ELEIÇÕES 2018: ENTREVISTA COM O PRÉ-CANDIDATO AO GOVERNO DE RONDÔNIA, VINÍCIUS MIGUEL

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Vinícius Miguel vai participar de debates

PORTO VELHO- Além de ser filho do desembargador  Raduan Miguel Filho, o pré-candidato ao governo de Rondônia, Vinícius Valentin Raduan Miguel (REDE) tem como mãe a professora aposentada Sueli Valentin Moro. Isso mesmo. A mãe do mais novo pretendente ao Palácio Rio Madeira, ostenta o sobrenome do controvertido juiz federal que atua no caso Lula.

Em nenhum momento, porém, Vinícius Miguel, nome que vai adotar na campanha, faz questão de expor estas particularidades da vida dele, como ter um pai desembargador, bastante conhecido e influente no meio forense. Sobre o nome da mãe ostentar o sobrenome Moro, ele brinca: “Descobriram meu segredo. Como agora vão me acusar de ser de esquerda? Vão ter que se apegar à terrível acusação de ter menos de 40 anos”, disse.

Tradicionalmente um magistrado é de direita, como o pai desembargador. Mas, Vinícius, como professor universitário (Unir), tem na veia o sangue da esquerda. Defensor dos Direitos Humanos e das minorias, o jovem candidato quer levar para o debate durante as eleições temas nunca abordados por candidatos que preferem falar em desenvolvimento, agronegócios e investimentos em estradas e pontes. Em entrevista ao site de notícias Jornal de Rondônia, Vinícius fala muito do que sabe. Leiam a entrevista na íntegra: 

Nascido em Goiânia por força das circunstâncias (o interior de Rondônia na década de 1980 não possuía condições para a gravidez de risco de gêmeos e sua mãe buscou o hospital mais próximo para o parto).

Passou parte da infância em Ji-Paraná e em Porto Velho, juntamente com seus pais, a Procuradora Federal e professora universitária aposentada Sueli Valentin Moro e o atualmente Desembargador Raduan Miguel Filho. É o mais velho dos dois irmãos – Rafael (seu irmão gêmeo) e Thiago, o caçula.

Se graduou, já morando em Porto Velho, em Direito e em Ciências Sociais. É especialista em Administração Pública (FGV), especialista em Filosofia (Faculdade Católica de Rondônia). Fez mestrado no Departamento de Política da Universidade de Glasgow e está em conclusão de seu doutoramento em Ciência Política na UFRGS. É autor de vários artigos científicos com estudos em segurança pública, violência e direitos fundamentais.

É professor efetivo da Universidade Federal de Rondônia desde 2012, onde passou por vários cargos administrativos e de gestão (Chefe de Departamento Acadêmico de Ciências Sociais, Coordenador de Programa de Especialização / SPDH, Comissão de Ética Pública, entre outros). Foi palestrante ou expositor nestes temas em vários locais, como Manaus (AM), Belém (PA), Brasília (DF) e São Paulo (SP). Por conta de sua atuação em entidades de pesquisa e de defesa na área de direitos da criança e de adolescente, foi debatedor em reuniões temáticas no Congresso.

Filiado recentemente à REDE Sustentabilidade, foi apontado na Conferência Estadual como pré-candidato ao Governo do Estado pela organização partidária.

Em entrevista pela internet com Ueliton Brizon, ele falou sobre “o esgotamento popular com a mesmice que se tornou a política”, refletiu sobre o “desânimo e descontentamento político e o grande desafio de pensar em fazer um governo que permita construir um novo caminho e nova forma de caminhar”.

Jornal de Rondônia: O que te levou ao interesse por um cargo político?

Sempre me envolvi em temas coletivos, de direitos difusos, de defesa de liberdades e de democracia. Em outros momentos, passei pelo envolvimento com temas da vida da Universidade e de enfrentamento à violência.

Com a prática da advocacia, atuei para pessoas ligadas ao meio político. Com isso, os convites surgiam.

