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quinta-feira, março 28, 2024
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É DE RONDONIA O CESTINHA DO MAIOR CAMPEONATO DE BASQUETE DO BRASIL

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Foto Alex Tavares

Dia 05 de janeiro de 1986, Vilhena (RO). Ali nascia o pequeno Arlindo Gomes Baltazar Neto, que 30 anos depois se tornaria cestinha do maior campeonato de basquete do país, o NBB CAIXA. Mas para chegar até tal feito, muita coisa aconteceu na vida do rapaz que venceu a vida longe de casa.

Depois de arremessos com abóbora e muito esforço em sua cidade natal, Neto que seu interesse no basquete surgiu através das transmissões da NBA na TV Bandeirantes. A partir daí, começou a praticar e pegar gosto, até que fez incríveis 56 pontos em um jogo de um torneio escolar de Rondônia.

+Confira a participação de Neto no quadro Metralhadora de Perguntas; clique e veja o vídeo

Neto, do Pinheiros

Neto detalhou sua carreira desde seus primeiros passos até o presente momento, no Pinheiros (Ale da Costa/Portrait)

Aos 14 anos, migrou para o Estado de São Paulo para um teste em Ribeirão Preto. O sucesso dentro das quadras fez com que o jogador não voltasse mais, e hoje se tornasse um dos grandes nomes do cenário nacional.

Neste período, Arlindo Neto revelou o incentivo da mãe para treinar a parte física. A seu pedido, ela o acordava bem cedo para correr uma hora e melhorar o condicionamento físico. O empurrão surtiu efeito, e Neto já completa longos e felizes 17 anos de carreira no basquete.

COC Ribeirão Preto, Bauru, Guarujá, São Carlos, Araraquara, Limeira, Liga Sorocabana, Palmeiras e agora o EC Pinheiros. A trajetória de Neto no esporte da bola laranja se resumiu ao Estado de São Paulo. Pela primeira vez na capital, o jogador chegou a um clube de elite no âmbito nacional e revelou ser o “time dos sonhos”.

Atualmente no NBB CAIXA, Neto atua mais como um sexto homem na equipe do técnico César Guidetti e tem participação bastante efetiva no sistema do time. O EC Pinheiros está na briga direta pelo G-4 e hoje ocupa a sexta colocação, com campanha de 11 vitórias em 18 partidas (61,1% de aproveitamento).

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, Nike e Avianca e o apoio do Ministério do Esporte.

Confira a entrevista completa com Arlino Neto, do EC Pinheiros:

Paixão despertada e 56 pontos

“Meu interesse surgiu quando assisti pela primeira vez na Bandeirantes, alguns jogos da NBA. A partir daí eu comecei a praticar. Me lembro bem de uma final entre Chicago Bulls e Utah Jazz, foi quando a paixão pelo esporte despertou em mim. Dali em diante eu chamei uns amigos, e comecei a treinar no CSU (Centro Social Urbano) em Rondônia. Minha primeira competição foi o JOER (Jogos Escolares de Rondônia) e minha escola nunca tinha sido campeã, e nós fomos campeões. Além disso, conquistei meu recorde pessoal com 56 pontos”.

Malas prontas: partiu Ribeirão Preto

“No COC Ribeirão fiz minha base e me qualifiquei pra entrar na equipe infantil. E lá fiquei até o primeiro ano do juvenil. Foram 4 anos nesse time. Não é fácil mesmo sair de casa. Mas eu estava tão resolvido quanto a minha escolha de virar um jogador de basquete, que eu não ponderei na época o que poderia vir, ou fazer falta, como saudade dos pais, dos amigos… Eu estava muito focado, e eu sabia que teria que abdicar de muita coisa. E até hoje é assim, não mudou muito.  Meus pais e minha irmã moram em Vilhena, e meu irmão em Ribeirão Preto, estamos sempre sentindo a falta um do outro”.

