A AMAZÔNIA É NOSSA, MAS O VERDE VEM DA CHINA

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Serpa-China/FábioOrtolan

Políticas energéticas e sustentáveis chinesas representam uma grande oportunidade para o Brasil

Desde os estudos sobre o heliocentrismo desenvolvidos por Copérnico e Galileu, no século XVI, que a tecnologia não para de reinventar. De lá pra cá, a humanidade já presenciou grandes desenvolvimentos que mudaram paradigmas econômicos, sociais e culturais. Hoje, parece quase impossível descrever o alcance de tanto progresso. No entanto, se por um lado toda essa inventividade contribui para dar mais saúde e qualidade de vida ao homem, facilitando a vida em todos os aspectos, por outro ela também ameaça a nossa maior aliada: a natureza.

Exemplo disso é o crescente volume do lixo eletrônico. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2016, foram gerados 44,7 milhões de toneladas métricas de resíduos eletrônicos, um aumento de 8% em comparação com 2014. Até 2021, a previsão é que esse número salte para 52,2 milhões de toneladas métricas. O cenário é alarmante e, em uma sociedade que é digitalmente dependente, investir em políticas sustentáveis torna-se urgente. Para reduzir os impactos ambientais, muitos países têm investido na tecnologia verde, que nada mais é do que ações voltadas para minimizar os danos ao meio ambiente.

A energia solar é uma tendência mundial de tecnologia verde, principalmente para geração elétrica. Segundo a ONU, em 2017, esse recurso atraiu mais investimentos do que o de qualquer outro setor, o equivalente a U$160,8 bilhões, 18% a mais em comparação a 2016. A China se destaca como a grande impulsionadora dessa nova tendência global, e hoje é a maior investidora em energias renováveis. Dados da empresa Bloomberg New Energy Finance (BNEF) apontam que o país asiático aplicou U$133 bilhões em energias renováveis no ano passado, sendo que a maior parte foi para os parques solares. Outros números que chamam a atenção são os da Administração Nacional de Energia da China (NEA). De acordo com o órgão, a China instalou, em 2017, centrais fotovoltaicas com capacidade de 53 gigawatts (GW), potência que corresponde a mais da metade do total produzido no mundo. Para se ter uma ideia, a Alemanha, pioneira na geração desse tipo de energia, operou com apenas 2GW no mesmo período.

Em 2018, o ritmo chinês permanece acelerado. Somente nos quatro primeiros meses desse ano, o gigante asiático gerou uma potência equivalente a dez centros nucleares, usando apenas a energia solar. Mas a tecnologia verde chinesa não para por aí. A preocupação com o meio ambiente também tem atraído investimentos em energia eólica. O país detém cinco das dez maiores fabricantes de turbinas eólicas do mundo, e a expectativa é que, até 2021, ele seja responsável pela produção de 40% de toda energia eólica do planeta. Outros projetos de energia limpa da China incluem a redução da emissão do carbono, cuja meta para 2020 já foi cumprida, o reflorestamento de uma região que corresponde ao tamanho da Irlanda, controle da entrada de plásticos descartáveis, além de novas regulamentações e criação de ministérios de proteção ambiental.

O Brasil, por sua vez, representa um oceano de possibilidades de fontes alternativas, já que o clima tropical favorece a geração de energias fotovoltaica e eólica. No entanto, os investimentos em tecnologia verde não são tão evidentes, embora tenham crescido nos últimos anos.

Diversificar a matriz energética brasileira é algo imprescindível. Segundo previsão feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a demanda por eletricidade no país vai triplicar até 2050. Nesse sentido, para garantir o acesso à eletricidade, uma parceria com a China parece ser uma boa saída. “A China tem hoje uma infinidade de empresas que fornecem energia verde e ainda não conquistaram o mercado externo, mas que, num curto espaço de tempo, se tornarão grandes empreendimentos na área. Ao firmarem parcerias com essas organizações, os empresários brasileiros, além de diversificarem seus negócios a preços mais competitivos, contribuem para o futuro sustentável do seu país”, afirma Ian Lin, CEO da Serpa China, empresa chinesa de consultoria de comércio exterior. Essa cooperação pode ser bilateral e muito lucrativa. “O Brasil, enquanto fonte abundante de recursos renováveis, é um ótimo parceiro para empresas chinesas que pretendam investir no território brasileiro. Esse intercâmbio é totalmente possível, mas uma assessoria especializada para viabilizar esse câmbio é fundamental”, finaliza Lin.