CIDADES ESTÃO DE OLHO NO POTENCIAL ECONÔMICO DE PARCERIAS COM SETOR PRIVADO PARA AÇÕES CLIMÁTICAS, SEGUNDO RELATÓRIO DO CDP

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cdpSão Paulo, 04 de outubro de 2016 – A emergência por uma economia de baixo carbono representa oportunidade econômica significativa para trabalhar em colaboração com o setor privado, desenvolver novos setores da indústria e construir resiliência. Essa é a conclusão do relatório do programa CDP Cities 2016, feito pelo CDP (Carbon Disclosure Project), organização internacional que provê um sistema global único de reporte de impactos ambientais.

Este ano, 533 cidades (77 no Brasil) divulgaram dados relacionados ao clima através do CDP. A maioria dessas cidades identificou mais de mil oportunidades econômicas ligadas as mudanças climáticas, incluindo 299 municípios (28 no Brasil) que pretendem desenvolver novas indústrias de negócios, como, por exemplo, a tecnologia limpa.

O Rio de Janeiro conseguiu fornecer incentivos para tecnologias mais limpas através de novos regulamentos de construção. Um exemplo disso é o projeto Porto Maravilha, na zona portuária, que prevê incentivos fiscais para construções verdes (reuso de água, LEED, reciclagem e etc.).

“As cidades precisam de apoio para alavancar seus investimentos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE). O C40 lançou a infraestrutura financeira Finance Facility para preencher a lacuna entre a cidade e o setor empresarial, com o objetivo de promover projetos urbanos que reduzam as emissões de GEE. Agora, o relatório do CDP vai ajudar a catalisar mais ações climáticas. O Rio de Janeiro se comprometeu a reduzir 16% de suas emissões de GEE até 2016, 20% até 2020 e recentemente estabeleceu uma meta de neutralidade de carbono até 2065. Para atingir este objetivo, o Rio está investindo no transporte de alta capacidade e em uma nova gestão de resíduos, mas a cooperação do setor privado é fundamental para a cidade avançar ainda mais”, diz Rodrigo Rosa, assessor especial para o prefeito Presidente do C40.

Os dados divulgados deste ano também indicam que muitas cidades já estão buscando ativamente alianças com o setor privado em relação às mudanças climáticas: o relatório destacou um total de 720 projetos relacionados com as alterações do clima, que visam trabalhar em conjunto com o setor empresarial, no valor de US$ 26 bilhões. Cidades na África, América do Norte e América Latina mostram maior disposição para colaborar com setor privado, onde 72%, 62% e 54% das cidades, respectivamente, relataram que procuram por essas parcerias.

Alguns exemplos:

  • A Cidade do Cabo, na África do Sul, está buscando colaboração do setor privado em projetos de energia renovável, incluindo esquemas que permitam às empresas adquirir energia gerada por fontes eólicas, através de “certificados verdes”;
  • Denver, nos EUA, está buscando o envolvimento das empresas para encontrar novas tecnologias emergentes que permitam reduzir o consumo de energia em sua atual carteira municipal;
  • Quito, no Equador, está buscando US$ 800 milhões para entregar um projeto de gestão de resíduos e recursos hídricos, que incorpora a geração de energia renovável a partir de três usinas hidrelétricas, com capacidade instalada de 40 MW.

Os resultados fazem parte do It takes a city: The case for collaborative climate action, um novo relatório realizado pelo CDP e AECOM, e patrocinado pela Bloomberg Philanthropies. O relatório examina casos de negócios emergentes para a colaboração entre os governos municipais, empresas, investidores e governos regionais no combate às mudanças climáticas.

Outros dados importantes do reporte que ilustram o potencial das ações climáticas de colaboração entre as cidades e empresas:

  • As cidades que trabalham em colaboração com as empresas são mais propensas a terem metas de redução de emissões. Das 190 cidades com metas de redução das emissões de GEE, 74% estão trabalhando com as empresas;
  • O desenvolvimento de novas empresas e indústrias foi a oportunidade econômica mais citada pelas cidades este ano;
  • As três principais áreas de projetos relacionados com o clima para que as cidades busquem a colaboração do setor privado são: eficiência energética/retrofits, energia renovável e transporte.

As ações das cidades serão essenciais para alcançar os objetivos ambiciosos do Acordo de Paris. É interessante notar que mais de 7.000 cidades já assumiram compromissos através da Global Covenant of Mayors for Climate & Energy, a maior coalizão global de cidades sobre o clima. Uma pesquisa feita pelo C40 (Climate Leadership Group) destacou que em 75% dos casos onde as cidades não conseguem agir em relação às mudanças climáticas, a colaboração com parceiros, como o setor privado, é necessária. Isso, juntamente com o fato de que a construção de cidades de baixo carbono exigirá um investimento de trilhões de dólares, torna essencial a colaboração com o setor privado.

Maia Kutner, head do programa cities diz: “Nosso relatório indica que não é necessário que as cidades atuem sozinhas para minimizar os efeitos das mudanças climáticas. Elas estão reconhecendo que há um grande poder em números, e por isso se uniram para formar o grupoGlobal Covenant of Mayors for Climate and Energy, em junho deste ano. Em parceria com o setor privado, as cidades não só podem estimular o crescimento de novos mercados, como também podem reduzir ainda mais suas emissões. O combate às mudanças climáticas é uma oportunidade de negócio enorme. Chegou a hora das cidades aproveitarem essa oportunidade”.

Andreia Banhe Gerente do Programa Cities completa: “Encorajamos as empresas e investidores da América Latina a trabalharem mais efetivamente junto a sua comunidade local e estimulando-as aderirem uma agenda climática com o objetivo de tornar-se mais resiliente tanto para a permanências das empresas e a vinda de novos negócios para a região”.

Sobre o CDP
O CDP é uma organização internacional sem fins lucrativos que provê um sistema global único para que as empresas e cidades meçam, divulguem, gerenciem e compartilhem informações vitais sobre o meio ambiente. O CDP trabalha com as forças do mercado, incluindo 767 investidores institucionais, para motivar as companhias e as cidades a divulgarem seus impactos no meio ambiente, assim como suas ações para reduzi-los. Atualmente, o CDP possui o maior volume de informações sobre mudanças climáticas e água do planeta e procura colocar estes insights na pauta das decisões estratégicas, dos investidores e das decisões políticas.