Ativista que inspirou filme ‘Hotel Ruanda’ é preso por acusação de terrorismo

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Paul Rusesabagina, que vivia exilado na Bélgica, é crítico do presidente de Ruanda. Alguns ruandeses o consideram herói que salvou mais de mil pessoas ao abrigá-las em hotel que gerenciava na época do genocídio.

A polícia de Kigali, capital de Ruanda, anunciou nesta segunda-feira (31) que prendeu Paul Rusesabagina sob acusação de terrorismo. A história do crítico do presidente Paul Kagame inspirou o filme “Hotel Ruanda”.

O Gabinete de Investigação de Ruanda (RIB) informou que Rusesabagina, que vivia exilado na Bélgica, foi preso graças à cooperação internacional e que está detido em uma delegacia de polícia na capital Kigali.

“Com a cooperação da comunidade internacional, Paul Rusesabagina foi preso e agora está nas mãos do RIB”, disse a repórteres Thierry Murangira, porta-voz adjunto do Gabinete de Investigação de Ruanda.

O porta-voz, porém, recusou-se a esclarecer as circunstâncias da prisão, argumentando que isso poderia “prejudicar a investigação”.

O porta-voz, que acusou Rusesabagina de ter trabalhado pela mudança de regime em Kigali, acrescentou que ele era objeto de um mandado de prisão internacional e “suspeito de ter financiado e criado grupos terroristas operando na região dos Grandes Lagos”.

Os investigadores o culpam por atos de terrorismo, incêndios, sequestros e assassinatos, principalmente cometidos em território ruandês em duas ocasiões, em junho e dezembro de 2018.

O Ministério Público da Bélgica sabia que Rusesabagina era alvo de um mandado de prisão internacional e foi informado por Ruanda de sua prisão, mas “não tinha detalhes das circunstâncias”, segundo declarou à AFP seu porta-voz, Eric Van Duyse.

Rusesabagina, um hutu, era o gerente do Hotel des Mille Collines em Kigali, retratado no filme “Hotel Ruanda”, durante o genocídio que deixou quase 800 mil mortos entre abril e julho de 1994, principalmente entre a minoria tutsi, mas também entre os hutus moderados, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Alguns ruandeses o consideram um herói que salvou mais de mil pessoas ao abrigá-las no hotel, mas outros, incluindo as principais autoridades do regime de Paul Kagame, o chamam de impostor.

Ele então se tornou um crítico feroz de Kagame, cuja Frente Patriótica de Ruanda (FPR) encerrou o massacre.

No exílio, Rusesabagina fundou o Movimento Ruandês para a Mudança Democrática (MRCD) e continuou a criticar o presidente Kagame por amordaçar a oposição.

No poder desde 1994, Paul Kagame é criticado por liderar o país com punho de ferro, reprimindo todas as formas de dissidência e prendendo ou exilando políticos da oposição.

A organização Human Rights Watch acusou seu regime de execuções sumárias, prisões, detenções ilegais e torturas nas prisões.

O RIB chamou o MRCD e seu braço armado, Frente de Libertação Nacional (FLN), de “grupos terroristas extremistas” e Ruanda acusou os vizinhos Burundi e Uganda de abrigá-los.

Fonte: G1

Por France Presse