Maceió (AL)- A população da cidade de Maceió, capital do estado das Alagoas, está com medo de uma possível tragédia em níveis apocalípticos envolvendo um bairro, Pinheiro, podendo se alastrar para outros como Gruta, Tabuleiro e até Benedito Bentes na parte alta. Vários vídeos assustadores circulam pela internet, fazendo comparações com tragédias como as de Brumadinho e terremotos no Japão. Assistam no final da matéria a vários vídeos impressionantes.
De acordo com o G1 Alagoas, rachaduras surgiram em ruas e imóveis no Pinheiro, em Maceió, após fortes chuvas e um tremor de terra em fevereiro de 2018 e ainda representam uma ameaça a cerca de 19 mil pessoas que moram no bairro.
A Defesa Civil identificou três principais fissuras, cada uma com cerca de 1,5 km de extensão, afetando 2.480 moradias. Metade das famílias que moravam em 777 imóveis localizados nas áreas de risco mais críticas já deixou suas casas.
Órgãos municipais, estaduais e federais fazem estudos na região, mas ainda não se sabe a origem do problema. O Governo Federal reconheceu a situação
de emergência no bairro e determinou que sejam adotadas ações necessárias para agilizar a identificação das causas.
Veja o que se sabe sobre as rachaduras no bairro do Pinheiro:
Cronologia do problema
- Em 15 de fevereiro de 2018, as primeiras rachaduras no Pinheiro surgiram após as fortes chuvas que caíram em Maceió. Na época, elas afetaram três quarteirões do bairro, e uma delas tinha 280 metros de extensão e um imóvel precisou ser evacuado.
- No dia 3 de março do mesmo ano, a situação se agravou depois de mais chuvas e um tremor de magnitude 2,5 na escala Richter.
- Em junho, novas rachaduras e uma cratera surgiram. Desde então, os danos em ruas e imóveis vêm aumentando.
- No início de janeiro deste ano, o piso de um apartamento afundou de repente e assustou os moradores.
- Novos buracos surgiram no dia 28 de janeiro, e a Defesa Civil Municipal precisou evacuar um prédio e interditar uma rua por questões de segurança.
- Com as rachaduras aumentando cada vez mais, um simulado de evacuação do bairro foi realizado no dia 16 de fevereiro. O objetivo foi treinar moradores do Pinheiro e equipes de socorro para atuar no caso de desastre.
Moradores relatam que parte de piso de apartamento no Pinheiro cedeu
Estudos sobre as causas
Assim que as primeiras rachaduras surgiram, geólogos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) fizeram análises na região, mas não chegaram a nenhuma conclusão.
- Em junho, equipes da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), órgão responsável pelo Serviço Geológico do Brasil, Defesa Civil Nacional e Municipal, além da Agência Nacional de Mineração (ANM), deram início a uma nova bateria de estudos no bairro.
- Sem uma resposta conclusiva por parte dos especialistas, a prefeitura decretou situação de emergência no bairro em dezembro.
- Algumas semanas depois, a situação foi reconhecida pela União.
- Em janeiro de 2019, equipes de geólogos do Governo Federal começaram a analisar o fundo da Lagoa Mundaú, que fica próximo ao bairro. Novos estudos também foram iniciados para avaliar o subsolo da região.
- No dia 16 de janeiro, os órgãos envolvidos com o estudo do problema se reuniram com os moradores para explicar o que está sendo feito, mas nenhuma resposta foi apresentada.
- Especialistas admitem pedir ajuda internacional caso não consigam descobrir até março as causas do fenômeno.
- No dia 21 de janeiro, geólogos iniciaram um estudo para medir a resistência do solo no bairo.
Mapa mostra as áreas afetadas pelas rachaduras no bairro do Pinheiro, em Maceió — Foto: Reprodução/Serviço Geológico do Brasil
As hipóteses
- Segundo a Defesa Civil, rachaduras já vinham aparecendo em casas da região desde 2010, mas pela primeira vez, elas surgiram em vários imóveis ao mesmo tempo.
- Em março de 2018, o geólogo André Galindo, ouvido pela TV Gazeta, levantou a hipótese de o tremor de terra ter sido provocado por uma acomodação do solo, a 300 metros de profundidade.
- Já o grupo de geólogos da UFRN apontava para camadas inconsolidadas de areia, que estariam sendo carregadas pelas chuvas. Essa alternativa, no entanto, foi descartada pela CPRM. Segundo o órgão, os indícios de instabilidade são muito anteriores ao tremor de terra.
- No início deste ano, os pesquisadores da UFRN apresentaram três novas hipóteses: a exploração do sal-gema na região, por parte da Braskem; o aparecimento de uma depressão no solo, conhecida como “dolina”; ou a localização do bairro em uma área tectonicamente ativa.
- Alguns moradores atribuem o problema à exploração da sal-gema, um tipo de cloreto de sódio utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC. A Braskem vem realizando estudos, cumprindo compromisso firmado com a ANM.
- Os primeiros resultados das análises feitas até agora pelos geólogos só devem ser conhecidos a partir de março de 2019.
As medidas de segurança
- Além da remoção das famílias das áreas de risco mais críticas, vistorias estão sendo feitas em imóveis para determinar se os moradores devem deixar esses locais imediatamente.
- Um relatório do Serviço Geológico do Brasil recomendou a implantação de um plano de emergência para o bairro, o treinamento de moradores para a necessidade de esvaziamento emergencial e a criação de rotas de fuga, além da estruturação de serviços públicos de emergência, o que envolve Corpo de Bombeiros, hospitais e outros órgãos.
- Além disso, com o reconhecimento da situação de emergência pela União, moradores que deixaram suas casas têm direito a receber auxílio-moradia do Governo Federal. O valor pedido pela prefeitura foi de R$ 1 mil por família. Além disso, as famílias vêm sendo acompanhadas por psicólogos da prefeitura.
- Em 18 de janeiro, a União liberou R$ 480 mil para o pagamento de aluguel social para as famílias que deixaram suas residências.
- Também no dia 18, foi apresentado o plano de contingência para a região. Uma das ações é o simulado de evacuação, que foi agendado para o dia 23 de fevereiro, mas precisou ser antecipado para o dia 16.
- Foram estabelecidas rotas de fuga que levam a 6 pontos de encontro, para onde os moradores do bairro devem ir em caso de tragédia.
- As três escolas municipais que ficam no Pinheiro devem mudar de endereço. A prefeitura diz que elas não estão nas áras de risco, mas que vai adotar a medida por prevenção.
- No dia 26 de janeiro, o governador Renan Filho (MDB) anunciou a suspensão de todas as licenças ambientais da Braskem no Pinheiro. A medida é preventiva, já que ainda não há estudos que liguem a atividade da empresa no bairro aos problemas das rachaduras.
Especialistas se reúnem para detalhar plano de contingência para o bairro do Pinheiro, em Maceió, onde ruas e imóveis estão apresentando rachaduras — Foto: Derek Gustavo/G1
Moradores fazem mudança do bairro do Pinheiro — Foto: Magda Ataíde/G1
https://www.youtube.com/watch?v=spwhgg4XALM