‘BOCA MOLE’ ADMITE ‘CAIXA TRÊS’ DA ODEBRECHT EM CAMPANHA

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Um dos articuladores dos golpe parlamentar que derrubou uma presidente legítima, Dilma Rousseff, e colocou um corrupto na presidência, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PB), apelidado por executivos da Odebrecht como “Boca Mole”, admitiu ter recebido da empreiteira doação eleitoral por meio de empresas laranjas.

Chamada de “caixa três”, a prática se caracteriza por uma triangulação do dinheiro de campanha com o objetivo de escamotear quem era o real financiador. “Eu declarei, foi tudo por dentro. Não sei por qual motivo a Odebrecht não quis dar o dinheiro e passou para outras duas empresas. Acho que havia muita pressão na época e ela não queria aparecer muito”, diz Heráclito à Folha de S. Paulo.

Só nas eleições de 2010, a Odebrecht –a principal empreiteira investigada nos desvios da Petrobras– usou o caixa três para direcionar R$ 5,5 milhões para 28 candidatos. Na prestação de contas eleitorais desses políticos, a empreiteira não figurou como a real fonte dos recursos, e sim a Praiamar e a Leyroz, que também fizeram doações para nomes do PSDB, como o senador afastado Aécio Neves (MG) e o ministro das Cidades, Bruno Araújo, e do PT, como o líder Carlos Zarattini (SP) e o deputado Paulo Teixeira (PS). As investigações apontam que essas duas empresas eram distribuidoras do grupo Petrópolis, fabricante da cerveja Itaipava.

Presidente do TSE, Gilmar Mendes diz que é preciso examinar caso a caso e que, a princípio, o problema maior é do doador. “Não precisa haver necessariamente crime. Herman [Benjamin] e o Ministério Público veem crime em tudo. Se se trata de manipular limites de doação podemos ter um problema”, afirma, se referindo ao teto de doações de empresas, de 2% do faturamento bruto.

Brasil 247