Passagens de ônibus na Capital aumentou 46,15% em um ano meio e tem ‘cortesia com chapéu alheio’

0
620

COLUNA RETICÊNCIAS POLÍTICAS  –  Por Itamar Ferreira (*)

Considerando a dura realidade da crise e do desemprego, em que os reajustes salariais têm ficado muito abaixo da inflação, o aumento concedido pelo prefeito Hildon Chaves à tarifa do transporte coletivo da Capital de 26,67% é uma verdadeira indecência e uma provocação. É importante ressaltar que em maio de 2016 já havia sido concedido um generoso aumento, não tanto quanto agora, de 15,38%.

Considerando que o Consórcio SIM assumiu o sistema em janeiro de 2016, quando a tarifa era de R$ 2,60, a passagem de ônibus de Porto Velho teve o estratosférico aumento de 46,15% num período de apenas 18 meses. Só para comparação, a inflação medida pelo INPC de janeiro de 2016 a junho de 2017 foi de 8,4% e neste período os trabalhadores do transporte coletivo tiveram 4,57% de reajuste este ano, após uma grave de quatro dias.

O prefeito Hildon, com a esperteza própria de políticos de certa plumagem, fez o que o meu saudoso avô costumava chamar de “cortesia com o chapéu alheio”; ou seja, agradou a classe estudantil reduzindo o passe de R$ 1,50 para R$ 1,00, mas quem vai pagar esse gesto de cortesia são os demais usuários pagantes dos ônibus, que tiveram suas passagens aumentadas de R$ 3,00 para R$ 3,80.

A estratégia do prefeito está muito clara: quem é que faz protestos toda vez que aumenta as passagens? Isso mesmo, os estudantes! O prefeito experto, e os vereadores não menos expertos, esvaziaram a gritaria que esse aumento de 26,67 iria causar, tirando os estudantes dos previsíveis protestos estudantis.

Mas não se enganem os estudantes, além de fazer ‘cortesia com o chapéu alheio’ outra coisa em que certas aves políticas são especialistas pra fazer é “dar com uma mão e tirar com a outro”. Meus contatos na SEMTRAN já me informaram que em breve começará uma campanha dissimulada para diminuir o uso do passe estudante, com restrições, critérios mais rigorosos e intensificação das fiscalizações sobre o uso do passe.

É um absurdo o que o prefeito fez, ao passar a conta das gratuidades para os usuários pagantes. A redução do vale estudante é justa e necessária, inclusive deveria apontar para uma futura gratuidade. A questão é que quem deveria pagar a conta das gratuidades, como estudante parcial e idoso total, é o município e o Estado, através de subsídios ou desoneração fiscal. Passar esta conta para o trabalhador é um verdadeiro abuso.

R$ 3,80 é uma tarifa muito cara? Para quem paga e tem uma qualidade de serviço como a atual é caríssima. Para o Consórcio que opera o sistema com certeza ela apenas melhora o equilíbrio econômico do contrato. A questão central é que precisa ser reduzido o valor para o usuário, ainda que mantido a remuneração do operador; para isso é necessário que haja subsídios com há na maioria das grandes cidades e desonerações fiscais.

Só para comparar: valor de passagens maior do que Porto Velho só em três capitais: Curitiba, Belo Horizonte e Florianópolis. Em Manaus, uma Capital muito maior, a passagem aumentou em 2017 de R$ 3,00 para R$ 3,30, ou seja, 10%.

(*) Itamar Ferreira, é bancário, sindicalista, dirigente da CUT-RO, formado em administração de empresas e pós-graduado em metodologia do ensino, pela UNIR, e acadêmico do 9º período de direito na FARO.