita mais alta do país em zonas elitizadas, tem uma periferia onde não há condições dignas de vida como é o caso da Vila Estrutural, bairro criado em cima de invasões, onde a desiguldade é gritante. Dados do Atlas Brasil, recentemente divulgados pelo Ipea, indicam que a renda per capita na região metropolitana formada pelo Distrito Federal e Entorno cresceu 41,88% entre 2000 e 2010, houve redução do percentual de pobres (de 17% para 7,2%) e dos extremamente pobres (de 5,21% para 1,96%). O Índice de Gini, que mede a desigualdade, porém, variou pouco; era de 0,65 em 2000 e foi a 0,64 em 2010. O índice varia de zero a um, quanto mais próximo de zero mais igualitária a renda do grupo. Quanto mais perto de um, maior a concentração de renda.
Lute como uma garotinha
Nasce uma líder estudantil. E justamente no bairro mais pobre de Brasília, a Vila estrutural. O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), durante celebração da Páscoa antecipada na última quinta-feira no Palácio do Planalto, estava abraçando diversas crianças da Escola Classe 1 da Estrutural, região da periferia de Brasília, porém, quando foi dar ‘oi’ para a pequena Yasmin, ela prontamente cruzou os braços e fez o sinal negativo com a cabeça, deixando o político ‘ no vácuo’. Com certeza esta imagem será inesquecível e irá forjar uma nova líder da esquerda, que lá no futuro irá confrontar com a filha mais nova de Bolsonaro, Laura Bolsonaro, que deve ter a mesma idade de Yasmin, 8 anos.
Que desprazer!
Fã do João Gordo
Por outro lado, recomendamos uma dose de João Gordo também. Ele é um dos poucos metaleiros que são conscientes e querem de fato um Brasil melhor. “Não tem relacionamento, não. A gente não tem conversa com fascista, é paulada, tá ligado? Não troco ideia com fascista, não. Esses metaleiros fascistas vão tudo se arrepender. Como esses caras dizem ser satanistas, escutam black metal, falam que são fãs do capeta e tal, mas apoiam cristão fundamentalista? Os caras são loucos, velho, tá ligado?” – disse João Gordo numa entrevista . O novo disco de João Gordo está recheado de temas atuais como “Amazônia nunca mais”, “Retrocesso”, “Farsa nacionalista”, “Máquina militar”, “SOS país falido”. São músicas que retratam muito o que está acontecendo atualmente. “Amazônia nunca mais” fala do lance do desmatamento, o assassinato de protetores da natureza, de ativistas ou essa expulsão de índios das terras desmarcadas. Segundo João Gordo, é um retrocesso. A volta do regime militar. “Não que eu seja a Mãe Diná, mas como o Brasil não muda, né? Tá sempre cometendo os mesmos erros, o pessoal está sempre votando nos mesmos filhos da puta. Você vê como é cíclica a parada, cara”, disse ele na entrevista. “Acho isso uma merda e sempre digo: com fascista não tem ideia, cara. Os caras não entendem, são burros, tapados. Acreditam em mentiras e são racistas. São tudo que não presta, então não tem ideia”, atacou.
Lula não dará entrevistas
Dificilmente darão chances para Lula dizer ao mundo o que está acontecendo com ele e com o Brasil. Lula tem muito a dizer e muitos não querem que isso aconteça. Exemplo disso, embora o presidente do STF, Dias Tofolli tenha liberado, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou parecer na última sexta-feira, 19, ao STF, contra o pedido feito pelos jornalistas Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, e Florestan Fernandes para que Lula conceda entrevistas dentro da prisão. No parecer, a procuradora defendeu a liberdade de expressão e de imprensa, mas ressaltou que, em algumas situações, há a possibilidade de proibir que presos concedam entrevistas. Definitivamente, Lula não é um preso político. Lula é o Lula! Lula é o cara!
