Bolsonaro agradece 72% dos votos em Rondônia retirando 76% dos médicos do Mais Médicos

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Marcos Rocha e Bolsonaro, menos médicos

PORTO VELHO- O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), começa a agradecer aos votos concedidos a ele em todo o País. Além de aceitar alguns notórios corruptos como futuros ministros, Bolsonaro resolveu tirar dos municípios brasileiros todos os médicos cubanos que vieram ao País pelo programa Mais Médico do PT. É uma vingança, retaliação, como queiram, que vai custar caro para a população pobre do País. E não é exagero. É uma realidade constatada no dia a dia, após Bolsonaro fazer declarações desastrosas e injustas contra os médicos cubanos que estão em 68 países no Mundo.

Rondônia que deu 72% dos votos para Bolsonaro (e quase 70% para Marcos Rocha), assiste estupefato a retirada de 152 dos 200 médicos do programa, o que equivale a 76% de cubanos que já estão partindo para o país caribenho. Procurado pela reportagem do Mais RO, o governador eleito de Rondônia, Marcos Rocha (PSL) não deu retorno.

Diante dessa tragédia que se aproxima, a Associação dos Municípios de Rondônia emitiu uma nota:

NOTA DA AROM SOBRE O PROGRAMA MAIS MÉDICOS

O Municipalismo rondoniense avalia com preocupação os reflexos que a interrupção da cooperação técnica entre a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Governo de Cuba, que se retira do programa federal “Mais Médicos”, poderá impactar os municípios de Rondônia.

Atualmente, segundo o Sistema de Gerenciamento de Programas do Ministério da Saúde (SGP), cerca de 200 médicos atuam em Rondônia custeados pelo programa “Mais Médicos”, do Governo Federal. Do total, 152 são cubanos, o que significa que a saída desses profissionais, sem substituição imediata, causará forte impacto na prestação da assistência básica de saúde pelos municípios às suas comunidades.

A Associação Rondoniense de Municípios (AROM) observa que a capacidade de investimentos em saúde pelas prefeituras já está comprometida, de forma que os gestores não dispõem de reservas financeiras para suprirem a demanda por atendimento médico, descoberta com o rompimento da parceira Brasil/Cuba.

Em Rondônia, as ações municipais de saúde são o setor que mais absorve os recursos públicos. O monitoramento “Tô no Controle”, do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RO) revela que todos os municípios investem mais que os 15% sobre sua arrecadação, obrigatórios em Lei, e traz dados alarmantes de prefeituras que ultrapassam os 30% e que a maioria das gestões investe entre 20% e 30%, como se vê em alguns exemplos abaixo:

Guajará-Mirim: 39,31%

Rolim de Moura: 31,46%

São Miguel do Guaporé: 30,05%

Itapuã do Oeste: 30,11%

Presidente Médici: 29,51

Vale do Paraíso: 28,49

Campo Novo de Rondônia: 27,43%

Cabixi: 26,47%

Candeias do Jamari: 25,64%

Porto Velho: 25,01%

Chupinguaia: 22,98%

Pimenteiras do Oeste: 22,01%

Outro agravante é a dificuldade das gestões de municípios mais distantes do eixo da BR 364, com a seleção para contratação de médicos, pois os gestores se deparam com o pouco interesse desses profissionais em atuarem na área da atenção básica, tendo que residirem nessas localidades mais remotas, ou de se deslocarem por longas distâncias para laborar para a prefeitura.

O Conselho Diretor da AROM lamenta esse episódio e alerta para uma possível crise na oferta do serviço de saúde pelos municípios. A entidade destaca que esse comunicado vem um momento em que o movimento municipalista discutia, justamente, um aprimoramento do programa, quando todas as entidades estaduais representativas de municípios, lideradas pela Confederação Nacional de Municípios – CNM, mantinham diálogo com o Governo Federal visando ampliar o “Mais Médicos”.

A AROM deve acionar a Bancada Federal de Rondônia e Governo do Estado, por apoio na resolução desse impasse, bem como atuará em conjunto com a CNM, para exigir a assistência devida pelo Governo Federal e garantir a prestação do serviço de saúde básica aos municípios e suas populações.

Isso porque, em nota, o Ministério da Saúde divulgou que publicará edital para convocação de novos médicos, mas não estipulou uma data para isso, o que gera ainda mais tensão entre os prefeitos e secretários municipais de saúde.