Nazaré, distrito de Porto Velho, completa 50 anos com festejo tradicional

0
1012
Balneário Tabuleiro no lago Peixe Boi

O Festejo de Nazaré reuniu aproximadamente 800 visitantes
O Festejo de Nazaré reuniu aproximadamente 800 visitantes
O distrito de Nazaré, a 150 quilômetros do centro de Porto Velho, com acesso hidroviário pelo rio Madeira, ficou movimentado com as comemorações do cinquentenário na sexta-feira (22) e sábado (23). A abertura contou com a participação do Trio da Velha Guarda de Nazaré, grupo musical de seresta composto por moradores antigos do distrito; em seguida, a animação ficou por conta da quadrilha Fogo de Palha embalada por músicas produzidas pela própria comunidade.

Com as arquibancadas lotadas, o evento encerrou no sábado (23) repetindo o sucesso dos anos anteriores e mantendo a autenticidade das quadrilhas juninas, com o boi-bumbá Curumim, formado por crianças. Seguiram-se números de carimbó e o seringandô, dança centenária criada nas festas do Uruapiara, no Amazonas, e levada para Nazaré pelo professor Manoel Maciel Nunes, pioneiro falecido há oito anos, que dedicou sua vida à preservação dos costumes do povo ribeirinho.

Organizado pelo Instituto Cultural e Socioambiental Minhas Raízes, o festejo é uma herança cultural deixada pelo professor Maciel, cujos filhos hoje continuam os trabalhos. Na arena improvisada, verdadeiros shows de harmonia, plástica e talento; no palco, decorado como se fosse uma casa de caboclo, a cantoria de gente simples que desperta emoção e esbanja poesia e história em letras e sonoridades ímpares.

Cheio de histórias e lendas, casario predominantemente de madeira, boa e farta comida à base de pescados e frutas amazônicas, Nazaré é sinônimo de sossego e alegria. Não há sequer um carro ou motocicleta no povoado de 600 habitantes, que também não conta com policiamento e com casas sem cercas com quintais em comum. São cinco pousadas simples que atendem aos turistas que buscam o contato direto com a natureza e as músicas inspiradas nas vivências amazônicas.

POTENCIAL

Nazaré recebe, em média, 300 turistas todos os fins de semana. E dispõe de cinco pousadas totalizando 25 leitos. Oferece aos visitantes atrações musicais com o Grupo Minhas Raízes – que fazem as próprias composições e os instrumentos musicais com matéria-prima da floresta – passeios de barcos pelo lago Peixe-Boi, até o balneário Tabuleiro, onde em ocasiões especiais o turista é recepcionado e passa por uma integração cultural com ritual Mura Ananã, encenado pelo pajé Lucas Mura.

O ritual foi apresentado ao superintendente de Turismo e mais cerca de 40 visitantes que ficaram encantados com o realismo do momento que retrata a vida ancestral do povoado. Lucas é descendente de índios Mura e faz questão de manter suas origens repetindo o ritual espiritual.

Balneário Tabuleiro no lago Peixe Boi
Balneário Tabuleiro no lago Peixe Boi

Bem em frente do bosque onde Lucas atua, é encontrada uma argila tida como “medicinal”, e que é usada para fins estéticos. Um grupo de mulheres se esbaldou – e aprovou – a experiência de fazer máscara facial com a argila e, claro, desfrutar de um banho nas águas límpidas do lago Peixe-Boi.

O grupo Minhas Raízes, formado pelos filhos do professor Manoel Maciel, que manteve vivas as tradições e a unidade do distrito, conta a história dos ribeirinhos e exalta as belezas naturais da região.

Exaltando as belezas localizadas às margens do rio Madeira, a música “Vem passear de barco” é um convite para se curtir a vida como um legítimo “beiradeiro” (como os moradores) se definem. Vale a pena cada detalhe: do pôr-do-sol mais bonito da região Norte, o canto dos pássaros e outros sons da natureza em festa. Ou simplesmente, deitar-se na rede e sentir o frio certeiro de todas as noites.

Para chegar a Nazaré, o turista pode pegar no porto Cai n’Água, em Porto Velho, um barco de recreio que sai às sextas-feiras, ao meio-dia, com retorno aos domingos, às 14h. São 6h de viagem com cerca de 90 passageiros a bordo, com direito a almoço. Outra possibilidade é se deslocar de carro até o povoado da Boca do Jamari, a 70 quilômetros de estrada de terra, e lá fretar uma voadeira que faz o percurso até Nazaré em 2h.

Outras informações para passeios turísticos podem ser adquiridas através dos telefones: (69) 99335 2668 ou 99254 8682 (falar com o ativista Anauá Gomes).

Fonte
Texto: Taciana Guzman
Fotos: R. Machado
Secom – Governo de Rondônia