Alunos denunciam preconceitos e abusos em colégios militares do Brasil

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Relatos anônimos publicados em uma página na internet expõem problemas na instituição ao falar sobre racismo, machismo e homofobia
Relatos anônimos publicados em uma página na internet expõem problemas na instituição ao falar sobre racismo, machismo e homofobia

Desde a terça-feira (27/12), alunos e ex-alunos de colégios militares de todo o Brasil têm usado uma página no Facebook para expor situações constrangedoras (e até criminosas) vividas dentro das dependências da instituição.

A página, batizada de No Meu Colégio Militar, recebe relatos por e-mail e via formulários e os publica de forma anônima. Em dois dias, conquistou mais de 5 mil curtidas. Segundo estudantes, escolas mantidas pela instituição em todo o país, inclusive a de Brasília, enfrentam problemas como racismo, machismo, intolerância religiosa e homofobia.

Entre os desabafos enviados por brasilienses, uma psicóloga é acusada por um dos alunos de dizer que “não se cumpre código de ética” no Colégio Militar. Um deles conta que uma professora o chamou de “incompetente” em sala de aula, pois ele não “prestava nem para se matar”. O garoto havia tido uma crise de depressão.

Outra publicação trata de uma certa “orientação” dada a meninas da cavalaria para que não usassem o uniforme “apertado demais” ou alguns tipos de calcinha para não chamarem a atenção de homens e superiores.

Cinco alunas denunciaram a ordem. “Pediram que meninas da cavalaria não usassem calcinha que aparecesse no culote (calça de montaria) porque chamava a atenção dos militares”, escreveu uma delas.

A publicação teve quase 400 curtidas. Nos comentários, as pessoas se dividiam entre o espanto e a acusação. “Bizarro”, comentou uma usuária. “Quem é criado com muita frescura não estuda em colégio militar”, desdenhou um dos internautas. Há quem questione a intenção da página:

 

 

Sobre intolerância religiosa, alguns alunos contam que são obrigados a marcharem debaixo do sol caso não queiram assistir a nenhum dos cultos e reuniões religiosas.

Alguns relatos vindos da capital federal ainda dão conta de ofensas racistas relacionadas a cabelos black e tranças. “Um dia eu estava no pátio da cantina e um oficial veio falar comigo, perguntou como me deixavam ter esse cabelo de pavão no colégio”, conta um aluno.