A urna, o mecanismo de fazer faxina

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Por Benê Barbosa (*)

Influenciar, mudar, transformar um mecanismo de gestão politica que não se volta para o bem comunitário é coisa que só pode ser feita se o cidadão que está decidido a enfrentar tal desafio for capaz de “entrar” no mecanismo.  É preciso ser parte desse mecanismo, ocupar o lugar dos propulsores, daqueles que controlam a complicada “jabiraca” conhecida como governo e dezenas de outros nomes não muito elegantes que o povo usa.

         Do lado de fora o cidadão é apenas um dos milhares que alimentam a sempre enguiçada máquina, uma insaciável devoradora de dinheiro, que sai do bolso de toda e qualquer pessoa. Antes de ser engolido pela máquina, pelo sistema de gestão pública, o dinheiro ganha vários apelidos – imposto, tributo, taxa, contribuição e por ai adiante.

         Do lado de fora o cidadão não pode fazer nada. A única tentativa é usar o direito de votar, escolhendo os condutores do mecanismo. O diacho é que a maioria das pessoas se deixa enganar pelas acrobacias e truques de ilusionismo que os pilotos da máquina pública sabem muito bem fazer para se manter  na cabine de comando. Iludidos, renovam as credenciais de condutores políticos, mesmo sabendo que são péssimos nisso. Muitos, é bom lembrar, perderam a “carteira” e mais um tanto ainda continua porque sempre encontram  patrulheiros “parceiros.”

         Quem vota tem culpa e quem, tendo conhecimento, liderança e honestidade, foge do enfrentamento, nem tenta entrar no “mecanismo” também.

 Uma vez na sala de comando, o cidadão ou cidadã de boa vontade, honesto de principio e de atitude, pode alterar  esse “fazer” politica ordinário e que piora cada dia mais.

         Poucos são os indivíduos verdadeiramente corretos que aceitam se infiltrar no estranho mundo da politica, das campanhas eleitorais, dos acordos espúrios e das propinas. Primeiro porque se quiser vencer precisa pelo menos fazer de conta que é  parecido com o resto da turma.

Sim, porque o eleitor gosta desse jeito. Candidato que não anda sorrindo feito besta, que não se faz de amigo, que diz bom dia, mas na verdade está com nojo do velhinho desdentado que trabalhou a vida toda e demorou anos para conseguir se aposentar, sofrendo toda sorte de humilhação em filas e balcões.

Não, não estou dizendo que o eleitor é imbecil e nem que os valentes vão entrar agora na disputa eleitoral virem atores, que mudem o comportamento e até a personalidade.

Estou dizendo que é da natureza humana  desconfiar de tudo que seja desconhecido, incluindo gente com idéias políticas e planos de gestão diferentes daquilo que sempre ouviu e nunca viu ser feito.

Estou dizendo que os cidadãos e cidadãs que estão se dispondo a entrar no intestino do mecanismo politico com intenção de ajustar o rumo precisam. A maioria está em ação faz tempo, mas nessa eleição muitos se colocam na condição de pré-candidato semana que vem. Esse grupo precisa se apresentar aos eleitores imediatamente, porque campanha só pode ser feita nos 45 dias antes da votação é lenda.

É preciso determinação, disposição e tempo. A maioria das pessoas vota pelo vínculo, mesmo que tênue ou até imaginário, por simples simpatia, pela sugestão de terceiros e também pelo “ouvir falar” desse ou daquele que corre atrás da renovação das credenciais.

Mesmo em grupos diferentes, essa nova geração de candidatos precisam se unir no processo de conscientização das pessoas. O povo pede mudanças, caras novas, mas costuma escolher de novo muitos condutores da máquina pública, sabendo que além de serem péssimos para a função, costumam sabotar a máquina, levando para casa desde parafusos até o combustível.

Em Rondônia até que não está difícil fazer uma faxina geral. A Justiça já tirou uma pá de coisa ruim do jogo e outro tanto toma o mesmo rumo daqui a pouco. O eleitorado também sinaliza estar atento e a junção de forças num esforço conjunto de conscientização e convocação para o exercício da cidadania com responsabilidade vai ajudar bastante.

(*) Benê Barbosa é jornalista e articulista político