A SORTE DE UM AMOR TRANQUILO…

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Exibindo sorte amo tranquilo 4.jpgCOLUNA RETICÊNCIAS POLÍTICAS (DE FÉRIAS*)…  –  Por Itamar Ferreira

… cada ser humano é aaaamorúnico em seu perceber, sentir e reagir. A história de vida de cada um, os traumas e experiências positivas  causados pela interação com o meio em que vive, as tradições familiares e sociais, crenças… nos transformam em seres únicos em sua individualidade

A natureza “cobra” o seu preço e dois desses seres “fatalmente” vão se apaixonar um pelo outro, pois isso é um necessidade biológica, cultural e emocional. No nos momentos iniciais dessa paixão/amor as diferenças não se tornam imediatamente perceptíveis, pois nesta fase do relacionamento agradar e conquistar o outro é o que mais importa.

Entretanto, com o passar do tempo as diferenças, que sempre existiram, de repente se tornam perceptíveis: maneira de pensar, valores, hábitos, preferências, objetivos, opiniões, gostos…  e principalmente ela: a rotina! Seria  algo como um “choque de realidade”.

O que fazer? Poetas, filósofos e pensadores já se debruçaram sobre o tema e até hoje não se conseguiu uma “receita” para facilitar essa complicada e difícil relação a dois, mas vários caminhos já foram apontados. Dentre as inúmeras “receitas” que existem eu passei a meditar há alguns anos sobre o poema de Mario Quintana: “O Jardim das Borboletas”.

Passei a refletir sobre os ensinamentos do mestre Quintana de que “para ser feliz com outra pessoa você precisa em primeiro lugar não precisar dela”. Apesar de soar contraditório, esse é o antídoto para o ciúme doentio e a insegurança crônica que destroem tantos relacionamentos.

O grande poeta também ataca a visão romântica da pessoa ideal que alguém possa escolher, sem a qual ela jamais seria feliz, ao dizer que “aquela pessoa que você ama ou acha que ama, e que não quer nada com você, definitivamente, não é a pessoa de sua vida”; ou seja, parta pra outra.

Quintana alerta para a importância de “gostar de você, e cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você”. Conclui-se, dessa premissa, que ninguém pode te “fazer feliz”, só você mesmo é o único responsável; logicamente tal responsabilidade recai, igualmente, sobre a infelicidade nossa de cada um.

Um “pecado” comum nos relacionamentos é o de “sufocar” o outro, com ciúmes e o desrespeito à privacidade/individualidade mínima de cada um, principalmente com o famigerado ciúme doentio (um pouco de ciúme é natural), que muitos dizem ser a verdadeira prova de amor, “por que se importa”, mas não é, trata-se apenas da prova da falta de confiança no outro, da insegurança da e imaturidade própria.

Com as leis que regem os relacionamentos são mais complexas do que as leis da física, o ciúme e o sufocar provocam justamente o efeito contrário, pois outro passa a sentir necessidade de mais liberdade. Mais uma vez o magistral Mario Quintana revela “o segredo não é correr atrás das borboletas…. é cuidar do jardim para que elas venham até você”.

Acredito que, como dizia o grande Cazuza na música intitulada “Todo Amor Que Houve Nessa Vida”, a melhor forma de manter e aprofundar um relacionamento é se buscar ter “a sorte de um amor tranquilo”, baseado nestes quatros princípios de Quintana: a) não precisar da outra pessoa; b) quem não quer nada com você não é a pessoa da sua vida; c) gostar e cuidar de você e d) não correr atrás do outro.

Mas ainda há ele: o imponderável e imprevisível destino. Há cerca de três anos, conversando com uma amiga pela rede social ela me relatava das dificuldades que estava tendo no namoro, pelo relato que ela fez eu concluí que o poema “Jardim das Borboletas” teria algumas respostas e o enviei pra ela, que adorou e passou a refletir também sobre este poema…

… mas quem poderá prever o imprevisível? No momento em que escrevo estas mal traçadas linhas a minha então amiga, à quem enviei o poema de Mario Quintana há três anos, repousa suavemente ao meu lado na cama em um sono tranquilo. Tenho agora com ela a cumplicidade de construir ‘a sorte de um amor tranquilo’, que já dura maravilhosos cinco meses!

* O autor da coluna estará de férias nos próximos dez dias, por isso o assunto abordado é diferente do usual.