A Odebrecht fez o pagamento por serviços advocatícios diversos para o senador Ivo Cassol (PP-RO), na época governador do Estado de Rondônia, onde era construída a hidrelétrica de Santo Antônio. A afirmação foi feita pelo ex-presidente da Odebrecht Energia Henrique Valladares, em depoimento ao Ministério Público Federal, no âmbito de acordo de delação premiada.
“Nem sempre ‘caixa dois’ significa necessariamente pagamento de propina. O ‘caixa dois’ pode ser utilizado para outras finalidades. Ele [Cassol] tem uma ‘cacetada’ de processos nas costas […] Pagamos diretamente [a advogados de Cassol para a defesa do político em diversos processos].
O fato é que a conta [pelos serviços] chegou para mim”, disse Valladares. “Deveria ter lançado esse valor, não como ‘advogados’, mas como ‘Massaranduba’ [alcunha criada para Cassol, na planilha de pagamentos da Odebrecht]. Porque o beneficiário era ele”, acrescentou o delator. “O pagamento seria feito diretamente em dinheiro, sem nota fiscal”, completou Valladares.
O ministro relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, autorizou abertura de inquérito a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigação de pagamento de propina pela Odebrecht a Cassol, então governador de Rondônia. O inquérito é baseado em delação de Valladares, que aponta o pagamento de vantagem indevida a favor de Cassol de R$ 2 milhões.
(Rodrigo Polito | Valor Econômico