Banqueiros lucram mais de R$ 40 bi no semestre, propõem 0,5% de aumento real e querem retirar direitos

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Banco Itau de Porto Velho em greve. Foto Itamar da CUT

Trabalhadores disseram que a proposta é insuficiente e nova reunião acontece nesta quinta-feira (23)

O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se reuniram nesta terça-feira (21) para a oitava rodada de negociação.

A proposta anunciada pelos bancos foi de 0,5% de aumento real, em um acordo de dois anos. E uma PLR proporcional aos dias trabalhados, direcionada aos licenciados e a licença maternidade, o que prejudica as mulheres que recebem atualmente de forma integral.

“O setor mais lucrativo da economia brasileira não pode oferecer aos seus trabalhadores 0,5% de aumento real, sem o fim das novas formas de contratação, criadas a partir da Reforma Trabalhista (autônomo, terceirizado e intermitente e contrato parcial). Outros setores da economia com lucro muito menores ou até prejuízo apresentaram ganho real maior nesse primeiro semestre, quando a média dos aumentos reais na economia foi de 0,94%, o dobro do proposto pelos bancos”, disse Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “A proposta é insuficiente e retira direitos dos bancários, traz ainda prejuízo às mulheres, que serão prejudicadas caso saiam de licença maternidade. Queremos que a negociação continue na quinta-feira para avançarmos nas reivindicações dos trabalhadores”.

Reajuste – De acordo com dados da consultoria Economática, o setor bancário foi o setor mais lucrativo da economia brasileira no segundo trimestre de 2018. As 20 empresas do setor listadas em bolsa apresentaram lucro líquido de R$ 17,8 bilhões entre abril e junho deste ano. Mesmo com esse resultado os bancos propões aumento real de apenas 0,5% para seus trabalhadores.

As empresas do setor de Alimentação e Bebidas com ação na bolsa de valores (11 empresas) apresentaram prejuízo de R$ 1,5 bilhão no 2º trimestre de 2018 e ainda assim os trabalhadores do setor garantiram ganho real médio de 0,84% no 1º semestre de 2018, segundo o DIEESE.

O setor de Construção (22 empresas) apresentou prejuízo de R$ 861 milhões no 2º trimestre de 2018 e ainda assim as negociações no setor garantiram aumento real de 0,96% no 1º semestre do ano.

As empresas do setor Químico com ações em bolsa (10 empresas) tiveram lucro líquido de R$ 444 milhões no 2º trimestre e os trabalhadores do setor tiveram ganho real médio de 0,95% nos primeiros 6 meses de 2018.

As 20 empresas do setor de Comércio com ações na bolsa apresentaram lucro líquido de R$ 1,5 bilhão no 2º tri de 2018. Os comerciários com negociação no primeiro semestre do ano tiveram ganho real médio de 0,83%.

As 17 empresas do setor de siderurgia e metalurgia com ações na bolsa apresentaram lucro líquido de R$ 1,5 bilhão no 2º tri de 2018. Os metalúrgicos com negociação no primeiro semestre do ano tiveram ganho real médio de 1,22%.

Lucro dos bancos – O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), nos seis primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 41,9 bilhões no primeiro semestre, com alta de 17,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

Desemprego – De acordo com dados dos balanços das instituições financeiras, os cinco maiores bancos que atuam no país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander) eliminaram 6,8 mil postos de trabalho em relação a junho de 2017.

Houve uma redução no emprego bancário de 57.045 postos de trabalho entre janeiro de 2012 e junho de 2018, o que representa uma redução de 11,5% na categoria neste período.

Dados da Categoria – Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional. São cerca de 485 mil bancários no Brasil, sendo 140 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país. A categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2017 de 20,26% e 41,6% no piso.

 

Campanha 2018 – Data-base dos bancários é 1º de setembro. A categoria entregou pauta com as reivindicações no dia 13 de junho. Houve negociação nos dias 28/06, 12/07, 19/07 (Saúde e condições de trabalho), 25/07 (Emprego), 01/08 (Clausulas econômicas), 07/08 (proposta de 3,90%), 17/08 (sem proposta).

 

 

Principais reivindicações Campanha Nacional Unificada 2018:

•      Reajuste Salarial – 5% de aumento real, com inflação projetada de 3,87 % (até 07/08)
•      PLR – três salários mais R$ 8.546,64
•      Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 3.747,10)
•      Vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá  – Salário Mínimo Nacional (R$ 954): Inclusive nos períodos de licença-maternidade, paternidade e adoção, férias e nos afastamentos por doença de qualquer natureza ou acidente de trabalho.
•      14º salário;
•      Fim das metas abusivas e assédio moral – A categoria é submetida a uma pressão abusiva por cumprimento de metas, que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários;
•      Emprego – Fim das demissões; ampliação das contratações; fim das novas formas de contratação, criadas a partir da Reforma Trabalhista (autônomo, terceirizado e intermitente e contrato parcial); fim da precarização das condições de trabalho e homologações feitas no Sindicato
•      Melhores condições de trabalho nas agências digitais
•      Mais segurança nas agências bancárias
•      Auxílio-educação

Cecilia Negrão

Assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região