Ato em Nova York homenageia homem que morreu de asfixia após ser encapuzado pela polícia

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Manifestantes fizeram atos em Nova York e na cidade de Rochester, onde Daniel Prude morreu asfixiado após um incidente com policiais.

Centenas de manifestantes marcharam na quinta-feira (3) na praça de Times Square, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, para protestar contra a morte de um homem negro ocorrida em março. Durante a passeata, um carro avançou contra as pessoas na principal avenida de Nova York.

O ato era em homenagem a Daniel Prude, que foi morto há mais de cinco meses. Nesta semana, foi divulgado um vídeo de sua prisão pela polícia, no dia 30 de março, na cidade de Rochester, no norte do estado de Nova York.

A manifestação na cidade de Nova York não foi a primeira: na na quarta-feira houve um protesto em Rochester, que foi dispersado pela polícia com spray de pimenta e terminou com várias prisões, informou o jornal local.

As imagens do vídeo divulgado recentemente mostram os policiais colocando um capuz em Prude e forçando-o a se deitar de bruços no chão. Ele morreu sete dias depois desse incidente, de acordo com sua família.

Policiais ainda seguram Daniel Prude, um homem negro, no chão mesmo com a presença de uma ambulância — Foto: Rochester Police via Roth and Roth LLP via AP

“A morte de Daniel Prude foi uma tragédia”, disse a promotora Letitia James, em um comunicado para anunciar a investigação na quarta-feira.

Letitia, que também é negra, afirmou que compartilha as preocupações da comunidade para “garantir que haja uma investigação justa e independente sobre sua morte e apoio seu direito de protestar”.

O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, disse que a morte de Prude exige respostas rápidas e cooperação total da polícia. “Ontem à noite assisti ao vídeo da morte de Daniel Prude em Rochester. O que vi é profundamente alarmante e exijo respostas”, disse ele em nota.

Cuomo disse estar confiante de que a investigação da promotoria trará justiça “o mais rápido possível”.

Morte por asfixia

Em 23 de março, o irmão de Prude ligou para a polícia. Ele tinha problemas psicológicos, e saiu de madrugada nu pelas ruas cobertas de neve. O homem, nu e desarmado, foi filmado pelas câmeras colocadas nas fardas dos policiais.

Desarmado, Daniel Prude morreu depois de ser algemado e encapuzado por policiais na cidade de Rochester. — Foto: We The People/GoFundMe/BBC

A polícia ordenou que ele se jogasse no chão. Ele obedeceu e foi algemado, mas depois mostrou-se agitado. Os policiais, então, colocaram-lhe um capuz feito para que os agentes não recebam cuspes ou mordidas dos detidos. Prude foi obrigado a manter a cabeça para baixo durante dois minutos.

Ele então perdeu a consciência. Os policiais tentaram reanimá-lo, mas não conseguiram e o levaram para um hospital. Uma semana depois, as máquinas que o mantinham com vida foram desligadas e ele morreu.

Segundo o jornal local “Democrat and Chronicle”, a necropsia determinou que sua morte foi um homicídio causado por “complicações de asfixia devido a uma dominação física”. Também detectou um baixo nível da droga alucinógena PCP no sangue, o que foi descrito como uma complicação.

Reação da prefeitura

“Chamei (a polícia) para que ajudassem meu irmão, não para que o linchassem”, disse Joe Prude em coletiva de imprensa na quarta-feira.

A prefeita de Rochester, Lovely Warren, que é negra, disse a jornalistas na quarta-feira que assistiu ao vídeo, que chamou de perturbador. “Eu definitivamente entendo a família e tenho empatia por ela”, disse ele.

Em outra entrevista coletiva, o chefe de polícia de Rochester, La’Ron Singletary, admitiu a indignação pela morte de Prude, mas garantiu que o atraso na divulgação do vídeo não foi uma tentativa de encobrir o que aconteceu.

As imagens estão sendo analisadas, e os policiais envolvidos foram suspensos.

Outros casos

A morte em 25 de maio de George Floyd, outro homem negro, asfixiado por um policial branco em Minneapolis, desencadeou protestos gigantescos convocados pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) contra o racismo e a violência policial.

Em Kenosha, no estado de Wisconsin, também houve manifestações depois que o afro-americano Jacob Blake foi baleado sete vezes nas costas por um policial branco em 23 de agosto. Um vídeo mostra que ele não estava ameaçando os policiais.

Durante a onda de protestos em Kenosha, um jovem branco de 17 anos matou dois manifestantes.

Outros protestos abalaram Los Angeles depois que a polícia matou Dijon Kizzee, um homem negro de 29 anos que estava andando de bicicleta e aparentemente violou as regras de trânsito, na segunda-feira.

Em Washington, DC, a polícia atirou e matou um homem negro de 18 anos, Deon Kay, na quarta-feira após responder a uma denúncia de que um homem circulava armado.

Fonte: G1