Coluna do RK- Bastidores da Política Nacional e Regional

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Por Roberto Kuppê (*)

Carnaval violento: de quem é a culpa?

O carnaval terminou com notícias de violência em diversos estados, com ênfase ao Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais. Milhares de ocorrência envolvendo jovens. No Rio de Janeiro, aumento de 15% em relação ao carnaval do ano passado. Muito tiroteio, 15 mortes. O crescimento do índice, deve-se ao aumento do desemprego e da evasão escolar (decorrente do desemprego dos pais de alunos). O número de jovens desempregados é grande e isso influencia na criminalidade. Jovens sem emprego e sem estudar são propensos a participar de festas, ingerir álcool e promover brigas. Na verdade, a Coluna do RK acha que brigas, depredações do patrimônio público e privado (ônibus, carros) são um tipo de protesto, de manifestação. Os jovens estão gritando por socorro e as autoridades entendem isso como violência, que na verdade, o é. Mas, o que a juventude sem emprego pode fazer a não ser gritar sob forma de violência? Jovem empregado não participa de arrastões, depredações, brigas. O jovem empregado tem mais responsabilidade, tem namorada e curte mais a família. Já os milhões de jovens desempregados têm uma vida sem regras, à base do tudo ou nada. É preciso que as autoridades entendam isso: que os jovens “baderneiros” não passam de pessoas procurando serem ouvidas. Querem uma colocação na vida. Por favor, políticos do Brasil. Ajudem aos jovens desempregados e não estimulem mais violência contra eles. A coluna não espera nada do governo Bolsonaro nesse sentido, que começou com crescimento do DESEMPREGO, na incapacidade de manter no Brasil uma grande empresa como a FORD. Brigou com a China que passou a comprar soja dos EUA. Brigou com a Venezuela que fechou a fronteira com o Brasil gerando prejuízo para os comerciantes de Pacaraima (RR).

                     O pecado de Lula

Há 14 anos, no dia 11.2.2005, o helicóptero do presidente Lula desceu na comunidade de Canaã, no agreste pernambucano, ao lado da cidade de Toritama; o presidente caminhou até um grupo de crianças e agachou-se em frente a elas. Um fotógrafo captou a cena, e a foto foi publicada nos jornais. O então presidente Lula não era o culpado daquele triste cenário de penúria educacional e pobreza social, mas seria o responsável se, dez anos depois, o quadro se mantivesse. Em 2015, dez anos após a foto, o ex-senador Cristovam Buarque (PDT-DF) voltou ao local e viu a tragédia resultante de dez anos de abandono da educação e da falta de políticas públicas consistentes para a emancipação dos pobres. A menina – na foto está bem em frente ao presidente – de nome Taciana, então com 6 anos, deixou a escola aos 14, engravidou aos 15 e aos 16 tem um filho de 1 ano e 2 meses chamado Angelo Miguel. O irmão dela, conhecido como Cambiteiro, estava no grupo, mas não quis aparecer na foto. Fora da escola antes dos 15 anos, tornou-se vigilante informal nas pobres ruas de Canaã, até ser assassinado. O menino chamado Rubinho, então com 7 anos, para quem o presidente Lula parecia olhar, deixou a escola antes da quinta série e, aos 17, tem um filho de nome Natan Rafael. Seu irmão Diego, que não aparece na foto por ser então muito pequeno, hoje, com 15 anos, já esteve preso; na cadeia, foi jurado de morte pelos presos; esfaqueado, fugiu do hospital e desapareceu. Jailson, o que ri para o presidente, e Josivan, na ponta direita da foto, deixaram a escola antes de terminarem a quarta série. Jaques, então com 9 anos, deixou a escola com 13; o menino conhecido como Nego, então com 8 anos, não estudou e tem hoje dois filhos. 

Feminicídio

Outro fato grave que vem ocorrendo no Brasil, concorrendo com a violência promovida pela juventude, é o feminicídio. Aliás, é a sequencia da violência que começa na juventude e deságua na idade adulta. Jovens com pouca formação cultural, sem profissão, acabam casando cedo e conhecendo as responsabilidades que a vida de casado impõe: despesas com aluguel, pagamento de água, luz, telefone, compras de mantimentos. E quando nasce o primeiro filho as coisas complicam para quem ganha pouco. A maioria das desavenças dos casais tem a ver com dinheiro, problemas financeiros. Acabou o milho, acabou a pipoca, como se diz. Da discussão para o feminícidio é um pulo. Com milhares de ocorrência, o governo federal ainda não tomou nenhuma providência. Há outros motivos para o feminicídio como o ciúme doentio, mas, a maioria absoluta tem relação financeira. As mulheres estão sem proteção do estado que não possui uma política especifica para coibir o feminicídio. Às vésperas do Dia da Mulher, é preciso reflexão e ação das autoridades competentes.

                          Bolsonarices

O despresidente Bolsonaro não faz outra coisa na vida a não ser tuitar nas redes sociais. O cara é viciado como um adolescente. A última dele deu o que falar. Aliás, a cada post, uma crise surge. Não tem jeito. Desta vez ele foi no ânus, digo, fundo. Um rapaz, num bloco de carnaval, faz um gesto incomum de enfiar o próprio dedo no ânus dele. Bem diferente dos tempos da Ditadura Militar quando o general Ustra enfiava ratos na vagina das mulheres. O assunto tomou conta das redes sociais e repercutiu internacionalmente. O vídeo obsceno postado pelo presidente da República do Brasil vai incentivar mais ainda o turismo sexual. O Brasil é rota do turismo sexual, começando pelo Ceará e desembocando no Rio de Janeiro.

Vitória de Marielle

Nem tudo está perdido no Rio de Janeiro. Apesar da morte de Marielle Franco estar fadada à impunidade, uma luz no final do túnel Rebouças acendeu com a vitória da escola de samba Estação Primeira da Mangueira. Corajosamente a escola homenageou a vereadora assassinada. Mesmo a polícia sabendo que foi a própria polícia quem matou Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Pedro Gomes na noite de 14 de março de 2018, dificilmente os mandantes serão punidos.

Congresso Nacional

Os nobres e bem pagos parlamentares brasileiros ganharam quase duas semanas de folga. Retornam ao árduo trabalho no Congresso Nacional somente na próxima terça-feira, 12 de março. É quando realmente iniciam os trabalhos. A reforma da Previdência vai dividir a atenção com o pedido de impeachment de Bolsonaro.

 

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político