CERON X MÁRIO CALIXTO- A verdade…

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Por Roberto Kuppê (*)

Domingo, fazendo nada em casa. Vou treinar para escrever o livro “Mário Calixto, toda a verdade, somente a verdade”. Lembram do Caso Ceron pelo qual muitos jornalistas e empresários foram presos em Porto Velho (RO) nos idos de 1995? Vou contar aqui o que eu sei. Com a morte de Mário Calixto, muitos segredos políticos foram com ele para o túmulo. Não lembro de ele ter delatado ninguém. Deveria, mas não o fez.

O Caso Ceron foi o seguinte. A mídia, durante o governo Raupp, era paga a todos os veículos de comunicação da época (rádio, TVs, jornais e semanários) de uma forma descontrolada. Não é como hoje que se exige muito para receber uns minguados mirréis. Naquela época não tinha sites de notícias. Hoje em dia tem mais sites de notícias em RO do que qualquer parte do mundo. Mas, nos anos 90 dominavam a mídia os jornais impressos O Estadão do Norte, Alto Madeira e o Diário da Amazônia. As TVs Rondônia, Candelária, Meridional, etc. E as rádios FMs. Os jornais semanais e quinzenais do interior mandavam bem nesta época também.

Então o governo Raupp através dos publicitários Dirceu Pelacani e Cleomar Eustáquio inventaram de pagar os veículos quase que diretamente, na boca do caixa (do Beron), com recursos financeiros da CERON. Criaram o rodízio para facilitar. Cada mês um veículo forte recebia o total e pagava os demais veículos. E assim, sucessivamente foram feitos pagamentos todos os meses. O AM pagou um mês, o Diário pagou outro mês, a TV Rondônia também. Enfim, chegou na vez do Estadão pagar.

Eu estava na redação do jornal O Estadão fazendo a prestigiada coluna Zona Franca quando avistei atravessando o corredor que leva à sala de Mário Calixto, o publicitário Dirceu Pelacani (que tem uma história interessante a ser contada depois). Dirceu levava consigo um cheque de uns 2 milhões e poucos de reais ao MC, para que ele pegasse a parte dele e distribuísse a parte as demais veículos.

Com o cheque na mão, Omar Cunha (assessor de MC) e Cleomar Eustáquio foram ao Beron. O diretor do banco era o Dr. Lenzi (esse mesmo do MDB), que avalizou o cheque e os meninos sacaram o dinheiro na boca do caixa. Felizes como pinto na merda, entregaram o dinheiro ao MC que pegou a parte do jornal e mandou o restante para os demais veículos. Só que ficou faltando a parte dos jornais do interior e eles começaram a gritar, o que foi ouvido pelo Ministério Público que mandou averiguar. Foi uma bomba. O sistema de pagamento era considerado crime, porque não tinha controle algum (pelo que entendi).

Resumindo, os secretários da SECOM na época foram presos. Os publicitários citados aqui foram presos. MC foi preso. Omar Cunha foi preso. Enfim, a história é basicamente essa, faltando ajustar alguma coisa que não pesquisei ainda. Ah, na Assembleia Legislativa de RO acontecia quase a mesma coisa, tanto que quase todos os ex-presidentes foram presos e condenados. Estou reunindo documentos e relatos. Quem sabe esse livro saia este ano ainda…

Ah, eu levei whisky 12 anos numa garrafa de Guaraná pet para um destes presidiários ilustres no quartel da PM….

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político