A Lava Jato tem por objetivo combater a corrupção generalizada que existe ou o seu foco é apenas parte dela?

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RETICÊNCIAS POLÍTICAS…  –  Por Itamar Ferreira*

lavaNas manchetes da imprensa, da grande à pequena, nas redes sociais e em manifestações de rua há uma verdadeira ira santa “contra a corrupção”, a qual vem sendo alimentada diariamente pela Lava Jato que apesar do suposto “sigilo” das investigações, parte das descobertas da operação vem à público, invariavelmente contra um único partido, o que passa à população a ideia que a corrupção estaria delimitada a uma legenda e ao governo federal de plantão.

A sanha da força tarefa da Lava Jato quanto ao seu objetivo precípuo ficou explicitado quando os pedalinhos e a canoa de Lula passaram a ter mais relevância do que os milhões e milhões de dólares de propina que Eduardo Cunha e família comprovadamente mantém em contas secretas na Suiça. Os parentes de Cunha não tem foro privilegiado, como Lula, mas apenas este foi conduzido, desnecessariamente, coercitivamente para depor: um caso clássico de dois pesos e duas medidas.

O ápice dessa vocação da Lava Jato para atingir o governo federal e seu partido foi a revelação de um grampo ilegal envolvendo a própria presidenta da República, poucas horas depois de feito, pelo juiz Sérgio Moro, que é “reconhecidamente incompetente” para decidir sobre grampos ou qualquer investigação que envolva autoridades com foro privilegiado, especialmente a presidenta. As palavras entre aspas é do ministro responsável pela Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. A atitude claramente política do juiz do Paraná incendiou as ruas com manifestações contra e pró governo: seria esse o verdadeiro objetivo?

Para não deixar dúvida de que a Lava Jato tem apenas um foco, basta observar a atitude estranha e titubeante do Ministério Público Federal, diante das revelações que veio a público durante a “Operação Xepa”, realizada neste 22 de março, de uma extensa lista com 316 políticos de 24 partidos que eram abastecidos pelas arcas da Odebretcht: não querem ou estão colocando dificuldades para a delação de Marcelo Odebrecht que tem o potencial de passar a corrupção política no Brasil à limpo!

Talvez a preocupação em não querer investigar a “caixa de pandora” da Odebrecht seja o fato de que ela atinge em cheio a oposição que tenta a toque de caixa aprovar a perda de mandato da presidenta Dilma. Ou seja, isso atrapalharia os objetivos de defenestrar o atual governo federal, através de um golpe transvestido de impeachment, e seu partido. Para “piorar” nem Dilma e nem Lula aparecem na lista multipartidária da corrupção. Uma coisa curiosa é que um dia Lula falou que haveria 300 picaretas no Congresso Nacional, mas errou, na verdade existiria 316. Outra curiosidade da Lava Jato: seu maior símbolo, depois do juiz Moro, o “Japonês da Federal” teve sentença de corrupção e descaminho mantida pelo STJ em 15.03.2016.

Chama a atenção o fato do juiz Sérgio Moro que reconhecidamente agiu de forma no mínimo equivocada ao divulgar grampos ilegais da presidenta, sob a alegação do interesse público,ter decretado rapidamente o sigilo sobre a lista da Odebrecht: ou seja, 316 possíveis parlamentares corruptos dentro do Congresso Nacional não seria do interesse público?

(*) Itamar Ferreira é bancário, sindicalista, presidente da CUT-RO, formado em administração de empresas e pós-graduado em metodologia ensino pela UNIR,