Campanha de vacinação contra a gripe é antecipada por causa do coronavírus

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O governo federal anunciou nesta quinta-feira (27), em São Paulo, que vai antecipar a campanha de vacinação da gripe em 23 dias – a nova data prevista para o início é 23 de março. A decisão foi divulgada um dia após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil.

“Ela é uma campanha nacional, e nós definimos que nós trabalharemos para o dia 23 de março, antecipando em 23 dias a data prevista original”, afirmou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,

De acordo com ele, a antecipação da campanha tem dois objetivos:

  • facilitar o diagnóstico da síndrome respiratória Covid-19, causada pelo novo coronavírus
  • evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado

A vacina contra a gripe não protege contra o novo coronavírus, mas, sim, contra outras “cepas de influenza” (família à qual pertence o H1N1, por exemplo). E justamente por isso pode ajudar a diagnosticar – por eliminação – eventuais casos de Covid-19.

Isso porque essas doenças contempladas pela vacina serão descartadas no caso de pacientes que chegarem às unidades de saúde com sintomas gripais e informarem ter sido imunizadas.

O segundo aspecto diz respeito ao fato de que o número de pessoas com síndromes gripais seria muito maior se não houvesse a campanha de vacinação. Haveria, portanto, muito mais gente ocupando o sistema de saúde.

“Por que fazer a campanha? Por que recomendar a vacina? Se essa vacina me dá cobertura, ela deixa protegido contra essas cepas de influenza o sistema imunológico de 80% daqueles que tomam. Essas cepas virais que estão circulando e que são milhares de vezes mais comuns que o coronavírus”, explicou Mandetta.

“Para um eventual profissional de saúde, um médico, na hora em que um indivíduo um mês depois, dois meses depois [de ter tomado a vacina], se ele tem um quadro gripal e informa que foi vacinado, auxilia muito o raciocínio desse profissional. Para pensar na possibilidade de outras viroses, que não aquelas que são cobertas pela vacina.”

Além do ministro, participam entrevista coletiva em São Paulo o secretário de Saúde do estado, José Henrique Germann; o coordenador do centro de contingência de São Paulo, David Uip; o governador João Doria; a diretora da vigilância sanitária estadual, Helena Sato; o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas; e Cléber Mata, da comunicação do governo.

Segundo o governo de São Paulo, depois do primeiro caso confirmado, o estado passou a monitorar 85 casos suspeitos.

Mandetta disse que era esperado o aumento do número de casos suspeitos depois que a Itália foi incluída na lista de países em monitoramento de casos suspeitos.

“Quando na segunda-feira [24] nós incluímos a Itália o número de conexões que as pessoas fazem, aeroporto de Roma, aeroporto de Milão, muito utilizado, esse paciente saiu da Itália, foi para Paris e daí ele pegou um voo para cá. As combinações da Itália como destino turístico, é um dos países mais visitados do mundo, a Lombardia é uma das regiões mais visitadas do planeta, era muito claro era muito claro, nós dissemos no dia ‘vão aumentar os casos suspeitos”, disse o ministro.

Durante a coletiva de Imprensa, o médico infectologista David Uip também explicou como funcionará o Centro de Contingência para monitorar casos suspeitos de coronavírus montado pelo governo do Estado.

“Este centro está montado composto com experts na área de infectologia. A primeira informação é que estamos diante de um processo conhecido. O coronavírus não é novo: nós estamos lidando com uma variação genética. Vivemos isso com H1N1, com dengue com sarampo então nós estamos preparados para lidar com uma situação que é conhecida.” disse Uip.

“Paciente com tosse e com febre fica em casa. Deverão procurar um serviço de saúde aqueles com complicações respiratórias. Essa febre foi e voltou? Procura o atendimento. Começou a ter dificuldade pra respirar? Procura um serviço de saúde”, completou o médico.

Caso confirmado

O paciente que teve os exames confirmados para a Covid-19 é um morador de São Paulo de 61 anos que viajou para o norte da Itália entre 9 e 21 de fevereiro. O paciente tem sinais brandos da doença, como tosse, e está em isolamento domiciliar.

Os exames de detecção da doença são feitos a partir da coleta de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou coleta de secreções da boca e nariz), que é realizado pelo hospital que atendeu o caso suspeito e encaminhado ao laboratório de saúde pública na capital.

Os dados oficiais estão sendo registrados pelos municípios em um sistema de notificação do Ministério da Saúde.

Como é o diagnóstico de coronavírus pelo Ministério da Saúde. — Foto: Arte/G1

Como é o diagnóstico de coronavírus pelo Ministério da Saúde. — Foto: Arte/G1

Fonte: G1