“A minha vida mudou para melhor”, afirma beneficiada pelo programa Morada Nova

0
840
Na nova morada, famílias pagam menos com a garantia de ser donas do imóvel ao final das prestações
Na nova morada, famílias pagam menos com a garantia de ser donas do imóvel ao final das prestações

Decorridos dois anos, muitas famílias beneficiadas com uma casa no Residencial Alvorada, em Vilhena, construído numa parceria do Estado com a União, por meio dos Programas Minha Casa Minha Vida e Morada Nova, dizem ainda não acreditar que têm uma casa própria. Quem pôde fez melhorias, como ampliação e muros. Mas a maioria que não pôde acrescentar benfeitoria planeja a construção de pelo menos mais um cômodo, como diz a dona de casa, Geralda Gonçalves, que tem por meta aumentar um quarto para as crianças.

Antônio Arlindo conta que antes de contrair hanseníase tinha força e enfrentava qualquer tipo de trabalho pesado. “Eu cavava poço, fossa, roçava juquira e nunca me cansava”. A doença freou os seus hábitos e inibiu a sua vida profissional e, mesmo depois de liberado do tratamento com o laudo de cura, não pode fazer o que antes era sua rotina. “A gente fica curado, mas a saúde nunca mais volta a ser a mesma”. Antes do Morada Nova, ele pagava R$250 em um imóvel na Vila Operária, que nem se compara à nova casa. A prestação de R$31,10 está atrasada, ele confessa, mas diz que pretende logo regularizar porque a casa onde mora é uma bênção em sua vida. “As coisas estão muito difíceis, mas sem esta casa tudo estaria pior”, constata.

"Minha vida mudou para melhor", diz Ciliane

Com investimentos de R$ 10,5 milhões, o Morada Nova mudou a vida de muitas pessoas, como a de Ciliane Fernandes Santos, uma das primeiras contempladas. “A minha vida mudou para melhor”. Por ter deficiência visual, ela conta que recebe um beneficio da Previdência e com isso pode manter em dia o pagamento da prestação da casa no valor de R$ 31, e da mobília que comprou utilizando o programa federal Minha Casa Melhor. A filha Tainara, de 11 anos, está matriculada na Escola Maria Arlene Toledo, onde cursa o 6º ano. “O que vivemos hoje não se compara à vida de antes”, relata.

A vizinha de Antônio, Graciele Novaes, está desempregada, mas diz que está muito esperançosa de conseguir uma nova guinada na vida. “Vou partir para o empreendedorismo”. Graciele é salgadeira profissional e está formando sociedade com uma amiga, que está comprando os equipamentos e materiais. “Logo, logo nossa fábrica de salgados vai estar funcionando, aqui mesmo”, comemora.

Segundo ela, se ainda estivesse no antigo bairro, o Cristo Rei, talvez não pudesse montar um negócio. “A casa era pequena e o aluguel de R$ 350 alto demais para nossa renda”. Com o novo negócio ela espera regularizar o pagamento no Residencial Alvorada, onde paga R$ 79,95, por mês, além da mobília adquirida pelo Minha Casa Melhor.

“Deus tem sido bom para mim e não posso perder as oportunidades”, afirma Graciele, que aponta como uma das fragilidades do bairro a falta de transporte coletivo. “Esses dias começou a passar um circular, mas ele só passa três vezes ao dia”. O filho estuda na Apae e conta com o transporte que a instituição destina aos alunos. Quanto à filha, aprovada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifro), para o curso de edificação, precisa sair de casa cedo para embarcar no ônibus na avenida Paraná, nas proximidades. “Aqui é muito bom, mas precisamos de serviços, como dos Correios e transporte coletivo”.

Graciele pagava R$ 350 de aluguel e agora R$ 79,95

Apesar do muro ao redor das casas, ela diz que desconhece atos de violência no conjunto, mas que não pode dizer o mesmo do percurso feito pelos moradores do residencial até a saída do bairro. Segundo ela, as crianças têm sido vítimas de ladrões que roubam bicicletas e celulares.

