Ao defender Conselho LGBTTT, Hermínio Coelho esculhamba com deputado evangélico Marcos Rogério

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Na sessão ordinária da Assembleia Legislativa dessa quarta-feira (2), o deputado Hermínio Coelho (PCdoB) disse lamentar por não ver manifestações da sociedade e nem se transformar em discussões polêmicas, os tantos outros problemas que acontecem tanto no país, em geral, como em Rondônia.

O político se referiu à polêmica gerada em torno da aprovação do Projeto de Lei nº 845/17 que criou o Conselho Estadual de Políticas Públicas e Direitos Humanos para a população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTT), votado na última semana na Assembleia.

Segundo Hermínio, muitos tipos de atrocidade contra o povo, a exemplo de casos de corrupção na política, ataques contra direitos dos trabalhadores que constantemente perdem seus direitos, entre outras situações, não recebem a mesma atenção e interesse por parte da sociedade em lutar contra.

De acordo com o deputado, o Conselho Nacional Lgbttt, criado pelo então presidente Lula em 2010 trata justamente sobre direitos.

“Desde que existe mundo e que existe gente, existem aqueles que têm a opção sexual diferente. E no Brasil, nunca se falou tanto disso, do preconceito, da discriminação, da intolerância em relação a essa parcela da sociedade e por isso, o governo federal criou esse conselho e destinou orçamento para combater os crimes praticados contra essas pessoas”, ressaltou Hermínio.

No entanto, em Rondônia, segundo o parlamentar, o Conselho Estadual de Políticas Públicas e Direitos Humanos para a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros não traz qualquer despesa para o Estado.

“É apenas uma instituição onde essa classe possa ter o direito de reclamar a intolerância, o preconceito e o ódio que é pregado todo dia contra ela. E tenho certeza que religiosos decentes, sejam católicos ou evangélicos, não são contra esse conselho, pois Jesus Cristo ficava do lado dos que eram discriminados, dos que sofriam preconceitos e perseguição”, argumentou o deputado.

Hermínio Coelho criticou o recente posicionamento do deputado federal Marcos Rogério (DEM) que declarou ter considerado a aprovação do projeto uma vergonha nacional. Para Hermínio, na reunião com pastores evangélicos, onde declarou repúdio à criação do referido Conselho, Marcos Rogério deveria explicar “porque era o menino de recados” do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB).

O deputado cassado foi preso preventivamente em outubro de 2016 durante a Operação Lava Jato. Cunha é réu em dois processos e um deles envolve o pagamento de propinas da Petrobras para viabilizar a compra de um campo de petróleo na África, o processo pelo qual ele foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão.

Hermínio Coelho ainda frisou que o deputado Marcos Rogério deveria se explicar em relação aos abastecimentos de combustível que ele faz em seu avião particular no aeroporto de Ji-Paraná, pagos, segundo Hermínio, com verba indenizatória da Câmara dos Deputados.

“Inclusive o avião está no nome de laranjas. Como pode ter um avião com nome de laranjas e abastecer com combustível da verba indenizatória da Câmara. Eu, sinceramente, espero que nossa população de Rondônia enxergue bem quem são as pessoas verdadeiras”, declarou o deputado.

O parlamentar destacou que na hora de pedir votos, a opção sexual diferente do eleitor não é levada em consideração.

“Na hora de pedir voto, o político não pede voto só para cristãos ou homofóbicos. Pede para todo mundo. Infelizmente o mundo tá cheio de gente que engana o próximo, se utilizando da bíblia, usando o nome de Deus para poder se dar bem na vida”, disse o deputado.

Hermínio disse que Marcos Rogério deveria se preocupar com o escândalo dos R$ 30 milhões referentes a um projeto de construção de uma ponte em Ji-Paraná. O deputado disse não ter visto nenhum pastor e nenhum padre falar a respeito do assunto.

“Tiraram R$ 30 milhões dos cofres do DER e eu não vi nenhum religioso desse Estado falar nada”, afirmou o deputado.

O que Hermínio disse ter visto foram trabalhadores da Educação em 48 dias de greve, mas nenhum religioso e nem a sociedade revoltada com os políticos para defender os educadores, assim como não viu religiosos e nem a sociedade que se revoltou com a aprovação do Conselho Estadual, se revoltar com o caos do João Paulo II e o sofrimento dos pacientes, assim como não viu ninguém criar polêmica diante da situação dos servidores da Caerd, que sofrem sem receber a meses.

O parlamentar defendeu que existem homossexuais muito mais decentes, honestos, discretos, que levam uma vida bem mais digna do que muitos héteros envolvidos em escândalos, roubos, corrupção e tanto outros crimes.

O deputado concluiu afirmando que votou a favor da criação do Conselho e votará sempre. E caso a Assembleia volte atrás para tentar vetar o projeto que já foi aprovado, votará contra o veto.

 

ALE/RO – DECOM – Juliana Martins 
Foto: Lusângela França