Ministro do Turismo
Nos governo petistas (Lula e Dilma) a qualquer fumaça de que um ministro estaria suspeito em uma investigação, era logo destituído do cargo (até porque a oposição não deixava barato). Nos governos Temer e Bolsonaro, porém, é justamente o contrário. Temer manteve até o fim todos os ministros envolvidos em corrupção. No atual governo, quanto mais envolvido, mais forte ele fica. Por exemplo, o ministro Ônix Lorenzoni, da Casa Civil. Réu confesso de Caixa 2, ele é imexível. A resistência do presidente Jair Bolsonaro em demitir o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) é algo impressionante em se tratando de um governo que disse ter vindo para mudar “tudo isso daí”.
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Cada dia que termina com o ministro no cargo lembra o esforço do personagem mitológico Sísifo. Sua permanência vai se tornando uma missão tão inútil e inexplicável, como rolar uma rocha até o cume da montanha e vê-la descer de novo até a base, a partir da publicação de novas evidências que enrolam ainda mais o ministro. Depois de balançar no cargo ao ser apontado como o mentor de um esquema de candidaturas laranjas em Minas Gerais, Álvaro Antônio se vê novamente envolto num novo escândalo decorrente dessa denúncia. Agora, ele é acusado de ter ameaçado de morte a deputada federal Alê Silva (PSL-MG). Alê, sua correligionária, foi a primeira parlamentar do Congresso a confirmar à polícia as denúncias de que Antônio comandaria o esquema do uso indevido de dinheiro público por meio de candidaturas fakes.
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No último dia 10, a parlamentar, contudo, voltou a procurar os policiais federais para contar que ouvira de um emissário do ministro um alerta sobre o “perigo” que ela e sua família corriam caso continuasse sustentando as acusações contra ele. A deputada foi aconselhada por esse político mineiro, cujo nome ela preserva, a “parar” com as denúncias. Se já era grave manter o ministro pelo escândalo das candidaturas laranjas, muito mais grave é saber que, por conta disso, ele agora faz ameaças à vida de uma parlamentar do seu partido. Alê contou que recebeu a visita de um político do PSL de Minas Gerais em seu escritório em Ipatinga, revelando-lhe que teria acabado de chegar de um fim de semana em Belo Horizonte, onde estivera reunido com Álvaro Antônio. No escritório de Ipatinga, esse político ligado ao ministro foi o porta-voz das ameaças à deputada: “Ele disse para eu parar, esquecer esse assunto, não levar isso adiante, porque senão a minha vida e a da minha família corriam riscos”.
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Além de denunciar as ameaças à PF e à presidência da Câmara, que lhe prometeu segurança, ela encaminhou o caso também para o Ministério Público. Mas Alê disse que não vai ceder às pressões, já que decidiu “combater a corrupção na vida pública” e que jamais irá se calar “diante do surgimento de um foco de corrupção tão perto de mim”. Alê descobriu a existência das candidaturas fakes de Débora Gomes e Milla Fernandes, que receberam dinheiro do fundo eleitoral a mando de Álvaro Antônio mesmo não se empenhando na disputa. “Tudo o que eu pesquisei, e me foi relatado pelas candidatas laranjas que acusaram o ministro, tem extrema consistência”, afirmou ela.
Ministro do Turismo
Ao preservar Álvaro Antônio, Bolsonaro tem dito que só vai demitir o ministro quando as investigações sobre o laranjal sofrem concluídas. Políticos ligados a ele, no entanto, vêm pedindo prudência sob o argumento de que uma nova troca no Ministério agravaria crises que poderiam atrapalhar a tramitação da reforma da Previdência. Mas nem todos seguem o plano do Palácio do Planalto. O líder do governo no Senado, Major Olímpio (PSL-SP), desgarrou-se da recomendação. Ele garante que “se fosse o presidente, não permaneceria com esse desgaste. Defendo que Álvaro Antônio reassuma seu mandato de deputado e use o parlamento para se defender”. Caso Bolsonaro siga permitindo que a pedra de Álvaro Antônio suba diariamente ao cume da montanha para depois rolar ao chão, ele corre o risco de uma hora ver a pedra atropelá-lo quando rolar de volta.
Fonte e arte: IstoÉ
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político