Babu foi eliminado pelo preconceito e por uma enxurrada de fake news

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Babu Santana, homem preto, periférico, ator. Ganhador de dois Grande Otelo, um importante prêmio do cinema brasileiro. Seu apelido veio de um apelido racista de infância, “babuíno”, do qual ele se apropriou como um protesto. Preto lida com racismo desde sempre.

Campeão absoluto de paredões do BBB – foram 9, e ele só não voltou do último porque a internet é suja e sempre usa seus recursos para o que há de pior: fake news. Fake news destilando um racismo e um preconceito de classe que não surpreende, mas sempre choca.

Circulou, em grupos de WhatsApp, uma foto do ator em uma cena de Cidade dos Homens, série da Globo da qual fez parte, numa favela, em meio a homens armados, como se fosse real. O fato de Babu ter interpretado, em boa parte de sua carreira, personagens estigmatizados, traficantes, bandidos, ladrões, também fala sobre o imaginário racista do entretenimento.

Dentro da casa, mulheres brancas diziam ter medo dele. Ele era um monstro. O homem negro mau. Assustador aos olhos daquelas que batiam no peito desfilando seu feminismo raso, que não inclui raça ou classe, apenas gênero, e não serve pra nada. Uma riu do seu pente garfo, símbolo de resistência negra, perguntando “quem penteia o cabelo com um trem desse”.

E os racistas “aqui de fora” não perderam tempo. Reeditando a tática da mamadeira de piroca, da ideologia de gênero que comeria criancinhas inocentes, se aproveitaram de uma sociedade estruturada pelo racismo para reforçar os preconceitos.

Babu foi eliminado, mas saiu enorme. Nunca um assunto tão importante mobilizou tanta gente. Talvez o BBB não seja, afinal, tão alienante assim.

Fonte: Revista Fórum