Das improváveis e possíveis alianças na eleição rondoniense em 2018

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O PSB do vice-governador Daniel Pereira será protagonista em 2018

Alguns analistas políticos estão apostando numa união entre PSB e PDT já no primeiro turno da eleição para o governo de Rondônia. Sobre essa tendência, João Paulo Viana (*) tece alguns comentários.

Partindo de uma situação na qual Daniel Pereira (PSB) assumiria o governo com a desincompatibilização do governador Confúcio Moura (PMDB), que tentará uma vaga ao Senado Federal, nessa conjuntura, Daniel, seria a meu ver o único nome capaz de desbancar o favoritismo de Ivo Cassol (PP). Lembrando que nesse cenário será imprescindível a Daniel contar com o apoio de Confúcio. Ademais, a análise leva em conta que Expedito Jr. (pelo PSDB ou PSD?), outro candidato fortíssimo, segundo seus aliados mais próximos, num contexto da candidatura de Cassol ao governo, concorrerá ao Senado.

Pois bem, voltando ao caso PSB-PDT, pelo que vi na convenção pedetista em PVH, em novembro de 2017, que contou com a presença de Ciro Gomes, Acir Gurgacz (PDT) é candidato nato ao governo estadual. Não obstante, como em política tudo é possível, Acir, segundo alguns jornalistas, seria convencido de que Daniel está mais bem colocado nas pesquisas e por isso deveria ceder a “candidatura do grupo” ao atual vice-governador, que alçado ao cargo máximo em abril tentaria a reeleição. Por ser relativamente jovem e possuir mais quatro anos de mandato no Senado, Acir ficaria tranquilo para disputar o governo em 2022. Assim, o PDT indicaria o vice na chapa de Daniel Pereira (PSB). A vereadora de Ji-Paraná, Silvia Cristina, muito ligada ao senador vem sendo cogitada pela imprensa.

Mas já que estamos tratando das coisas no plano hipotético, imagino eu que o ideal para fazer frente ao favoritismo do Cassolismo seria mesmo a união de Pereira e Gurgacz ainda no primeiro turno. Como Acir possui mais quatro anos de mandato no Senado, caso aceitasse ser vice de Daniel, se eleito, muito possivelmente assumiria o governo em abril de 2022, e partiria para a reeleição, enquanto Daniel Pereira disputaria uma vaga no Senado Federal ou na Câmara dos Deputados, tendo em vista sua impossibilidade de um terceiro mandato no executivo estadual. Certamente, seria essa a aliança mais forte capaz de vencer o favoritismo atual de Cassol (PP): uma chapa liderada por Daniel (PSB), com Acir (PDT) de vice.

Importante lembrar que há outros atores relevantes nesse cenário, o PMDB, maior e mais tradicional partido do estado, seu pré-candidato Maurão de Carvalho, presidente da ALE-RO, também aliado de Moura, Pereira e Gurgacz. O próprio Confúcio tem futuro partidário incerto. Se sair do PMDB, deve migrar para o PSB ou mesmo o PDT. No campo progressista, outros nomes podem desempenhar um importante papel na campanha, principalmente a candidatura do professor Vinícius Miguel (REDE). De fato, para que se concretize a aliança entre Daniel Pereira e Acir Gurgacz há necessidade de muita habilidade política para contornar os mais diversos interesses em jogo. Como ambos são políticos profissionais, isso eles possuem de sobra.

Por último, vale recordar que caso Confúcio Moura não renuncie ao mandato em abril, permanecendo Daniel Pereira como vice, o jogo muda por completo. Nesse caso, sem o poder do cargo de governador, o mais racional a Pereira seria a candidatura a vice na chapa de Acir Gurgacz. Contudo, essa é uma possibilidade remota, pois considerado um dos melhores governadores do País, Confúcio tem tudo para encarar a disputa ao Senado, na qual é favorito. Entretanto, em qualquer dos cenários acima, como diria o saudoso Garrincha, “Só falta combinar com os russos”.

(*) João Paulo S. L. Viana é professor de Ciência Política da Universidade Federal de Rondônia (DCS/UNIR)