CHAVES TERÁ O MESMO DESTINO DE EX-PREFEITOS EXORCIZADOS DA POLÍTICA?

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A maldição do vencedor

Por José Armando Bueno (*)

Quando vencer significa perder? Quando os custos financeiros, físicos, materiais da vitória não compensam os custos emocionais, psicológicos, éticos, morais. Este é o dilema que atormenta a “maldição do vencedor”, tema explorado pela escritora norte-americana, Dra. Marie Rutkoski, dentre outros autores. E este é o conflito enfrentado, cedo ou tarde, por todos os ex-prefeitos de Porto Velho, enterrados no cemitério do esquecimento eterno ou, quando vivos, derrotados pelo fracasso de suas ambições desmedidas ou gestões mal conduzidas, que não deixaram saudades ou que foram interrompidas. Mas a maldição do vencedor também ronda políticos de todos mandatos, de senador e governador, de deputados estaduais e federais a vereadores. Mas não é uma sina, e sim um mal que alucina aqueles cujo ego é maior que o corpo que lhe contém.

CABEÇA DE BURRO OU VODU?  |  A maldição do vencedor espreita a todos. Eu, você, o outro, qualquer um, pela própria natureza humana no contexto da competição, da negociação, das relações que envolvem dinheiro, autoridade, poder. E a maldição do vencedor é o fermento que espreita os prefeitos de Porto Velho desde sempre. A vida política muito curta ou interrompida é a tônica de todos eles. Tomás Correia, depois que foi prefeito, desistiu da carreira política após perder sucessivamente todas as eleições. Hoje é apenas uma peça decorativa no MDB.

Chiquilito Erse, depois do primeiro mandato, não concluiu o segundo ano do seu segundo mandato, abatido por uma doença fatal. José Guedes, que sucedeu Chiquilito Erse, ainda se debate sobre esqueletos e sonha o pesadelo de ser o candidato a governador pelo PSDB em 2018. Só ele acredita, se acredita.

Carlinhos Camurça, que terminou o segundo mandato de Chiquilito e reelegeu-se, está morto apesar de vivo.

Roberto Sobrinho ainda debate-se com seus esqueletos, e terá muitas dificuldades para retomar eventual protagonismo político.

Mauro Nazif, pré-candidato a deputado federal, poderá sofrer o revés de não ter fortalecido sua base em Porto Velho, aonde deixou sequelas quase incuráveis, além de ter transferido boa quantidade de poder para o irmão, que não é candidato. Não há cabeça de burro enterrada no Palácio Tancredo Neves, nem vodu feito para destruir seu ocupante, mas é certo que quem teve suas chaves, perdeu o rumo e o prumo.

O PENTÁGONO  |  O prefeito Hildon Chaves, iniciando seu segundo ano com as chaves do Palácio Tancredo Neves em mãos, ainda não perdeu o rumo, mas está fora do prumo. E estar fora do prumo na política, é ter grave falha de engenharia na construção do poder. Tem tempo para recuperar-se diante do enorme lastro criado quando foi eleito.

Sim, Hildon tem um crédito que nenhum outro teve, talvez e exceto Chiquilito Erse, mas cada um é cada um. A maldição do vencedor é a essência da química dos derrotados enquanto prefeitos de Porto Velho, que não souberam administrar suas carreiras diante da sedução do poder. Sim, o poder seduz e conduz  ao patíbulo aqueles que se inebriam do falso brilhante.

A vacina é o caráter bem construído, valores bem ancorados, projetos bem sustentados, foco e disciplina. Este pentágono (caráter, valores, projetos, foco, disciplina), sustenta-se de si e para si. Este é o desafio, não de Hildon Chaves, mas de qualquer político que consegue enxergar além de 2018, pois as relações políticas e de poder estão em mudança estrutural em todo o planeta. Mas a maldição do vencedor não é uma sina, e sim um mal que alucina aqueles cujo ego e ambição são maiores que o corpo que lhes contém. É o preço.

NANICOS  |  E vencer em 2018 será uma das maiores provas eleitorais desde a edição da nova Constituição em 1988, portanto há 30 anos. Será uma eleição aonde os blocos que encabeçam coligações terão de ser meticulosamente construídos, considerando não apenas os candidatos dos grandes e médios partidos, mas especialmente dos nanicos, que neste exato momento exercem forte poder gravitacional sobre novas lideranças. Esses novos líderes candidatos querem livrar-se do peso político e moral insustentável de algumas siglas, de olho no eleitor que está atento a tudo. Além disso, candidatos em mandato ou candidatos que já tiveram um mandato, também migram em insuspeito silêncio para siglas menores, como já ocorre no plano nacional. Até o dia 7 de abril todo o cenário partidário estará definido, e estas linhas vão confirmar este registro. A maldição do vencedor, portanto, é uma escolha e não uma fatalidade que deverá atingir indistintamente os candidatos. Quem sobreviver, verá.

(*) José Armando Bueno é jornalista e editor de A CAPITAL

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