A cada 1 real investido em educação, tem-se o retorno de R$ 1,85 no PIB

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Na foto: Jhonata, 16 anos, morador do Morro do Borel, morto pela polícia no último dia 30 por "confundirem" um saco de pipoca com droga
Na foto: Jhonata, 16 anos, morador do Morro do Borel, morto pela polícia no último dia 30 por "confundirem" um saco de pipoca com droga
Na foto: Jhonata, 16 anos, morador do Morro do Borel (Rio de Janeiro), morto pela polícia no último dia 30 por “confundirem” um saco de pipoca com droga

Por Ernesto Xavier (*)

A cada 1 real investido em educação, temos o retorno de R$ 1,85 no PIB, decorrente do que este aluno produzirá no futuro. Quanto mais se investe em educação, menos criminalidade, menos desemprego, mais remuneração, menos violência, consequentemente menos necessidade de dinheiro empregado em segurança. Já que os pragmáticos pensam em número, aí está.
Mas arma também dá lucro. Clima de instabilidade e medo rendem votos e dinheiro para quem vende armas. Desemprego e falta de educação fazem o povo deixar de pensar. Quem não lê, não interpreta. Quem não interpreta, não analisa a própria vida, apenas sobrevive. E depois vota no cara que defende armas. Armas que vão matar aquele sujeito que não teve acesso à educação da tal verba que não existiu.
Investir em educação seria o óbvio se pensássemos como coletivo, mas somos levados ao isolamento, à pensar dentro da caixa, sem produzir opinião. “Toma reality show, toma jornal parcial, toma Wesley Safadão. Toma tudo que não te deixe pensar. Não estude. Estudar é chato. Não leia. Melhor ver televisão. Não reclame. Quem reclama é pedante. Não se manifeste, quem faz isso é vagabundo, quer pão com mortadela”.

Ao invés de apontar telescópios na direção do infinito, em busca de vida extra-terrena, melhor seria apontar as lentes para nós, procurando a vida que se perdeu, ou que nunca foi. Um olhar distanciado talvez nos revelasse amorfos, induzidos, sem vida própria, indo e vindo entre casa e trabalho, sem sentido, sem rumo, mesmo que o caminho seja sempre o mesmo.
Tudo porque um dia deixaram de investir 1 real a mais em educação. Restaram os cartuchos de pistola que iriam matar o que já não tinha vida. Éramos nós, mesmo que nunca tenhamos sido algo.

(*) Ernesto Xavier é ator e ativista social