COC Ribeirão Preto com Neto

Sob comando de Lula Ferreira e Cadum, Neto jogou em Ribeirão Preto com Alex, Nezinho, Arthur, Hettsheimeir e outros nomes de peso (Arquivo)

De Ribeirão a cestinha do NBB CAIXA

“Em Ribeirão Preto fui tricampeão Paulista e Brasileiro, ao lado de Alex, Nezinho entre outros. Eu era juvenil e comecei a integrar a equipe adulta nessa época, foi um momento muito marcante pra mim. Já no ano passado fui cestinha do NBB CAIXA, e isso foi sensacional, foi resultado de um trabalho intenso e me deu muita alegria. Passou um filme na minha cabeça, pois eu superei jogadores de Seleção para conseguir me destacar”

Incentivo da mãe

“Minha mãe é uma das maiores incentivadoras. No começo, eu não tinha muita informação, mas eu tinha muita força de vontade. Minha mãe é gaúcha, ela acordava muito cedo, e eu pedia para ela me chamar para correr 1h, e melhorar meu condicionamento físico. E já São 17 anos de carreira né, acho que deu certo esse incentivo”.

Esposa e parceira

“Sou casado desde 2012. Mas namoro há 13 anos. Eu comecei a namorar a Miréia do primeiro para o segundo ano de juvenil. Hoje, ela é minha melhor amiga e maior incentivadora. E eu levo muito a sério a minha carreira, pois é o sustento da minha casa. Fez total diferença pra mim ter uma pessoa do lado, que traz uma estabilidade emocional forte para que você enfrente as divergências dessa carreira. Poder compartilhar tudo quando chego em casa é crucial para me trazer equilíbrio. Depois que eu casei minha carreira só melhorou, se eu soubesse tinha casado antes (risos)”.

Neto_NBB Brasil Jogo das Estrelas

Neto foi para os dois últimos Jogos das Estrelas do NBB CAIXA; no último fez 10 pontos e 5 assistências (Fotojump/LNB)

Inspirações

“Sempre admirei o Michael Jordan, ele fazia de tudo em quadra…. Mas tem também o armador Steve Nash. Gosto bastante dos jogadores mais antigos.

Fora das quadras

“Quando eu não estou jogando, estou dormindo. Adoro ficar em casa e descansar. Minha esposa vive brincando comigo. Eu curto assistir filme, sou bem caseiro. E quando saio, gosto de frequentar bons restaurantes também”

Caminhoneiro?

Sempre gostei muito de viajar, mas antes de começar a jogar. Eu cheguei a pensar em ser caminhoneiro, do tanto que eu gostava de estar cada hora num lugar. Mas depois que virei jogador, cansei um pouco pois viajo muito. Eu penso que talvez área administrativa, poderia ter sido uma possibilidade.

Futuro

“Não penso muito no futuro. Eu tenho um bom tempo de carreira ainda, e é difícil parar com o esporte. Eu quero poder retribuir o que eu aprendi no basquete, e tenho vontade ter uma ONG, uma instituição, algo desse tipo, bem planejado, voltado para o lado social”.

Saúde em dia

“Já passei por algumas cirurgias, mas no geral tenho muita sorte e quase nunca me machuco. Já Fiz reconstrução dos ligamentos do tornozelo, fiz menisco(joelho), fiz uma na mão também, Mas todas são lesões antigas, e hoje em dia não sinto nada. No ano passado quando cheguei aqui no Pinheiros, acabei me machucando. Torci o pé, e depois tive um edema ósseo, e acabei ficando afastando por dois meses. Tenho sorte, já cheguei a ficar 8 anos sem me lesionar. E é duro ficar longe das quadras, tem que ter paciência”.

Neto, do Pinheiros, e Pastor, do Campo Mourão

Neto é peça fundamental na qualificada equipe do Pinheiros, que briga diretamente pelo G-4 do NBB CAIXA (Alex Tavares/LNB)

Pinheiros = Sonho

Quando questionado sobre qual era seu Time dos Sonhos, Neto não titubeou e disse: “Aqui, no Pinheiros. Esse time, hoje, é o dos meus sonhos. Já pensou se formos campeões?”.

“Já estávamos esperando por essa melhora gradativa dentro do campeonato. A equipe foi montada com excelentes jogadores, onde cada um entra com sua função e contribui muito dentro da quadra, trazendo um bom resultado. Sei que tanto para comissão quanto para diretoria, essa era a ideia, cada um colabora com sua qualidade específica. No Paulista, foi tempo de aprender, e agora estamos colocando em prática. Estamos contentes com esse trabalho que vem sendo realizado”.

Ficha técnica:

Arlindo Gomes Baltazar Neto (#14 – NETO)

Data de Nascimento: 05/01/1986

Local de Nascimento: Vilhena(RO)

Altura: 1,87m

Peso: 76kg

Posição: Ala/Armador