A gerente regional da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), Solange Bernardo, explicou que cada um dos entes tem uma parte no projeto do residencial, que envolve a União, Estado e município; e que os serviços de infraestrutura, como escolas, creches e equipamentos públicos são de competência do município. Ela entende que esses serviços já estão sendo providenciados pela administração.

O número de crianças no Residencial Alvorada é grande. Na casa de Fabiana Faria, são três filhos: Guilherme, de 5; Aline, de 7; e Geovani, de 10. Na casa, a bisavó Geralda Gonçalves, cuida de tudo, enquanto a neta Fabiana trabalha de diarista para garantir o sustento da família. Recentemente a casa foi arrombada e furtada uma TV de 40 polegadas, que ainda está sendo paga. Para evitar novas surpresas, a avó, sempre que necessário, é convidada pela neta para ficar em sua casa. Para Geovani, morar no conjunto “é legal”, pois fez novas amizades.

Rosilene de Moura fabrica sabão líquido em casa e vende em toda Vilhena. “A gente sai de bicicleta e roda enquanto aguenta”, conta. O produto é simples. Feito à base de soda cáustica e álcool, e tem assegurado a sobrevivência da família. A prestação da casa é R$ 25, mais R$ 119 da mobília nova. Os filhos de Rosilene foram excluídos de um programa social e ela diz que está preocupada de não conseguir manter as contas em dia. “Por enquanto está tudo sob controle”. A filha Jociane, de 13 anos, já ajuda na produção do produto. Enquanto os menores, Agner, de 8; e Pedro, de 6, só olham.

Com a economia obtida com a casa própria, a mãe de Juan planeja levá-lo para tratamento em Brasília

O adolescente Juan Pablo, de 13 anos, é cadeirante. Pela sua condição, a família também foi uma das primeiras a ser beneficiada com uma morada nova. Aluno do 6º ano da Escola Genival Nunes da Costa, o transporte dele é garantido. “O ônibus escolar pega em casa”, diz a prima Laiane Silva.

Se Pablo não pode sair para brincar, os colegas vêm até sua casa. Ao redor do adolescente, eles fazem bagunça, jogam e envolvem Pablo nas atividades. “Desde que deixou de pagar aluguel, a mãe do garoto está economizando para levá-lo a Brasília, no Hospital Sarah Kubitschek, pois acredita que lá haja tratamento para que o filho possa ter a oportunidade de andar”, relata Laiane.

No bairro Jardim Primavera, onde a família morava antes, o valor do aluguel era de R$ 300, trocados pela prestação equivalente a pouco mais de 10% desse valor, R$ 32. “Se a minha tia não tivesse recebido esta casa, ela não podia nem sonhar em tratar o Juan em outra cidade”, diz a jovem de 17 anos.

PRESENTE DE NATAL

As casas do Residencial Alvorada foram entregues aos moradores em dezembro de 2012, o que foi considerado à época um verdadeiro presente de Natal. A área antes descampada, já tem arbustos que vão crescendo aos poucos. Discretos comércios também já se mostram ao redor. A presença de estranhos atrai a atenção dos moradores, que discretamente observam quem passa e quem chega. Novos loteamentos estão se formando na região, mas ainda é possível observar que outrora o local abrigava sítios e chácaras. A Seas, junto com a prefeitura, foi responsável por inscrever e selecionar as famílias contempladas. Hoje, a ação da Secretaria é mais de acompanhamento. “Sempre que somos solicitados vamos lá para conversar com moradores e ajudar no possível”, afirma Solange Bernardo. Segundo ela, o governo estadual assumiu compromisso, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que delega assistência com visitas e palestras para os moradores. O mesmo acordo prevê que as questões sociais e de infraestrutura são da alçada do município, mas que o Estado não se exime de cooperar.

Fonte
Texto: Alice Thomaz
Fotos: Ésio Mendes
Decom – Governo de Rondônia