Vi que a atuação com essas posições – no ativismo extrapartidário e para além da agenda eleitoral – apresentava limites e, em diálogo com outros setores, me coloquei a disposição para concorrer, internamente ao partido, ao cargo de Governador do Estado de Rondônia. Por evidente, é uma pré candidatura, ainda pendente de ritos partidários e legais, como a aprovação em convenção.

Jornal de Rondônia: Qual sua visão da política atual do país?

A situação atual, em relação aos escândalos de corrupção é lastimável. Essas práticas sempre existiram, é bom frisar. Mas tenho esperanças já que, com imprensa livre, com órgãos de controle e instituições cada vez mais fortalecidas, temos tido avanços na prevenção e repressão de crimes contra a Administração Pública.

Como se não bastasse a crise política, temos uma elevada taxa de desemprego no país, o que demonstra as dificuldades no plano econômico. O Estado se mostra ineficiente para solucionar os problemas sociais e a Sociedade Civil parece ainda enfraquecida para fiscalizar e propor alternativas.

Em suma, temos um cenário de descrédito e uma crise de esperança. Isso é preocupante, mas há um aspecto “positivo” nessa maré: o eleitorado passou interferir na vida política; começou a participar mais, ainda que pelas redes sociais, emitindo suas opiniões. A insatisfação pode ser o embrião de algo positivo em termos de ética.

A meu sentir, a população quer participar de uma maneira mais ativa da política e isso é ótimo. Precisamos encontrar mecanismos que favoreçam esse diálogo e que promovam saídas para os dilemas da nossa democracia.

Jornal de Rondônia: Na sua opinião, o que deveria ser feito para mudar drasticamente esse quadro?

Como dito, o cenário é de puro pessimismo, especialmente pelas abruptas mudanças legislativas que ocorreram, retirando direitos e conquistas sociais de aposentados e trabalhadores urbanos e rurais, enquanto se foi generoso com privilégios para a elite política. Se sobram recursos para alguns setores, falta dinheiro para, por exemplo, assegurar dignidade aos trabalhadores da segurança pública, agravando o drama da violência urbana que atinge a todos nós.

Com os retrocessos, a desigualdade e a pobreza voltam a crescer. Quanto a isso, precisamos de respostas, que passam por permitir que o mercado se dinamize, diminuindo o peso da burocracia, racionalizando as exigências documentais para a abertura e encerramento de negócios, facilitar o empreendedorismo, repensar a carga tributária, ao passo que melhoremos políticas sociais.

Uma solução para tentar reverter a crise que vivemos, seria a revisão de privilégios para quem exerce o poder. Os privilégios concedidos às autoridades faz com que haja um certo ceticismo sobre a real intenção dos governantes.

Jornal de Rondônia:  Quais seriam suas primeiras atitudes dentro do governo, se eleito?

Falando em caráter hipotético, é preciso alavancar uma agenda de desenvolvimento em suas muitas dimensões. É necessário que possamos nos unir em torno da prática de democracia. Daí aglutinar esforços em torno das complexas feições de uma economia do desenvolvimento (econômico, e também social, ambiental).

Será fundamental, para quem for eleito, revolucionar a educação em Rondônia. Buscar uma real e durável coligação de Estado e Sociedade para a melhoria da Educação no estado, que valorize o serviço público e possibilite a formação de qualidade do estudante. A diminuição de gastos e desperdícios do Poder Público é outra tônica: Como fazer mais, com mais racionalidade administrativa e economicidade?

Jornal de Rondônia: Faça um pequeno resumo, uma mensagem de esperança, para que o público do jornal o conheça alem destas informações.

Vivemos um tempo de insegurança e incertezas. Precisamos manter a fé e a esperança. Olhar para o futuro com otimismo nunca deve parecer impossível.

Podemos em nossos atos diários, construir uma democracia de tipo novo, com mais participação e que seja um instrumento de melhoria da vida social. As eleições são, não a única, mas uma das formas de fazer isso.

Fonte: Jornal de Rondônia

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