Não serão as Forças Armadas ou a Força Nacional que resolverão a crise carcerária no Brasil, afirma especialista

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Ricardo Gennari, consultor em segurança, inteligência e estratégia, criticou as ações do Governo Federal para coibir as chacinas nos presídios
Ricardo Gennari, consultor em segurança, inteligência e estratégia, criticou as ações do Governo Federal para coibir as chacinas nos presídios

O presidente Michel Temer autorizou a intervenção das Forças Armadas para coibir a crise carcerária que tomou conta do país nas últimas semanas. Nesta segunda-feira, dia 06/02, Temer autorizou o envio de tropas das Forças Armadas, além de 200 agentes da Força Nacional para o Espírito Santo com a finalidade de garantir a lei e a ordem.

 

O professor Ricardo Gennari, consultor da Tróia Intelligence Consultoria e especialista em segurança, inteligência e estratégia, com especializações nos Estados Unidos, Israel e Inglaterra e pós-graduações na FGV e na USP, afirmou que o serviço de Inteligência dos estados da federação, assim como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) já havia alertado sobre a gravidade da situação, porém as informações não foram levadas a sério.

 

“Há guerras de facções pelo poder, demonstração de força, controle dos presídios, disputa pelo controle do mercado externo de vendas de drogas e armas em países como Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai”, comentou Gennari.

 

O especialista criticou o envolvimento das Forças Armadas ou da Força Nacional como única forma de combater a crise carcerária. “Não vai ser a Força Nacional que resolverá os problemas de segurança nos presídios. Também não é função das Forças Armadas interferir nesta situação. A função das Forças Armadas está na Constituição de um país e, com certeza, os militares não querem esta missão”, alertou.

 

A falta de fiscalização do Judiciário junto aos presídios, além da escassez de políticas eficientes para o combate ao crime, e investimentos na formação dos policiais e nos sistemas de inteligência, estão entre os principais entraves apontados por Gennari. “O governo não tem políticas preventivas para coibir a falta de segurança no país. Sempre, na emergência, surgem planos de gavetas para superar a crise e tentar convencer a sociedade e a imprensa. Tudo é feito na base do improviso”, criticou.

 

Entre as soluções que o especialista destaca para debelar a crise carcerária no Brasil estão: uma proteção mais eficaz das fronteiras brasileiras (há fragilidades na entrada de drogas e armas e passagens de grupos guerrilheiros e facções criminosas); investimentos nos departamentos de Inteligência como o SISBIN (Sistema Brasileiro de Inteligência), que coordena a Inteligência dos órgãos federais; uma nova Política Nacional de Segurança Pública, que coordene todas as políticas, planos e ações das polícias estaduais e a necessidade de Planos de Crise e Contingência. “Neste momento acredito que seja bom trabalhar com a questão de gerenciamento de crise e inteligência”, concluiu.

 

Ricardo Ferreira Gennari

Graduado em Ciências Econômicas pela Faculdade de Ciências Econômica de São Paulo, o professor Ricardo Gennari é especialista em Inteligência Estratégica, Cenários Prospectivos, Contra-Inteligência Empresarial, Segurança, com Pós MBA em Inteligência Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Política e Estratégia pela Universidade de São Paulo (USP). E ainda, Gerência de Sistemas e Serviços de Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo; Logistics and Transportation for the Executive Manager pela School of Business Administration – University of Miami; eGerência de Sistemas e Serviços de Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo “Lato Sensu”.

É CEO da Tróia Intelligence Consultoria (www.troiaintelligence.com.br) e professor da FIA/FIPE em Pós Graduação em Contra-Inteligência Empresarial; além de coordenador do Seminário na PUC/SP – Estratégia e Inteligência para Grandes Eventos.

Tem cursos de Especialização na Brookings Executive Education – Washington D.C. – USA; na Academy of Competitive Intelligence; no Internacional Police Executive – New York; na Escola Superior de Guerra e na Escola de Governo, conveniada à Universidade de São Paulo; no Institute of Terrorism Research and Response de Israel; na Defense Academy of the United Kingdom (Inglaterra); na Academy for Advanced Security & Anti-Terror Training (Israel) e na National Intelligence Academy (Estados Unidos).