Lava Jato blinda PMDB e tenta destruir o PT, diz cientista político

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Policiais federais entram no prédio do ex-ministro Paulo Bernardo – Foto: José Cruz/Agência Brasil
Policiais federais entram no prédio do ex-ministro Paulo Bernardo – Foto: José Cruz/Agência Brasil
Policiais federais entram no prédio do ex-ministro Paulo Bernardo – Foto: José Cruz/Agência Brasil

Após a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo (PT), o cientista político Roberto Amaral afirmou que a Operação Lava Jato está sendo usada politicamente para destruir o PT: “A Lava Jato tem méritos. Ninguém é contra que criminosos de colarinho branco sejam mandados para a cadeia. Mas a Lava Jato está sendo usada como um projeto político eleitoral para destruir Lula e desmantelar o PT”.

Segundo Amaral, “há uma evidente blindagem do PMDB e uma clara tentativa de atingir o PT”: “O exemplo mais claro foi a condução coercitiva do ex-presidente Lula. Não tenho notícia de que algo semelhante tenha sido feito com outros presidentes”.

Ele lembra o caso da prisão do então senador Delcídio do Amaral, que na época era líder do governo Dilma Rousseff: “Delcídio foi preso no exercício de seu mandato, e não se tratava de flagrante delito. O tratamento em relação ao Delcídio é bem diferente do que tem sido concedido a Eduardo Cunha. Outro exemplo: o delator Sérgio Machado está em prisão domiciliar em seu palacete em Fortaleza”.

O ex-presidente nacional do PSB e ex-ministro da Ciência e Tecnologia afirma ainda que “certas medidas do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal são antecipadas ou adiadas para interferir no julgamento do processo de impeachment” de Dilma: “Esperaram meses para afastar Eduardo Cunha. Ele só foi afastado pelo STF depois que conduziu a votação do impeachment. E a delação premiada de Sérgio Machado só foi divulgada depois que o Senado afastou Dilma. São muitas coincidências”.

O secretário de comunicação do Diretório Municipal do PT em São Paulo, João Bravin, também estranhou a ação da PF: “Mais uma vez é uma ação seletiva da Polícia Federal contra um partido político que não se negou em participar ou colaborar com investigações. A cada semana temos um ministro desse partido golpista saindo do governo e ninguém vai na casa desses ex-ministros que têm [nome citado em] delação, nem coercitivamente. Isso é um absurdo, uma perseguição seletiva”.

Desde que a Lava Jato teve início, vários políticos ligados ao PT foram presos pela operação e por seus desdobramentos. Além de Delcídio do Amaral, foram detidos os ex-deputados José Dirceu e André Vargas, o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto e o ex-secretário-geral Silvio Pereira. Ex-deputados federais de outras siglas, como Luiz Argolo (SD) e Pedro Corrêa (PP), também foram presos. Mas nas nenhum peemedebista de relevo foi detido em razão da Lava Jato.

Os peemedebistas, porém, já foram alvo de outras operações. Em maio de 2014, por exemplo, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB-MT), foi preso pela PF na Operação Ararath, que investigava o desvio de recursos no Estado por meio a utilização de sistema financeiro clandestino. E, em 2013, o deputado federal Natan Donadon (PMDB-RO) foi preso após ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal por peculato e formação de quadrilha.

Dos integrantes da cúpula do partido, somente o senador Jader Barbalho (PA) chegou a ser detido em 2002, depois de ter renunciado ao mandato de senador, em uma investigação sobre irregularidades na Sudam. Libertado, ele foi eleito deputado federal em outubro daquele ano.