CARTA DE TEMER, NA VERDADE FOI PARA RODRIGO MAIA (LEIA NA ÍNTEGRA)

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Temer vai a Porto Velho nesta quita, 23

BRASILIA- A carta que o presidente da República Michel Temer  enviou aos parlamentares ontem, também chegou à redação do jornal Mais RO. Temer a enviou a partir de São Paulo para deputados, senadores, imprensa, etc. Mas, o endereço nas entrelinhas é um só: Rodrigo Maia! O todo poderoso presidente da Câmara dos Deputados ensaia um golpe em cima do golpista mor. Leia a carta na íntegra:

 

Prezado Parlamentar.
A minha indignação é que me traz a você. São muitos os que me aconselham a
nada dizer a respeito dos episódios que atingiram diretamente a minha honra. Mas para
mim é inadmissível. Não posso silenciar. Não devo silenciar.
Tenho sido vítima desde maio de torpezas e vilezas que pouco a pouco, e agora
até mais rapidamente, têm vindo à luz.
Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar da
Presidência da República. Mas os fatos me convenceram. E são incontestáveis.
Começo pelo áudio da conversa entre os dirigentes da JBS. Diálogo sujo, imoral,
indecente, capaz de fazer envergonhar aqueles que o ouvem. Não só pelo vocabulário
chulo, mas pelo conteúdo revelador de como se deu toda a trajetória que visava a
impedir a prisão daqueles que hoje, em face desse áudio, presos se encontram.
Quem o ouviu verificou uma urdidura conspiratória dos que dele participavam
demonstrando como se deu a participação do ex-procurador-geral da República, por
meio de seu mais próximo colaborador, Dr. Marcello Miller.
Aquele se tornou advogado da JBS enquanto ainda estava na PGR. E, dela sendo
exonerado, não cumpriu nenhuma quarentena prevista expressamente no artigo 128,
parágrafo 6°, da Constituição Federal.
Também veio a conhecimento público a entrevista de outro procurador, Ângelo
Goulart Vilela, que permaneceu preso durante 76 dias, sem que fosse ouvido. Nela,
evidenciou que o único objetivo do ex-procurador-geral era “derrubar o presidente da
República”.
“Ele tinha pressa e precisava derrubar o presidente”, disse o procurador. “O
Rodrigo (Janot) tinha certeza que derrubaria”, afirmou. A ação, segundo ele, teria dois
efeitos: impedir que o presidente nomeasse o novo titular da Procuradoria-Geral da
República, e ser, ou indicar, o novo candidato a presidente da República. Veja que
trama.
Mas não é só. O advogado Willer Tomaz, que também ficou preso sem ser
ouvido, registrou igualmente em entrevista os fatos desabonadores em relação à conduta
do ex-procurador-geral.

 

Em entrevista à revista Época, o ex-deputado Eduardo Cunha disse que a sua
delação não foi aceita porque o procurador-geral exigia que ele incriminasse o
presidente da República. Esta negativa levou o procurador Janot a buscar alguém
disposto a incriminar o Presidente. Que, segundo o ex-deputado, mentiu na sua delação
para cumprir com as determinações da PGR. Ressaltando que ele, Funaro, sequer me
conhecia.
Na entrevista, o ex-deputado nega o que o dirigente-grampeador, Joesley Batista,
disse na primeira gravação: que comprara o seu silêncio.
No áudio vazado por “acidente” da conversa dos dirigentes da JBS,
protagonizado por Joesley e Ricardo Saud, fica claro que o objetivo era derrubar o
presidente da República.
Joesley diz que, no momento certo, e de comum acordo com o Rodrigo Janot, o
depoimento já acertado com Lúcio Funaro “fecharia a tampa do caixão”. Tentativa que
vemos agora em execução.
Tudo combinado, tudo ajustado, tudo acertado, com o objetivo de: livrar-se de
qualquer penalidade e derrubar o presidente da República.
E agora, trazem de volta um delinquente conhecido de várias delações premiadas
não cumpridas para mentir, investindo contra o presidente, contra o Congresso
Nacional, contra os parlamentares e partidos políticos.
Eu, que tenho milhares de livros vendidos de direito constitucional, com mais de
50 anos de serviços na universidade, na advocacia, na procuradoria e nas secretarias de
Estado, na presidência da Câmara dos Deputados e agora na Presidência da República,
sou vítima de uma campanha implacável com ataques torpes e mentirosos. Que visam a
enlamear meu nome e prejudicar a República.
O que me deixa indignado é ser vítima de gente tão inescrupulosa. Mas estes
episódios estão sendo esclarecidos.
A verdade que relatei logo no meu segundo pronunciamento, há quase cinco
meses, está vindo à tona. Pena que nesse largo período o noticiário deu publicidade ao
que diziam esses marginais. Deixaram marcas que a partir de agora procurarei eliminar,
como estou buscando fazer nesta carta.
É um desabafo. É uma explicação para aqueles que me conhecem e sabem de
mim. É uma satisfação àqueles que democraticamente convivem comigo.
Afirmações falsas, denúncias ineptas alicerçadas em fatos construídos
artificialmente e, portanto, não verdadeiros, sustentaram as mentiras, falsidades e
inverdades que foram divulgadas. As urdiduras conspiratórias estão sendo expostas. A
armação está sendo desmontada.
É preciso restabelecer a verdade dos fatos. Foi a iniciativa do governo, somada
ao apoio decisivo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que possibilitou a
retomada do crescimento no país.

 

Quando se fala que a inflação caiu, que os juros foram reduzidos, que fomos
capazes de liberar as contas inativas do FGTS e agora de antecipar as idades para
percepção do PIS/Pasep, tudo isso tem um significado: impedir o aumento de preços,
valorizar o salário e melhorar a vida das pessoas.
Quero acrescentar o que fizemos na área social. No Bolsa Família, por exemplo.
Quando assumimos aumentamos em 12,5% seu valor. E zeramos a fila daqueles que
nele queriam ingressar.
Mas nós não queremos que os que estão no Bolsa Família nele permaneçam
indefinidamente. Queremos que progridam. Por isso lançamos o programa Progredir,
com participação dos bancos públicos e da sociedade civil com vistas a incluí-los
positivamente na sociedade.
Nenhum programa social foi eliminado ou reduzido. O Brasil não parou, apesar
das denúncias criminosas que acabei de apontar.
O Brasil cresceu e vem crescendo. Basta verificar os investimentos estrangeiros
e o interesse acentuado pelas concessões e privatizações que estamos corajosamente a
realizar.
E a agenda de modernização reformista do País avança com o teto de gastos
públicos, lei das estatais, modernização trabalhista, reforma do ensino médio, proposta
de revisão da Previdência, simplificação tributária.
Em toda a minha trajetória política a minha pregação foi a de juntar os
brasileiros, de promover a pacificação, de conversar, de dialogar. Não acredito na tese
do “nós contra eles”. Acredito na união dos brasileiros.
O que devemos fazer agora é continuar a construir, juntos, o Brasil. Com
serenidade, moderação, equilíbrio e solidariedade.
Na certeza de que a verdade dos fatos será reposta, agradeço a sua atenção.

Atenciosamente,

MICHEL TEMER

Presidente da República