Professor de história, “Temer vampiro” da Tuiuti está de saída do Brasil

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Leonardo chamou a atenção no 1º dia de desfiles no RJ (Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo e Romulo Tesi/Portal da Band)

O professor de História Leonardo Moraes, de 40 anos, passou esta segunda-feira de Carnaval atendendo telefonemas a cada cinco minutos e recebendo centenas de mensagens e fotos do desfile da Paraíso do Tuiuti na Marquês de Sapucaí no último domingo. Todos queriam saudá-lo pela passagem no último carro da escola, em que Leonardo desfilou como destaque, representando um “Michel Temer” vampiro.

“A gente imaginava que haveria um certo burburinho, mas não nessa proporção. Na dispersão, muitos jornalistas estrangeiros estavam interessados. Isso me surpreendeu”, conta Leonardo, que cruzou a avenida sob aplausos, vaias e gritos de “fora, Temer”.

Professor de ensino fundamental do município de Magé (RJ), Leonardo contou que está desiludido com o Brasil. Tanto que deixará o país este ano para passar uma temporada fazendo cursos na Itália.

“Vou tentar a vida fora do país. Por conta da descrença nos políticos, por todo esse cenário, com os direitos das pessoas sendo atacados com a Reforma Trabalhista, estou indo passar um tempo fora”, diz, desanimado com os rumos da política. “Não há perspectiva de melhora”, lamenta ele, assistente do carnavalesco Jack Vasconcelos no desfile deste ano.

Enquanto não toma o avião rumo à Europa, Leonardo recebe o afago de ex-companheiros de universidade e amigos do Instituto de Estudos da Antiguidade da Uerj. “As pessoas me mandaram mensagens dizendo que meu papel fora da sala de aula havia sido cumprido de forma majestosa”, revela.

Da Sapucaí para a sala de aula

Mesmo fora da classe, o professor acredita que os enredos do Carnaval 2018 podem colaborar no ensino e enriquecer o debate político no Brasil.

“As escolas de samba estão cumprindo o papel social delas. O  maior legado desse Carnaval é a oportunidade de voltar a discutir esse assuntos. Hoje está tudo tão certinho que na sala de aula a gente perde a chance de discutir alguns temas”, afirma Leonardo, incluindo os enredos da Beija-Flor e Mangueira entre os mais politizados do ano.

A Tuiuti foi a quarta escola a desfilar, com o enredo “Meu Deus, meu Deus. Está extinta a escravidão?”, um questionamento sobre o fim da escravidão tendo como ponto de partida os 130 anos da Lei Áurea.

Canal Band Uol