Bolhas X Urnas: o que você precisa saber para ganhar as eleições de 2018

Na apuração das urnas no primeiro turno das eleições de 2016 em Porto Velho, o primeiro voto da primeira urna apurada foi para o candidato Hildon Chaves, então o “patinho feio” em último lugar e dado como fora das eleições pela pesquisa IBOPE. No segundo turno o feito repetiu-se e Hildon Chaves sagrou-se prefeito, com uma avalanche de votos que surpreendeu até os mais experimentados politicólogos, analistas, palpiteiros e cartomantes de plantão. O então prefeito Mauro Nazif, em conversa com Hildon Chaves logo após a derrota, teria dito “aonde é que você estava que ninguém te viu?”. Este é o melhor exemplo das famosas bolhas das redes sociais, um fenômeno perigoso demais para ser ignorado como tem sido, inclusive pelos tais “especialistas” que assessoram políticos e candidatos.

UNIVERSOS DIGITAIS
As bolhas são, na realidade, planetas dentro de sistemas solares, dentro de galáxias, que estão dentro de universos. E nas redes sociais existem muitos universos com milhares de galáxias e sistemas solares. A internet como conhecemos é tecnicamente denominada SURFACE WEB (internet de superfície em tradução livre), a que não conhecemos é denominada DEEP WEB (internet profunda em tradução livre), e é cerca de 500 vezes maior que a Surface Web que utilizamos. Mas existe ainda a DARK WEB (internet escura), que abriga os cibercriminosos. Além disso existem as redes de internet de uso exclusivamente militar, gigantescas. Enfim, existem vários universos diferentes na internet.
As bolhas correspondem aos planetas e existem sistemas de planetas muito grandes, com dezenas ou centenas de bolhas tão diferentes quanto Júpiter e Mercúrio, não apenas em tamanho mas especialmente em conteúdo. Neste exato momento eu, você e bilhões de pessoas estamos todos presos a alguma ou algumas bolhas, conforme nossos usos e costumes de navegação na internet, e não apenas nas redes sociais. Sim, poucos de nós podemos, vez por outra, ir de um planeta a outro – ou de uma bolha a outra – conforme o domínio e os meios que temos nessa navegação.

A POLÍTICA NA SUA BOLHA
“As histórias que aparecem no seu Feed de Notícias são influenciadas por suas conexões e atividades no Facebook. Isso ajuda você a ver mais histórias que sejam do seu interesse, compartilhadas pelos amigos com quem você mais interage. O número de comentários e curtidas recebidos por uma publicação e o seu tipo (foto, vídeo, atualização de status) também podem torná-la mais propensa a aparecer no seu Feed de Notícias”. Este é um informe do Facebook sobre o funcionamento do Feed de Notícias, ou seja, como funciona o seu sistema de conteúdo. Suas preferências de leitura, de seguir determinadas pessoas, páginas e conteúdos, os amigos com quem você interage, de curtir, comentar, compartilhar, tudo é registrado pelos complexos algoritmos das redes sociais e da internet. Isto gera uma determinada codificação que, por associação e proximidade, faz com que as redes sociais ofereçam um espelho das suas preferências no seu feed de notícias, na barra lateral, nas suas buscas no Google, enfim, por onde você navega o seu comportamento é um espelho do que você gosta, consome, curte, compartilha. Pode negar à vontade meu caro, mas esta é a verdade.

Se você tem preferência política majoritária por conteúdos de esquerda, você será conduzido qual boi no matadouro para conteúdos de esquerda, assim como todos os outros. Eu escrevi preferência política majoritária, mas isto não significa que você terá exclusivamente conteúdos de esquerda. Entretanto, como o volume de dados e diversidade é muito grande em cada bolha, a maioria das pessoas acha “normal” e acostuma-se com a sua bolha. Caso você tenha o controle sobre o seu feed de notícias (e isto é totalmente possível), e sobre o que você busca, consome, lê etc, então você poderá ir de uma bolha a outra e até de um sistema a outro, como no filme Jornada nas Estrelas. Isto faz toda a diferença para entender o que está acontecendo à sua volta e no mundo. Tanto Hildon Chaves quanto Donald Trump, assim como João Doria, todos estavam em suas bolhas que cresciam vertiginosamente, mas não eram percebidas por aqueles de outras bolhas. Até pesquisas eleitorais, jornais, sites de notícias e todo o universo de conteúdos é impactado por bolhas ou por preferências definidas. Somente quem navega dentre bolhas  como naves da Jornada nas Estrelas, poderia ter a percepção do que ocorria no conjunto de planetas e sistemas nas eleições.

SUA BOLHA, SEU ESPELHO
Neste momento senhor candidato – seja político em mandato ou pré-candidato – você está preso em uma bolha. E asseguro, a sua bolha lhe engana assim como a rainha má e feia olhava-se no espelho e dizia: “espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?”. As armadilhas das bolhas na política estão ligadas à má gestão das redes sociais dos políticos e candidatos. É tudo muito artesanal, sem projeto, sem plano, sem estratégia. Todos correm desesperados atrás de likes, quando eles nada representam. Não conhecem as profundas diferenças entre as mídias sociais, suas ferramentas, seus usos.

Neste momento senhor candidato, um outro candidato está fazendo um trabalho intensivo nas redes sociais – além do trabalho de campo, fundamental – e você tem pouco ou nenhum conhecimento da existência dele e seu trabalho. Quando ele vencer nas urnas, tanto você quanto sua assessoria serão tomados de espanto, assim como o foram os adversários do prefeito Hildon Chaves, João Doria, Donald Trump. É por isso que pesquisas apontam que cerca de 70% das cadeiras legislativas serão trocadas em 2018. Em todo o país. A votação da nova legislação eleitoral no Congresso já apontava esta percepção, pois tudo foi feito para garantir a reeleição daqueles que as urnas vão contrariar. Sim, os eleitores estão atentos, e os políticos profissionais gostam de gabar-se de conhecê-los como a palma da mão, até que são traídos pela própria arrogância e cegueira, dentro de suas bolhas.

Quer mudar de bolha ou deixar de ser um bolha?

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